DA REDAÇÃO
COM TRT
Sozinho, sem família e sem conseguir se comunicar em Português, o pedreiro haitiano Clenor Fevry procurou a Justiça do Trabalho no mês passado para conseguir receber seus direitos. Dificuldades como a falta de intérprete de Francês no Tribunal e a impossibilidade de pagamento imediato para o trabalhador foram superadas com a solidariedade da servidora Bruna Faversani, que fez a tradução da audiência, e do advogado Edmar Costa, que mesmo sem nenhuma relação com o processo pagou em parcela única os valores do acordo.
Durante a audiência ficou evidente as condições precárias na qual o trabalhador vivia no Brasil. Segundo a juíza que conduziu a audiência na 1ª Vara, Bianca Doricce, ele já estava com o fornecimento de água cortado e com as contas de luz e aluguel atrasados. Sozinho em um país desconhecido, o trabalhador buscava resolver essas pendências para retornar ao Haiti, para onde sua mulher e filho já haviam retornado.
O trabalhador foi contratado como pedreiro no dia primeiro de maio de 2015 e demitido sem justa causa após um mês, mesmo sem haver terminado seu contrato de experiência. A empresa que o contratou não pagou o salário referente ao mês trabalhado nem a multa por ter encerrado seu contrato de trabalho de forma antecipada.
Durante a audiência os valores devidos ao trabalhador foram fixados em R$ 2.500. A situação sub-humana vivida pelo haitiano comoveu o advogado Edmar Costa, que não tinha relação com este processo e que aguardava o horário de sua audiência. Disposto a ajudar, o advogado foi à agência bancária do Tribunal e sacou o valor total do acordo para fazer o pagamento em parcela única para o trabalhador haitiano, assumindo os riscos de receber os valores da empresa.
O advogado conta que se emocionou ao descobrir que o trabalhador haitiano já estava com a passagem comprada para o Haiti e só precisava receber o valor do acordo para poder reencontrar a família. “Ele estava com o acordo fechado, não tinha conta bancária e o impasse para o pagamento estava se estendendo. Assim como ele também tenho uma filha menor. Me comovi e fiquei muito feliz em ajudar”, conta.
A falta de um intérprete de Francês no tribunal poderia ter prolongado o sofrimento do trabalhador, entretanto, com a ajuda para a tradução da servidora da Secretaria Geral da Presidência, Bruna Faversani, a audiência foi realizada com sucesso na 1ª vara de Cuiabá. Bruna, que trabalha no Tribunal desde 2013, é formada em Letras e estudou Francês em Londrina (PR).
Sempre solícita para ajudar com a comunicação, a servidora conta que se sentiu satisfeita em poder ajudar uma pessoa que necessitava de uma resposta rápida do Judiciário. “Foi muito gratificante ajudar alguém a conseguir seus direitos sem demora. No ano passado havia alguns terceirizados da manutenção predial e da limpeza que também vieram do Haiti, e em algumas ocasiões eu também pude ajudá-los na comunicação”, contou.
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