LISLAINE DOS ANJOS
DO MIDIANEWS
As obras dos Centros Oficiais de Treinamento (COTs) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, e da Barra do Pari, em Várzea Grande estão paralisadas desde o dia 9 deste mês, por conta de um impasse entre os 240 operários dessas obras e os consórcios responsáveis pelos projetos, ambos liderados pela empresa Engeglobal Construções Ltda.
Os trabalhadores ingressaram, na sexta-feira (18), com duas ações coletivas na Justiça do trabalho – uma por assédio moral, assinada por pouco mais de 100 funcionários, e outra de obrigação de fazer, por intermédio do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (Sintraicccm) – e reclamam de irregularidades trabalhistas nos dois canteiros de obras.
No dia 9, eles chegaram a dar início a uma greve, que durou poucas horas, até os dois consórcios tomarem a decisão de “liberar” os trabalhadores das duas obras.
"Eles praticam o assédio: ou você aceita as condições impostas pela empresa ou pede as contas"
“Mas eles não retornaram ao trabalho em nenhum dos COTs. Depois que ajuizaram as ações na sexta-feira, todos, tanto os que processam por assédio e querem justa causa quanto os que querem o cumprimento das leis trabalhistas, não são obrigados a retornarem ao trabalho. Agora, deve-se esperar os encaminhamentos da Justiça”, disse o sindicalista.
Irregularidades
Os operários reclamam de irregularidades trabalhistas, como retenção de carteira de trabalho, desvio de função, atraso no pagamento e redução da remuneração mensal, bem como o não depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Muitos funcionários também reclamam de descontos indevidos no holerite e de uma suposta tentativa das empresas em forçar os empregados a pedirem demissão.
Esse é o caso, por exemplo, de 28 carpinteiros que, sem mais trabalhos a serem realizados na obra, são obrigados a passarem o dia desocupados, já que a empresa se recusa a dispensá-los.
Divulgação |
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Trabalhadores estão fora dos canteiros de obras dos Centros de Treinamentos desde o dia 9 passado |
“Eles praticam o assédio: ou você aceita as condições impostas pela empresa ou pede as contas”, disse Santana.
Outro problema seria o anúncio feito pela empresa de que, a partir de agosto, não mais pagará o percentual referente à produção mensal, fazendo apenas o pagamento do piso salarial assinado na carteira. Com isso, a remuneração de alguns funcionários cairia até 80%.
Com isso, o ganho médio dos carpinteiros, por exemplo, que é de R$ 2,3 mil (com produção) cairia para R$ 1,1 mil.
Obras
Orçados em mais de R$ 44 milhões, os dois centros ainda possuem trabalhos a serem feitos e tinham prazo reajustado de entrega agendado para 31 de agosto, conforme cronograma elaborado pela Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) e apresentado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O mais adiantado é o COT da UFMT, que chegou a ser usado para treino de duas seleções durante a Copa do Mundo e pelo time do Santa Cruz, que enfrentou o Vasco na semana passada.
Com 70% da obra concluída, ele começa a receber alguns retoques finais na parte interna da estrutura, como a execução dos serviços de acabamento nos vestiários para instalação das louças dos banheiros.
Orçada em R$ 17,3 milhões, a obra deveria ter sido concluída no ano passado e teve seu prazo de entrega reajustado por, pelo menos, quatro vezes. A obra é executada pelo Consórcio Campus Universitário, formado pelas empresas Engeglobal Construções Ltda. e a Três Irmãos Engenharia Ltda.
Edson Rodrigues/Secopa |
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COT da UFMT, com 70% dos serviços concluídos, foi o único usado até hoje |
A obra deveria ter sido concluída, de acordo com o último prazo prometido, em abril passado. Quem executa o projeto é o Consórcio Barra do Pari, formado pela Engeglobal, Três Irmãos e Valor Engenharia.
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