LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
A juíza Alethea Assunção Santos, titular da 3ª Vara da Comarca de Pontes e Lacerda (450 km de Cuiabá), rebateu, em coletiva de imprensa, as críticas feitas pelo vereador Ivanildo Amaral (PSD), que disparou acusações contra ela, a subseção da OAB no município e advogados da região.
Ele afirmou na tribuna da Câmara Municipal, no início do mês, que Alethea o teria feito esperar por horas em audiências realizadas no fórum durante oitiva, em que era testemunha. Ele chegou a dizer que a magistrada teria ido “fazer os cascos” pela demora em ouví-lo (leia AQUI).
A magistrada explicou que, em uma das audiências, Ivanildo foi convocado como testemunha de defesa em uma carta precatória oriunda de São José do Rio Preto (SP) e, além dele, outras 13 testemunhas foram prestar depoimento na ocasião.
“As testemunhas são ouvidas sequencialmente e o vereador, infelizmente, foi uma das últimas, senão a última testemunha a ser ouvida. Quatorze corpos não vão ocupar o mesmo lugar no espaço”, disse Alethea, ao citar a Lei da Impenetrabilidade, formulada pelo físico inglês Isaac Newton.
Para a juíza, a atitude do parlamentar, que agora figura como secretário de saúde municipal, demonstrou que o mesmo ficou insatisfeito por não ter recebido privilégios durante a audiência.
“Eu imagino que talvez o nobre vereador tenha ficado ofendido pelo fato de não ter sido dado a ele um tratamento diferenciado. Mas, isso ocorreu, justamente, porque no Poder Judiciário nós damos um tratamento igualitário a todos os cidadãos, independentemente do cargo que ocupam”, rebateu.
Tentativa de conciliação
Uma conversa informal entre a juíza, o vereador e a presidente da subseção da OAB, Janete Garcia, foi realizada no fórum, na última sexta-feira (16), para esclarecer os fatos.
“Nessa oportunidade em que nós conversamos, o vereador pediu desculpas a mim e me apresentou um documento endereçado ao Tribunal de Justiça, em que se desculpou e pediu para que o TJ desconsiderasse a reclamação feita contra mim”, revelou.
Na conversa, Ivanildo teria admitido que “cometeu um equívoco”, ao achar que quem estava a conduzir a audiência era uma serventuária da Justiça.
“Obviamente o vereador não me conhece e entendeu que aquela pessoa não seria a magistrada, mas, obviamente, era eu que estava conduzindo a audiência”, disse.
No entanto, para a imprensa de Pontes e Lacerda, a magistrada assegurou que o pedido de desculpas “é insuficiente para desfazer esta horrível ofensa” e as providências contra o vereador serão tomadas pela Associação Mato-grossense de Magistrados, que já emitiu nota de repúdio contra a atitude de Ivanildo (leia AQUI).
“Estou esperando uma retratação pública que o vereador me afirmou que tem hombridade para realizar, e assim desfazer o equívoco”, finalizou.
Outro Lado
A reportagem tentou contato com o vereador, mas não foi localizado.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.