LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O inquérito que acusa o deputado federal Júlio Campos (DEM-MT) de supostamente ter se envolvido em um esquema que visava o desvio de verbas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, juntamente com o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, está concluso ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A denúncia foi feita pelo Ministério Público Federal no início de agosto, o que levou Zavascki a determinar a quebra do sigilo bancário de Julio Campos e sua filha, Consuelo Campos, no dia 20 do mesmo mês.
De acordo com os autos, o objetivo do esquema seria financiar campanhas eleitorais com o dinheiro desviado da Assembleia.
As acusações sobre o deputado foram feitas, segundo o MPF, pelo empresário Nilson Roberto Teixeira, apontado pelo Ministério Público como "ex-homem forte" das factorings de João Arcanjo Ribeiro.
As acusações teriam sido feitas durante depoimento em ação penal que responde, junto com outros réus, entre ele João Arcanjo Ribeiro, pelos crimes contra o sistema financeiro, lavagem de capitais e formação de quadrilha.
O esquema
Nilson teria dito que Júlio Campos teria envolvimento em um esquema de desvio de verba da Assembleia para financiar campanha do ex-governador Dante Martins de Oliveira (PSDB) e dos deputados estaduais Valter Albano (atual conselheiro do TCE) e Carlos Avalone Júnior, em 1998. Além de Campos, Nilson Teixeira relatou o envolvimento de Ubiratan Spinelli.
Em seu depoimento no inquérito, Júlio Campos negou qualquer participação com o esquema. Ele disse que vendeu uma casa localizada em Cuiabá para João Arcanjo, em 1998. O valor do imóvel foi de R$ 150 mil.
Ainda de acordo com ele, o pagamento não se deu de uma só vez, mas em parcelas, sendo que a primeira foi de R$ 58.500,00. Segundo o MPF o valor consta de um relatório apresentado pelo Banco Central.
Entretanto, o MPF apontou que, segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o deputado teria movimentado R$ 2,3 milhões, entre janeiro de 2003 e dezembro de 2004, com 20 operações de venda de imóveis para Word News Participações Ltda. (controlada pela South Fall Development, sediada nas Ilhas Virgens) e a venda do terreno a João Arcanjo.
Segundo o MPF, também foi informado pelo Coaf que a filha de Júlio Campos, Consuelo Maria Pinto Campos, também teria movimentado, no mesmo período, o valor de R$ 1,6 milhão em sua conta corrente.
Contudo, de acordo com o ministério, a renda mensal declarada por Consuelo era de R$ 3,6 mil.
Em dezembro de 2004, a filha do deputado recebeu um depósito de R$ 1,5 milhão de Oswaldo Simões Sério (ex-proprietário da casa de carne Cador Ltda., aberta em 1983 e fechada em janeiro de 1984) e da Madereira Aguapey Ltda. (aberta em 1985 e fechada em 1991).
Desse valor, segundo o MP, ela teria transferido R$ 94 mil para VR Fomento Mercantil, de propriedade de Valdir Piran; R$ 250 mil para JVP Factoring; R$ 103 mil para Invest Fomento Mercantil; e R$ 93 mil para Madereira Madecris Ltda.
O MPF concluiu que “as movimentações financeiras atípicas de Júlio Campos e de sua filha são incompatíveis com os seus rendimentos mensais e com os cargos que exercem. À época dos fatos, Júlio Campos era conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso e sua filha era assessora do Senado Federal”.
“As movimentações relatadas pelo Coaf, em uma análise superficial, têm correlação com João Arcanjo, pois os depósitos feitos por Consuelo tiveram como destinatária a empresa de factorin de Valdir Piran, pessoa de confiança de João Arcanjo”, disse o MPF, em relatório.
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