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VARIEDADES Sexta-feira, 21 de Agosto de 2015, 10:29 - A | A

21 de Agosto de 2015, 10h:29 - A | A

VARIEDADES / "DELIVERY"

Delator diz que Roseli recebeu R$ 40 mil no apartamento dela

Paulo Lemes diz que valor, referente a "adiantamento", foi entregue por Rodrigo de Marchi

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO



A ex-primeira dama Roseli Barbosa, presa preventivamente nesta quinta-feira (20) em São Paulo, pelo Gaeco, teria recebido R$ 40 mil de propina em seu próprio apartamento, em um edifício de luxo no Jardim das Américas, em Cuiabá.

A informação é do empresário Paulo Lemes, também acusado de participar de um esquema de desvio de R$ 8 milhões na Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social), entre os anos de 2012 e 2013.

Ele fez delação premiada, para obter benefícios da Justiça, e prestou depoimento no dia 29 de junho deste ano, no âmbito das investigações da Operação Arqueiro. O MidiaNews teve acesso ao conteúdo da delação.

O empresário contou aos promotores de Justiça do Gaeco, órgão do Ministério Público Estadual (MPE) que, antes de ser efetivado um convênio, em que parte do valor pago seria desviado para os integrantes do esquema, ele fez um “adiantamento” de R$ 40 mil a Roseli

"Os R$ 40.000,00 foram para Roseli. Eu entreguei (o valor) para o Rodrigo e ele levou ao apartamento dela. Esses valores se referiam ao adiantamento que fiz a eles antes da liberação dos valores do lucros, e que depois foi abatido no lucro que eu deveria passar para eles"

Barbosa.

Segundo ele, o valor foi entregue ao então assessor especial da Setas, Rodrigo de Marchi, que teria levado um envelope à residência da ex-primeira-dama. Marchi também foi preso na quinta-feira.

“Os R$ 40.000,00 foram para Roseli. Eu entreguei (o valor) para o Rodrigo e ele levou ao apartamento dela. Esses valores se referiam ao adiantamento que fiz a eles antes da liberação dos valores do lucros, e que depois foi abatido no lucro que eu deveria passar para eles”, revelou.

Desde o início do esquema, de acordo com o empresário e delator, todos os valores pagos a Roseli sempre eram, primeiramente, entregues a Rodrigo de Marchi, que fazia o repasse à ex-primeira-dama.

"Não têm pendência?"


Lemes contou aos promotores que tinha convicção de que o dinheiro das propinas eram sempre entregues à Roseli. Em algumas ocasiões, ele disse que perguntava a ela: “Essa questão nossa, aí, está tudo certo, né? Não tem nenhuma pendência não?”.

O empresário ressaltou que ela nunca reclamava, indício de que o dinheiro estaria chegando às suas mãos.

Trecho da delação premiada relata: “Numa reunião da Setas, Roseli pediu para o interrogando parte do lucro, e o interrogando aceitou repassar. Ela deixou claro que o repasse teria que ser feito pelo Rodrigo, que cuidaria disso por ela, e ela nunca reclamou que o Rodrigo pudesse não estar repassando o dinheiro”, disse ele.

Na delação, ele contou que , via de regra, o lucro obtido com os desvios era repartido da seguinte maneira: 40% para Roseli Barbosa, 36% para ele e os 24% restantes eram divididos entre o assessor de Roseli, Rodrigo de Marchi, e o empresário Nilson da Costa e Faria.

Veja trecho da delação sobre o "adiantamento":



Prisões

Na tarde desta quinta-feira (20), o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) efetuou, na tarde desta quinta-feira (20), a prisão da ex-primeira dama e ex-secretária da Setas, Roseli Barbosa, e do ex-chefe de gabinete do então governador Silval Barbosa, Silvio Cezar Correa Araújo.

Também foi preso Rodrigo de Marchi, assessor especial de Roseli Barbosa na gestão passada, e o empresário Nilson da Costa e Faria. As prisões fazem parte da 2ª fase da Operação "Arqueiro", denominada "Ouro de Tolo".

Assim como a ex-primeira-dama, Silvio Araújo, Rodrigo de Marchi e Nilson Faria são apontados pelo Gaeco como os líderes da quadrilha que teria desviado pelo menos R$ 8 milhões da Setas, em esquema fraudulento ocorrido entre 2012 e 2013.

Os mandados de prisão foram autorizados pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, em decisão que está sob sigilo. A magistrada ainda determinou o o sequestro judicial de inúmeros bens imóveis pertencentes aos réus.

No total, 32 pessoas são acusadas de integrar o esquema de fraudes e desvio de dinheiro.

A denúncia


Na ação penal, o Gaeco narra que a Setas contratou a empresa Microlins e os Institutos de Desenvolvimento Humano (IDH/MT) para executar programas sociais referentes ao “Qualifica Mato Grosso”, “Copa em Ação”, entre outros através do uso e “laranjas”. A qualidade desses cursos também é questionada.

As investigações começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovido pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social.

Em um dos casos exemplificados pelo MPE, a pessoa contratada para elaboração do conteúdo das apostilas possuía apenas o Ensino Médio completo. Em seu depoimento, a jovem confessou que recebeu pelo serviço a quantia de R$ 6 mil e que copiou todo o material da internet.

Roseli figura no pólo passivo da ação, junto ao atual secretário de Assistência Social, Jean Estevan Campos Oliveira, adjunto na ocasião do esquema, bem como a secretária adjunta da Setas Vanessa Rosin Figueiredo e o ordenador de despesas por delegação, Rodrigo de Marchi.

De acordo com informações da assessoria do Ministério Público Estadual, a denúncia aponta o empresário Paulo César Lemes como líder da organização. Segundo o MPE ele atua no ramo de cursos profissionalizantes e é proprietário dos institutos sem fins lucrativos IDH, Concluir e INDESP, entes jurídicos que estariam sendo utilizados na prática de crimes contra a administração pública.

Segundo o MPE, nos últimos dois anos, a empresa Microlins e os Institutos de Desenvolvimento Humano (IDH/MT) e Concluir receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais referentes ao “Qualifica Mato Grosso”, “Copa em Ação”, entre outros.

Para obterem êxito nas contratações, nomes de “laranjas” foram utilizados pelos fraudadores. A qualidade dos cursos oferecidos também está sendo questionada.

Investigações realizadas pelo Gaeco em conjunto com o Núcleo de Ações de Competência Originária da Procuradoria Geral de Justiça (Naco) apontaram a existência de provável conluio entre servidores lotados na Setas e Institutos sem fins lucrativos para fraudes em licitações e convênios. As investigações começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovido pelo Governo do Estado.

Os crimes imputados são: constituição de organização criminosa, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e outros. Além da condenação criminal, o MPE pediu a devolução dos valores subtraídos, condenação por dano moral coletivo, suspensão de pagamentos de contratos firmados entre as empresas e a SETAS além de proibição de celebração de novos contratos, indisponibilidade de bens dos denunciados e afastamento dos sigilos bancário e fiscal.

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