DA REDAÇÃO E DO UOL
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta quarta-feira (16), em entrevista à GloboNews, que a delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) relatou crimes de “todos os níveis”.
"Depois da quebra do sigilo, todos poderão concordar com minha afirmação", disse, referindo-se ao termo “monstruosa”, que ele empregou para classificar a delação do ex-governador.
Silval Barbosa, que governou o Estado de 2010 a 2014, foi preso na Operação Sodoma, acusado de liderar um esquema de recebimento de propina em troca de incentivos fiscais.
Desde junho, o político cumpre pena em regime domiciliar, por ter pago multa de R$ 46,6 milhões e confessado uma série de crimes.
A entrevista foi dada ao apresentador Roberto D’Ávila.
Fux ainda disse achar ser possível se "repensar" a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas privadas, desde que estas o façam de acordo com a sua "ideologia".
"Eu, particularmente, muito embora tenha sido relator do financiamento de campanha, entendo que hoje seja possível repensar esse financiamento por pessoa jurídica de direito privado desde que ela o faça de acordo com a sua própria ideologia. Vetamos o financiamento de campanha por empresa privada porque elas não tinham ideologia nenhuma, doavam para todas os candidatos, e, o que é pior, exigiam contrapartida", afirmou o ministro.
O STF decretou o fim das doações de empresas em setembro de 2015, quando passou a ser permitido apenas o financiamento por pessoa física ou por recursos de fundo partidário (públicos, em sua maior parte).
Atualmente, a Câmara discute a criação de um fundo público no valor R$ 3,6 bilhão para financiar campanhas já a partir de 2018.
"Algumas questões precisam ser efetivamente alteradas para terminar com esse caldo de cultura tão nefasto que nós temos assistido, que é absolutamente inaceitável. É preciso que haja uma purificação desse ambiente político, e em todos os segmentos em geral, e isso se faz através de criação de mecanismos capazes de gerar uma política mais limpa do que se tem feito", disse o ministro, que assumirá a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em fevereiro de 2018.
Mandato de dez anos
Sobre a limitação do mandato dos ministros do STF a dez anos, que consta no relatório da reforma política apresentado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) na Câmara, Fux diz não achar a ideia ruim.
"É bastante razoável e gera oxigenação do Tribunal, da jurisprudência. Gera desapego ao cargo, porque estamos [no STF] não para nos servir, mas para servir o país", disse.
Ele também chamou de inaceitável o recebimento por juízes de altos valores como remuneração - nesta semana, causou indignação o recebimento por um juiz de Mato Grosso um contracheque de mais de R$ 500 mil.
"Eu tenho uma vontade, que vou realizar, de convocar o colégio de presidentes dos tribunais, porque eu acho que, se uma instituição deve dar exemplo, é a instituição da magistratura", afirmou
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