MIKHAIL FAVALESSA
Da Redação
Os candidatos ao governo Mauro Mendes (União) e Marcia Pinheiro (PV) discutiram a questão da fome em Mato Grosso durante o debate na TV Centro América, realizado na noite de terça-feira (27). No debate desta quinta-feira (29) o assunto voltou à tona e foi debatido novamente por Márcia e Mauro.
Marcia citou dados que indicam mais de 2 milhões de cidadãos em insegurança alimentar, e Mauro afirmou que a declaração estava desconectada da realidade. Em coletiva à imprensa depois do debate de terça-feira, Mauro Mendes afirmou que os números citados por Marcia seriam "exercício retórico".
"Teve um candidato que disse que tem 2 milhões de pessoas em vulnerabilidade alimentar, ou seja, não está conseguindo comer direito. Nós temos 3,5 milhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população do Estado, a cada duas, uma está passando fome. Olha que doidura. E falou isso quatro vezes no debate. Chega a ser ruim para a gente e para o próprio cidadão saber que se está debatendo com pessoas que estão totalmente desconectadas com a verdade e com a realidade", afirmou.
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Marcia Pinheiro reafirmou as informações trazidas durante a discussão, transmitida ao vivo na TV aberta. Ela destacou que os dados são da Rede PENSSAN.
"Eu gostaria de viver nesse Estado que o atual governador mostra para a sociedade. São 2 milhões de pessoas, literalmente, em insegurança alimentar, mais 600 mil pessoas passando fome. Não sou eu que estou falando. Gostaria que fosse fake news, mas não é fake news. São dados de um instituto nacional renomado, onde inclusive tem falas da própria secretária da Setasc fala esses mesmos dados em Mato Grosso. Como nós chegamos em um Estado tão rico e as pessoas tão pobres. Mendingando.", declarou.
Conforme checado pelo Midiajur, Marcia fez referência ao Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSSAN.
A pesquisa avaliou 457 pessoas em Mato Grosso e indicou que apenas 36,8% da população do estado está em "segurança alimentar". O percentual corresponderia a 1,3 milhão dos 3,5 milhões de habitantes, segundo a estimativa populacional do IBGE para 2022.
O levantamento, porém, coloca gradações em relação à insegurança alimentar, entre leve, moderada e grave. A "leve" é relativa a "preocupação ou incerteza" sobre o acesso de alimentos e qualidade inadequada; a "moderada" diz sobre "redução quantititavia de alimentos e/ou ruptura nos padrões de alimentação"; e "grave" é relativa diretamente à fome, sobre a falta de comer por falta de dinheiro.
Nesses quesitos, Mato Grosso tem 31,1% em insegurança alimentar leve; 14,4% em insegurança alimentar moderada; e 17,7% em insegurança alimentar grave. A candidata Marcia Pinheiro somou todos esses percentuais para chegar aos 2,2 milhões de habitantes em "insegurança alimentar".
ÚLTIMO DEBATE ELEITORAL - A fome voltou a ser tema levantado pelos candidatos no último debate eleitoral em programa televisivo, realizado pela TV Vila Real, entre o final da manhã e início da tarde desta quinta-feira (29).
Quem provocou este tema foi a primeira-dama Márcia em uma pergunta direta para Mauro Mendes, citando novamente os dados da fome em Mato Grosso e perguntando em seguida o que o atual governador pretende fazer para acabar com o problema. O candidato à reeleição volta a destacar que Márcia usa dados incorretos e que tem uma assessoria desprarada. Disse também que a realidade de Mato Grosso não é como ele apresenta.
Em seguida, Márcia menciona o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que irá acabar com a fome no Estado com a ajuda dele. A candidata volta a usar por diversas vezes o petista neste sentido e usar o tópico da fome para atacar Mauro. Em uma das ocasiões, chega a citar o enriquecimento do patrimônio do governador.
Moisés e Ritela também citaram a fome durante suas respostas, não como foco predominante de seus discursos, mas apenas destacando que tal situação é inaceitável e que "é necessário combatê-la".
O último debate eleitoral foi marcado por diversas trocas de farpas, que foram se agravando ao longo do programa, sendo necessário a intervenção por diversas do apresentador e jornalista Antonio Carlos.
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