LAICE SOUZA
DA REDAÇÃO
Em entrevista exclusiva ao MidiaJur, na reta final da campanha que vai escolher o novo presidente da OAB, Seccional Mato Grosso, o candidato da situação, Maurício Aude, que encabeça a Chapa 01, afirma que manteve a campanha dentro de um bom nível, apresentando propostas para a classe dos advogados. Entretanto, ressaltou que, do outro lado, a Chapa 02 baixou o nível da campanha, fazendo críticas infundadas e partindo, inclusive para ataques pessoais.
“É lamentável que outros candidatos, principalmente, o candidato da Chapa 02, José Moreno, tenha lançado mão de alguns ataques. Quase todos os dias têm uma acusação infundada, mas, estamos em um momento de democracia e temos que respeitar esse estilo de se fazer campanha, apesar de discordar, mas respeito”, destacou.
Ainda segundo Maurício Aude, um dos ataques recentes ressuscitou um caso antigo, em que ele teria sido advogado de um juiz contra a OAB, e trouxe fatos que não seriam condizentes com a verdade. Além disso, Aude destacou que a Chapa 02 tem como conselheiro federal um advogado que defende um juiz que foi alvo de desagravo por parte da OAB.
"Eu não consigo entender coerência em um candidato à presidência que quer escolher quem pode ser cliente de outro advogado. Ainda que tudo isso não fosse verdade, nós estaríamos, Chapa 01 e Chapa 02, na mesma situação. Porque um candidato ao Conselho Federal da Chapa 02 é advogado de um juiz que durante essa gestão ameaçou a advogada Soraide, diretora da OAB de Sinop. Todos sabem desse episódio”, ressaltou.
O candidato falou ainda ao Midiajur sobre os rumos da campanha nessa reta final, que deverá intensificar o corpo-a-corpo com advogados na Capital e diz que a campanha não foi milionária, ao contrário do divulgado por um dos candidatos a sucessão.
Veja os principais trechos da entrevista.
MidiaJur – Candidato como está a campanha nessa reta final?
Maurício Aude – Acho que a campanha foi muito boa. Nós tivemos oportunidade de visitar muitos escritórios e órgãos públicos na Capital e em Várzea Grande. No interior nós visitamos todos os polos e houve uma cooperação muito grande de nossos apoiadores, enquanto estávamos no interior tinha outros apoiadores em outras cidades. Isso mostra a união muito grande daqueles que apoiam a Chapa 01. Esse contato foi muito bom, de ouvir os advogados, as propostas e a receptividade foi muito boa também. Nós temos poucos dias úteis para a eleição e são dias para intensificar a campanha e mostrar o que já fizemos pela Ordem e quais as nossas propostas para o futuro.
MidiaJur – Agora nesse momento da campanha parece que os ânimos estão mais acirrados entre os candidatos. O senhor sente isso?
Maurício Aude – A primeira entrevista que eu dei depois da minha indicação como candidato a presidente, foi para o MidiaJur e eu fiz questão de dizer que acreditava, e continuo acreditando, que todo advogado que se coloca a disposição para ser candidato a presidente da Ordem tem que ter a responsabilidade durante a campanha, de fazer uma campanha limpa e sem ataques pessoais. Eu acredito que nós chegamos a essa reta final de campanha tendo sido responsáveis com o trato com os outros candidatos e com a classe, que não quer ver candidatos a presidente da OAB se atacando mutuamente. Mas, é lamentável que outros candidatos, principalmente, o candidato da Chapa 02, tenha lançado mão de alguns ataques. Quase todos os dias têm uma acusação infundada, mas estamos em um momento de democracia e temos que respeitar esse estilo de se fazer campanha, apesar de discordar, mas respeito.
MidiaJur – Porque nessa reta final a campanha parte para esse tipo de confronto?
Maurício Aude – Acho que é mais um estilo de fazer campanha mesmo. Nós nos propusermos a fazer uma campanha de diálogo com as advogadas e advogados. Em nenhum momento nós fizemos ataques pessoais que visassem manchar a dignidade de outros candidatos. Acho que foi o estilo escolhido e, quem pode responder isso com mais propriedade, é quem elegeu esse estilo de campanha.
MidiaJur – Nesses ataques que a sua candidatura tem recebido, um deles trata de um contrato que o senhor teria realizado com um magistrado contra um ato de desagravo feito pela Ordem e depois sua esposa teria assumido o caso quando o senhor se tornou vice-presidente. O que há de verdade nessa denúncia?
Maurício Aude – Essa é uma matéria requentada, ressuscitada e inverídica. Essa ação foi proposta em 2004. O juiz me procurou eu analisei e vi a possibilidade de uma ação a ser proposta e propusemos a ação. Em 2009, quando fui convidado a ser candidato a vice-presidente, para que não houvesse incoerência, eu substabeleci os poderes que tinha para outros advogados. Tomei conhecimento, inclusive, que esses advogados já substabeleceram para um terceiro. Eu quero deixar claro que minha esposa não assinou nenhuma petição nesse processo, não conduziu esse processo, ela não conhece esse advogado. Temos uma certidão em que a minha esposa pediu o cancelamento da inscrição dela como advogada em janeiro de 2005 e, qual que é a consequência do cancelamento da OAB? Ela perde todos os poderes em qualquer processo que tenha participado. Apesar dela ter restabelecido em 2007 a carteira, até por segurança jurídica, ela não volta a ser advogada nos processos. Então, é importante ressaltar que, ou existe má informação, ou, existe má intenção em dizer isso. E, outra questão importantíssima em dizer é que a advocacia não admite patrulhamento. Eu não consigo entender coerência em um candidato a presidência que quer escolher quem pode ser cliente de outro advogado. Ainda que tudo isso não fosse verdade, nós estaríamos, Chapa 01 e Chapa 02, na mesma situação. Por que, um candidato ao Conselho Federal da Chapa 02, é advogado de um juiz que durante essa gestão ameaçou a advogada Soraide, diretora da OAB de Sinop. Todos sabem desse episódio. É advogado desse juiz na Corregedoria , no Tribunal e no CNJ. Eu quero dizer o seguinte: que até a última hora eu vou defender o direito de um juiz de se defender e até o último segundo eu vou defender o direito do conselheiro federal, candidato da Chapa 02 de fazer a defesa do juiz. São as mesmas situações, mas nós encaramos de forma diferente.
MidiaJur – Maurício Aude, o candidato Pio da Silva disse que ele concorre com dois Golias que fazem campanhas milionárias. Sua campanha foi milionária?
Maurício Aude – Não, de jeito nenhum. Antes de mais nada, é uma falta de responsabilidade dar números sem saber exatamente o que se está colocando a disposição para fazer uma campanha. A nossa campanha não é milionária, conta com o auxílio daqueles que nós apoiam e que querem colaborar. É óbvio que uma campanha dessas tem um custo, mas nós temos contado com os nossos apoiadores e todos aqueles que simpatizam com a nossa campanha.
MidiaJur – O senhor é um dos cotados para assumir a presidência, a que atribui essa preferência, ou vantagem? É pelo fato de já fazer parte da Ordem ou pelo trabalho realizado?
Maurício Aude – Não basta estar na Ordem e estar bem avaliado, isso é fruto do trabalho realizado nos últimos anos, do qual eu participei ativamente. Eu tenho dito que não se trata de um projeto individual meu e sim de um projeto coletivo, e isso tem nos dado otimismo durante a campanha. Eu acredito que pelo serviço prestado na defesa das prerrogativas, dos honorários, do trabalho da Escola Superior da Advocacia e da Caixa de Assistência ao Advogado, ao atendimento a mulher advogada e o fato de nós termos colocado uma mulher em um cargo de destaque, não só por ser mulher, mas por ter competência, equilíbrio e serviço prestado, no caso da Cláudia Aquino, foi um momento em que impulsionou muito a nossa campanha.
MidiaJur – Pelos dados disponibilizados pela OAB, somente 6,8 mil advogados estão aptos a votar nessa eleição. Desse total mais de 4 mil estão localizados na grande Cuiabá. Como o senhor vai trabalhar a campanha nessa última semana?
Maurício Aude – Nós vamos focar em Cuiabá e Várzea Grande. Nós estamos dividindo os nossos apoiadores de campanha em visitas a escritórios, fóruns, juizados especiais, para divulgar a nossa chapa e pedir voto. Tem muita reunião marcada com advogados públicos e privados até o dia da eleição. Nós não pararemos sequer no feriado. Vamos fazer uma grande reunião com a coordenação para organizar os últimos atos e mobilização.
MidiaJur – Para o senhor a vitória da sua chapa está garantida?
Maurício Aude – Não! Precisamos andar muito, pedir voto, porque a vitória só vem depois que as urnas são abertas. Pode parecer um chavão, mas acho que isso é uma questão de respeitabilidade com o processo. Estou confiante como todo candidato tem que estar. Estou otimista e trabalhando muito para que isso aconteça.
MidiaJur – Como o senhor, enquanto candidato, vê a eleição da Ordem sendo realizada por voto em cédula ao invés da urna eletrônica. Já que a vinda para o processo manual gera certa insegurança do pleito?
Maurício Aude – Não acho que gera insegurança porque confio na comissão eleitoral. Acho que estamos em uma classe que tem senso crítico e que confia na comissão eleitoral. Acho uma pena realmente, mas é importante salientar que não é responsabilidade da OAB, e quando falo OAB, estou falando da OAB do país todo. Porque nenhuma seccional vai ter votação por urna eletrônica.
MidiaJur – Hoje na OAB existem mais de16 mil inscritos e apenas 6,8 mil estão aptos a votar como o senhor vê essa situação?
Maurício Aude – A conta que deve ser feita é outra. Apesar de termos até o número de 16 mil inscritos, nós temos como ativos 10,5 mil. Se formos considerar dos 10 mil, nós temos mais da metade de votantes. Porque esse outro excedente ou já faleceu, se aposentou ou fez concurso e já cancelou a carteira, ou, ainda, está impedido de exercer a profissão.
MidiaJur – Mesmo assim ainda é um número baixo.
Maurício Aude – Sim! Nós já tomamos várias atitudes para reduzir a inadimplência, no primeiro ano de gestão fizemos um plano de parcelamento, tomamos algumas providências dando benefícios para o advogado, subsídios para fazer determinados cursos e isso acabou fazendo com que o advogado sentisse que a Ordem lhe traz benefícios. Então nós conseguimos aumentar, mas ainda foi baixo. O compromisso nossos para os próximos três anos é fazer um trabalho para que daqui a três anos tenhamos um percentual maior.
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