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Midia Jur
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Entrevista Domingo, 10 de Novembro de 2013, 02:27 - A | A

10 de Novembro de 2013, 02h:27 - A | A

Entrevista / INVESTIGAÇÃO CONTRA JUIZ

Edson Bueno diz que TRT não vai esconder escândalos

Presidente eleito do TRT afirma ao MidiaJur que escândalo foi golpe duro aos membros da Justiça do Trabalho

LAICE SOUZA
DA REDAÇÃO



O presidente eleito do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT), Edson Bueno, vai assumir a presidência em dezembro e terá pela frente o desafio de dar uma resposta à sociedade, sobre os recentes escândalos envolvendo o juiz do trabalho Luiz Aparecido Torres e o núcleo de conciliação da instituição.

Segundo ele, “nada será escondido”.

“E é muito importante que isso venha à tona, porque não vamos esconder nada de ninguém, muito menos da imprensa. O caso tem relatora e está sendo apurado e há indícios de situação grave”, disse,

Ainda segundo o desembargador, outros procedimentos estão em investigação que podem ou não culminar com a abertura de novos processos administrativos. Edson Buerno acrescentou que as manchetes com as acusações contra o juiz foram "muito duras" para os membros do Tribunal.

“(...) Porque se trata de um magistrado com excelente convívio com todos, mas que de um momento para o outro se viu envolvido em escândalos fora do padrão da Justiça do Trabalho”, afirmou.

Na entrevista especial da semana, o presidente eleitor do TRT fala também sobre as prioridades da sua gestão como a humanização do atendimento na Justiça do Trabalho e a valorização do profissional.

Confira os melhores trechos da entrevista.

MidiaJur – Há muitos anos que o Tribunal Regional do Trabalho é manchete apenas por fatos positivos, ou, muitas das vezes, não aparece muito até pela sua característica e os casos que são julgados. Recentemente isso foi modificado e o Tribunal passou a ser notícia negativa com o suposto envolvimento de um juiz em casos de favorecimento de terceiros em decisões judiciais. O senhor já tomou ciência de todas as denúncias contra ele e já sabe como irá administrar essa situação?

Edson Bueno -
Ao longo do tempo, e isso é bacana, o TRT foi um tribunal que passava desapercebido da população porque estava funcionando bem. Ocorrem episódios que estão sendo investigados pela Corregedoria. Eu ainda não sou corregedor [no TRT o presidente acumula a função de corregedor], mas naturalmente eu tenho conhecimentos de todos os eventos envolvendo o escândalo contra o magistrado. Ou escândalo que eventualmente pode ser o magistrado o mentor ou ter participação. Nós trabalhamos com gente e com ser humano. Não é o que nós gostaríamos, mas é o que temos. Nós já tivemos outro caso envolvendo um outro magistrado. O processo foi levado a julgamento e por um placar apertado de quatro votos a três ele foi aposentado compulsoriamente. Mas, para que essa pena fosse aplicada era necessário cinco votos. Na realidade houve uma condenação moral, de um escore de quatro a três, mas não atingiu o foro qualificado, e não houve a efetiva condenação.

MidiaJur – Mas, esse caso específico ficou por isso mesmo?

Edson Bueno –
O corregedor foi para o Conselho Nacional de Justiça e essa matéria está sendo analisada para fazer a revisão da decisão do tribunal.

MidiaJur – E o caso que foi estampado em toda a imprensa?

" E é muito importante que isso venha à tona, porque não vamos esconder nada de ninguém"

Edson Bueno –
Esse caso já houve a aprovação do Processo Administrativo Disciplinar. E será o PAD que irá dizer se essa ação é grave e merece que seja analisado. E as manchetes dos jornais têm trabalhado isso. E é muito importante que isso venha à tona, porque não vamos esconder nada de ninguém, muito menos da imprensa. O caso tem relatora e está sendo apurado e há indícios de situação grave. O processo está aberto, mas existem outros procedimentos investigatórios, envolvendo o mesmo magistrado que pode culminar ou não a abertura de outro ou outros processos administrativos.

MidiaJur - O que se percebe é que são fatos isolados. Como trabalhar para recuperar essa imagem, até porque o fato envolve o Núcleo de Conciliação da institui, que sempre trouxe muitos benefícios para a coletividade?

Edson Bueno –
É um fato isolado é que nos entristece muito. E na realidade essa imagem já foi resgatada pelas pessoas que lá trabalham. E há um ditado popular que diz que a “gente cresce pelo amor e pela dor”. Na minha compreensão pessoal o amor cresce pouco e se ele for muito apaixonante ele inebria , mas a dor faz crescer. E vou lhe dizer esse episódio foi muito duro para nós. Porque se trata de um magistrado com excelente convívio com todos, mas que de um momento para o outro se viu envolvido em escândalos fora do padrão da Justiça do Trabalho. E esse escândalo, se comprovado a existência é caso de uma pena severa, que pode até chegar a exclusão. Não posso falar nada porque não sou o relator.

MiudiaJur – E sobre a recuperação da imagem?

Edson Bueno –
O Tribunal já passou o núcleo para a coordenação do juiz auxiliar da presidência, ficando muito mais próximo o controle da presidência. O setor estava muito desvinculado e hoje o presidente tem uma pessoa da sua confiança coordenando esse núcleo. Porque ele é de suma importância para a resolução dos grandes conflitos. A manutenção desse setor é muito cara para nós e não podemos deixar que atos supostamente praticados por uma pessoa,prejudique todo um trabalho. Então, o setor tem que ser maior que as pessoas.
E sinceramente, apesar desse bom relacionamento que o juiz tem com todos, por ser um tribunal pequeno, não impede que essa apuração seja feita.

MidiaJur – O senhor quer dizer com isso que no TRT não existiria corporativismo?

Edson Bueno –
Não há. Vamos garantir todo o previsto na Constituição Federal para o investigado, mas também visamos que a boa folha de trabalho que o tribunal tem prestado nesses 20 anos de existência não seja coloca em dúvida.

MidiaJur – O que a população pode esperar do senhor quando assumir o cargo em dezembro?

Edson Bueno –
Seguir o planejamento estratégico. Nada mais que isso. E dentro da execução do planejamento estratégico não vamos deixa de dar atenção a infraestrutura , inclusive o PJe.

MidiaJur – O senhor acredita que o Tribunal Regional do Trabalho está amadurecido suficiente para passar pela transformação proposta no que diz respeito a humanização da Justiça?

Edson Bueno –
O Tribunal completa agora em dezembro 21 anos e chega a sua maturidade. Nós temos já uma folha de serviço nacional muito bem executa, inclusive com a implantação do Projeto Judicial Eletrônico. Por isso, que é tão necessário a humanização. Porque com o PJe nós perdemos essa relação interpessoal, homem a homem. É o homem com a máquina.

MidiaJur – Agora esse processo de humanização como será? Vai começar pelo Tribunal ou por uma vara do trabalho?

Edson Bueno –
Atualmente eu sou diretor da escola judiciária e a gente já vem trabalhando ao longo dos anos com essa formação.

"Os gestores não têm como mudar muita coisa. O que irá diferenciar um gestor do outro será o fato de um ser mais dinâmico do que outro"

MidiaJur – O TRT ao longo de sua história tem construído uma imagem de tribunal harmônico, como administrar isso, para que ao longo de sua administração essa harmonia continue?

Edson Bueno –
Na realidade essa harmonia já se consolidou e o que pode ocorrer é melhorar ainda mais. A eleição da nova gestão, por exemplo, pela quarta vez, nós não temos um processo de eleição e sim de aclamação. Isso demonstra maturidade na escolha dos dirigentes. Nós já sabemos de antemão quais será os dirigentes dos tribunais para os próximos oito anos. E os dirigentes vão acompanhando passo a passo no processo sucessório. Claro que temos muito a ser alcançado, porque a excelência é o nosso objetivo. Mas veja, somos um tribunal que se preocupou com a construção de sua sede própria, com a aquisição de veículos para melhor acomodar magistrados e oficiais de justiça e a estruturação de todas as varas. Além disso, temos o PJe e a capacitação de todos os servidores. Então quando nós atingimos essa maturidade, precisamos investir no ser humano.

MidiaJur – Da forma como o senhor descreve é possível perceber que o TRT não depende de projetos isolados de gestores.

Edson Bueno -
Nós temos uma agenda de planejamento para as ações até 2020 que está em construção. Os gestores não têm como mudar muita coisa. O que irá diferenciar um gestor do outro será o fato de um ser mais dinâmico do que outro.

MidiaJur – Quando o senhor fala em humanização do atendimento, tem a questão do servidor. Ele também deve ser sentir recepcionado pelo local onde trabalha e isso perpassa por questão salarial e também qualificação.

Edson Bueno –
O nosso padrão salarial é muito bom. O gestor tem muito pouco a fazer para melhorar isso, porque somos um tribunal pequeno. O que podemos contribuir é com intervenções junto ao Congresso Nacional para uma remuneração mais digna. Mas, eu acredito que o nosso padrão remuneratório é bastante digno. Não vou dizer que ele é completamente digno, mas é bastante significativo. Agora quanto à questão de capacitação, o nosso ponto de partida é a pedagogia. E nós já trabalhamos na escola do TRT na valorização dos profissionais da casa, com casos inclusive de magistrados ministrando cursos para desembargadores.

MidiaJur – Existe algum outro ponto nesse trabalho de humanização?
Edson Bueno –
Vamos abrir também o canal com a sociedade para ouvir o que ela tem a dizer sobre os serviços que oferecemos. Nós temos um tribunal que é bacana, mas para quem o conehce. Várias pessoas da sociedade não conhecem. Precisamos ouvir também as empresas, para saber como somos vistos.

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