LAICE SOUZA
DA REDAÇÃO
O defensor público Valdenir Pereira, um dos nomes cotados para disputar o comando da Defensoria Pública do Estado, afirmou que não vai participar das eleições da instituição, que estão previstas para ocorrer no segundo semestre deste ano.
O foco dele é outro, Valdenir disse ao MidiaJur que vai concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
“Não vou me candidatar na Defensoria. No meu projeto pessoal, eu devo concorrer ao cargo de deputado estadual nas próximas eleições. Meu nome está à disposição do partido o Pros e tenho sido incentivado, inclusive por membros da Defensoria, para que eu saia candidato a Estadual”, destacou
Esta não será a primeira vez que o Defensor disputa um cargo partidário. Ele, que atua no município de Rondonópolis, já concorreu ao cargo de vereador, conquistando a suplência, com 1.200 votos.
Valdinir segue os mesmos passos do irmão, o deputado federal Valtenir Pereira, que também é integrante da Defensoria. Caso saia candidato, o partido escolhido pelo defensor será o Partido Republicano da Ordem Social (Pros), da qual o irmão é presidente.
Na entrevista especial da semana, o defensor comentou também sobre a gestão do defensor André Prieto e diz que “infelizmente a Defensoria tinha que passar por essa gestão desastrada”. Ele analisou a situação atual da instituição e disse que acredita que Djalma será reconduzido ao cargo.
Veja os principais trechos da entrevista
MidiaJur - Como o senhor analisa o fato de que tem o nome sempre cotado para concorrer ao comando da instituição?
Valdenir Pereira – Isso é gratificante, por ter o nome lembrado. Mas, não vou me candidatar na Defensoria. No meu projeto pessoal, eu devo concorrer ao cargo de deputado estadual nas próximas eleições. Meu nome está à disposição do partido o Pros e tenho sido incentivado, inclusive por membros da Defensoria, para que eu saia candidato a Estadual. Companheiros de partido, principalmente na região Sul, os amigos da baixada Cuiabano, porque tenho todo um histórico de formação acadêmica de duas faculdades, e trabalho desenvolvido, estão me encorajando nesse desafio.
MidiaJur – Por qual motivo o senhor vai sair da Defensoria e ir para uma disputa partidária?
Valdenir Pereira – Acho que esse é o momento deu contribuir com a Defensoria lutando para melhorar o orçamento. Eu posso contribuir muito mais para a instituição na Assembleia do que me colocando na disputa interna, em um momento em que eu sei que a gestão do doutor Djalma Mendes não tem sido fácil, mas isso é uma consequência do que ele recebeu e que é de conhecimento de toda a sociedade. E ele vem, dentro de todas as possibilidades, avançando. Ele conseguiu estancar o problema e tem conseguido administrar a instituição com o pouco que tem. Hoje não é o momento de divisão.
MidiaJur – Depois de todos os problemas que a instituição passou nos últimos anos, hoje como está o relacionamento interno entre os defensores, ainda existe problema ou isso já foi superado?
Valdenir Pereira – Eu acho que a gestão Prieto era uma gestão que infelizmente a gente tinha que passar por ela. Enquanto ele não fosse defensor-Geral, qualquer defensor que estivesse à frente da Defensoria, ele estaria criando fatos, dificultando a gestão e se colocando como salvador da pátria. Infelizmente a Defensoria tinha que passar por essa gestão desastrada. Inclusive quando me coloquei como candidato, lá em 2010, foi justamente porque eu tinha a visão que ele não era tudo aquilo que se apresentava e que precisávamos debater mais as candidaturas dentro da instituição. Eu acabei sendo vítima, na época, de perseguição por conta disso. Esse desastre, vamos dizer assim, serviu para unir mais os colegas defensores. É evidente que as divergências vão existir e elas devem ser tratadas dentro do plano interno, nada de potencializar o que não existe. As divergências ainda existem dentro da instituição, mas de forma salutar. O que ocorreu no passado da Defensoria não foi bom para ninguém.
MidiaJur – O que ocorreu arranhou a imagem da instituição...
Valdenir Pereira – Sim e servimos, nós defensores, inclusive, como motivo de piada. Hoje a instituição já recuperou a credibilidade, principalmente, porque todas as denúncias estão sendo apuradas nas instâncias de sua competência, resguardando o processo legal.
MidiaJur – Quando o senhor vai se afastar do cargo para concorrer as eleições?
Valdenir Pereira – No caso do defensor o prazo de desincompatibilização é de três meses, então só cinco de julho.
MidiaJur – Com a sua candidatura nas eleições partidárias, quem deve concorrer na oposição ao atual defensor?
Valdenir Pereira – Eu acredito que o momento agora não é de divisão é de somar. Eu acredito na recondução do Djalma, o cenário aponta para isso. A não ser que fatos novos surjam. Agora daqui dois anos, provavelmente, mais nomes devem ser colocados na disputa. Nesse momento, penso que seria melhor para a instituição se eu fosse para uma disputa partidária. Penso que a renovação na Assembleia faria bem para a população e, principalmente, para a população carente.
MidiaJur – Qual a análise que o senhor faz da Defensoria Pública?
Valdenir Pereira – A Defensoria hoje está muito carente de investimentos. A despesa de custeio é praticamente o mesmo dos últimos cinco anos. O momento agora é de colaborar para tirar a instituição das dificuldades que foram potencializadas na gestão anterior, do André Prieto [ex-defensor público-Geral que foi afastado do cargo em 2012 e responde a ação penal por supostas irregularidades na contratação de serviços]. A Defensoria já tinha dificuldades e necessidades orçamentárias para custeio e o rombo que aparentemente foi criado, fez com que isso aumentasse. A instituição engessou e ao invés de crescer ela regrediu com fechamentos de comarcas. Ela precisa hoje de um trabalho no sentido de compatibilizar o orçamento atual com as despesas existentes.
O valor do nosso orçamento é de R$ 7,5 milhões e se for comparar com outras instituições vai ver que está muito aquém de exigir que a gente consiga atender um universo maior da população. Vejo o meu caso, por exemplo, eu atuo em Rondonópolis e somos em nove defensores. Há estudos que indicam que deveria existir um defensor para cada 10 mil pessoas. Aqui era necessário que fossemos em 15. Aí tem comarca que foram fechadas como Matupá e Guarantã do Norte, para compatibilizar o orçamento de custeio com as despesas normais. Então, o orçamento de custeio da Defensoria tem que crescer de forma significativa.
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