Sábado, 19 de Julho de 2025
icon-weather
instagram.png facebook.png twitter.png whatsapp.png
Sábado, 19 de Julho de 2025
icon-weather
Midia Jur
af7830227a0edd7a60dad3a4db0324ab_2.png

GERAL Sábado, 05 de Julho de 2025, 08:00 - A | A

05 de Julho de 2025, 08h:00 - A | A

GERAL / CRIME QUE CHOCOU MT

Atentado contra advogado completa 1 ano: veja os envolvidos, presos, mandantes e motivo

Ex-presidente da OAB foi executado por disputa de terras; empresários e policiais são acusados de planejar, intermediar e executar o crime

ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO



Neste sábado, 05 de julho, completa um ano do atentado ao ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional MT (OAB-MT), Renato Nery. O advogado foi alvejado por um motoqueiro quando chegava ao seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá, na manhã do dia 05. Sete tiros acertaram Nery, sendo um na cabeça. Encaminhado ao hospital, passou por cirurgia, mas não resistiu, vindo a falecer na madrugado do dia 06 de julho.

Atualmente, um casal de empresários de Primavera do Leste (234 km de Cuiabá) está preso, acusado pela Polícia Civil de ser o mandate do crime. Policiais Militares de Mato Grosso são apontados como intermediários do assassinato, sendo que três deles já foram denunciados pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), além de outros quatro PMs que estão envolvidos de forma indireta.

Desde o homicídio, a Polícia Civil realizou uma série de operações para chegar aos mandantes e aos executores do crime. A Operação Office Crime investigou PMs, empresários, PMs, advogados e outros supostos envolvidos com o crime.

O motivo do homicídio seria uma disputa de terras entre Renato Nery e o casal Cesar Jorge Sechi e sua esposa Julinere Goulart – presos desde o último dia 09 de maio. A briga pela Fazenda Atlântida, uma área de 800 hectares no município de Novo São Joaquim (439 km de Cuiabá) teria motivado o casal a orquestrar o assassinato.

Veja abaixo vídeos que mostram os disparos que atingiram Renato Nery:

Disputa de terras

A área em litígio é avaliada em R$ 30 milhões e foi repassada a Nery como pagamento de honorários advocatícios, junto ao seu sócio, o também advogado Luiz Carlos Salesse. A origem da disputa remonta a 1988, quando a família Sechi (de Cesar Jorge) adquiriu o imóvel que já estava em litígio. Após a resolução do litígio, a posse foi transferida à parte vencedora da ação, que pagou aos advogados (Nery e Salesse) com a propriedade.

Apesar de decisões judiciais favoráveis a Nery e Salesse, a disputa pela terra se prolongou por décadas e foi notícia ainda em 2020, quando foi considerada encerrada judicialmente. Na época, o juiz Alexandre Meinberg Ceroy, da Vara Única de Novo São Joaquim, rejeitou os "embargos de terceiros" movidos com o objetivo de anular a reintegração de posse. O magistrado reconheceu que os imóveis haviam sido invadidos de forma irregular e que a família Sechi recorria a manobras judiciais para postergar sua permanência indevida na área.

Além de continuar a usar a terra indevidamente, mesmo depois de ordens judiciais, o casal produziu documentos falsos na tentativa de induzir o Judiciário ao erro, incluindo uma ata notarial forjada para simular uma suposta invasão — quando, na verdade, tratava-se do cumprimento da ordem de sequestro da produção agrícola.

Confissão de PM

Para executar o crime, o casal contratou o PM Heron Teixeira Pena Vieira – que já confessou o crime - que por sua vez pagou ao caseiro de sua chácara, Alex Roberto de Queiroz Silva, para ser o atirador. Alex é o motoqueiro que atira em Renato Nery. Heron confessou toda a trama e os mandantes, informando que o crime foi combinado com o casal pelo valor de R$ 150 mil.

Heron Teixeira Pena Vieira é um policial altamente treinado, integrante da ROTAM (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas). Também já tinha condenações por tráfico de drogas e era investigado por integrar um grupo de “mercenários” que executava pessoas. O PM foi alvo em março de 2022 da Operação Simulacrum, que investigou a execução de pessoas em Mato Grosso por meio de confrontos forjados com a Polícia Militar.

O casal Jorge Sechi e Julinere chegou até Heron por meio de outro PM, Jackson Pereira Barbosa, vizinho do casal em um condomínio de luxo em Primavera do Leste.

cesar sechi julinere.jpg

 César e Julinere chegam à DHPP após serem presos por morte de Nery

Confronto forjado

Uma semana após o atentado contra Renato Nery, no dia 12 de julho de 2024, quatro outros policiais militares - Wekcerlley Benevides de Oliveira, Jorge Rodrigo Martins, Leandro Cardoso e Wailson Alesandro Medeiros Ramos - forjaram um confronto com assaltantes, no Contorno Leste, próximo ao bairro Pedra 90, em Cuiabá, envolvendo a arma usada para matar o advogado. Forjar confrontos com supostos criminosos já era uma prática de Heron Teixeira Pena Vieira.

Os PMs inseriram a arma na cena do suposto confronto para dificultar as investigações sobre o assassinato de Nery. A armação resultou na morte de Walteir Lima Cabral e e na tentativa de homicídio de Pedro Elias Santos Silva e Jhuan Maxmiliano de Oliveira Matsuo Soma. Os quatro policiais foram presos em abril deste ano, na Operação Office Crime, e já foram denunciados pelo MPMT pelo homicídio e pelas tentativas de homicídio.

Investigações continuam

No dia 12 de maio, após a prisão do casal Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, o delegado responsável pelo inquérito, Bruno Abreu, e o delegado responsável pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Caio Albuquerque, deram uma entrevista coletiva para falar do inquérito e disseram que as investigações sobre o homicídio continuam, com mais possíveis envolvidos sendo investigados.

Laudo falso

Em 26 de maio, foi preso o empresário Cláudio Natal, que estaria envolvido com os policiais militares que forjaram o confronto, utilizando a arma que matou Nery. Natal - que se apresenta como jornalista e perito judicial – estaria envolvido na alteração de documentos e no assessoramento a escritórios de advocacia.

Cerca de 15 dias antes das prisões dos militares, Cláudio Natal teria ligado para o casal mandante do crime, pedindo que providenciassem dinheiro para custear a defesa dos policiais.

Investigados, indiciados e denunciados na morte de Renato Nery

Empresário Cesar Jorge Sechi – mandante do assassinato de Renato Nery devido a disputa de terras

Empresária Julinere Goulart Bastos – mandante do assassinato de Renato Nery devido a disputa de terras

Sargento PM Heron Teixeira Pena Vieira – intermediador recebeu dinheiro, arma e contratou o atirador. Já denunciado pelo Ministério Público

Caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva – atirador. Já denunciado pelo Ministério Público

Cabo PM Jackson Pereira Barbosa - intermediador do homicídio. Já denunciado pelo Ministério Público

PM Ícaro Nathan Santos Ferreira - intermediador do homicídio. Já denunciado pelo Ministério Público

Denunciados por forjar confronto para inserir arma do crime

Sargento PM Jorge Rodrigo Martins

Cabo PM Wailson Alessandro Medeiros Ramos

Soldado PM Wekcerlley Benevides de Oliveira

PM Leandro Cardoso

Os quatro PMs foram denunciados pelo homicídio de Walteir Lima Cabral e pela tentativa de homicídio contra Pedro Elias Santos Silva e Jhuan Maxmiliano de Oliveira Matsuo Soma, além de fraude processual.

Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .

Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.


Comente esta notícia

Homem que se passava por menina em jogos online para abusar de crianças é preso
#GERAL
PREDADOR SEXUAL
Homem que se passava por menina em jogos online para abusar de crianças é preso
Criminoso de alta periculosidade é preso em Cuiabá
#GERAL
CRIMINOSO DE ALTA PERICULOSIDADE
Criminoso de alta periculosidade é preso em Cuiabá
Secretaria de Saúde intensifica treinamento para controle de escorpiões e aranhas
#GERAL
NO NORTE DE MT
Secretaria de Saúde intensifica treinamento para controle de escorpiões e aranhas
Motorista morre após caminhão-tanque bater em carreta na MT-338
#GERAL
FOI ARREMESSADO
Motorista morre após caminhão-tanque bater em carreta na MT-338
Motociclista morre após bater em carro no centro de Sorriso
#GERAL
PERDEU CONTROLE
Motociclista morre após bater em carro no centro de Sorriso
Incêndio atinge prédio da agência de publicidade ZF Comunicação
#GERAL
NINGUÉM SE FERIU
Incêndio atinge prédio da agência de publicidade ZF Comunicação
Confira Também Nesta Seção: