LÁZARO THOR E MIKHAIL FAVALESSA
Líder do Movimento Nacional de Catadores em Mato Grosso, o catador Thiago Silva Duarte,afirmou nesta sexta-feira (16) que há um temor com a privatização do lixão em Cuiabá. Segundo Duarte, muitos catadores de materiais recicláveis receiam que ocorra o mesmo que ocorreu em 2014: quando houve uma tentativa de privatização e os catadores foram retirados do local.
A prefeitura de Cuiabá anunciou hoje que aposentará o lixão, que está há mais de 25 anos situado na estrada Balneário Letícia, entre a região da Grande CPA e o Distrito do Coxipó do Ouro. O local foi construído com a proposta de reciclar parte do lixo coletado. Todavia, com o passar dos anos, a estrutura tornou-se obsoleta diante do aumento expressivo do volume de lixo produzido em Cuiabá.
O novo aterro sanitário, de gestão privada, fica a cerca de 20 quilômetros do bairro Pedra 90. Catadores receberam uma indenização de um salário mínimo por mês, durante dois anos, por conta da privatização. O novo aterro será comandado pela empresa Ecoparque Pantanal. A previsão é de que o antigo lixão seja desativado em março de 2023.
"Desde o ano de 2014 teve o primeiro fechamento, no primeiro fechamento montou uma cooperativa chamada Coopunião e essa cooperativa faliu, no começo o município começou a prometer um monte de coisa e chega na hora ficaram abandonados e eles estão com medo de acontecer novamente, repetir com essa nova cooperativa que vai começar agora", afirmou.
Segundo Thiago, a prefeitura criou uma nova cooperativa para que os trabalhadores atuem no lixão que será desativado. Além disso, os catadores devem receber indenizações por conta da desativação.
Estamos hoje aqui porque é importante para a gente, porque a gente sobrevive do lixão, é normal os catadores terem essa preocupação, já passaram por isso novamente e não querem passar novamente.
Thaigo explicou que marcou presença no evento de anúncio do novo aterro porque espera que seja cumprida a lei com relação aos direitos dos trabalhadores dos lixões.
Ele também teceu elogios ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e sua gestão. Na avaliação do líder do movimento, Cuiabá é uma das capitais com melhor desempenho quando o assunto é o lixo produzido por seus moradores e a valorização dos catadores de materiais recicláveis.
O líder do movimento também explicou que a prefeitua, com apoio do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil, iniciou um processo de cadastramento dos catadores para que participem da cooperativa.
Indenização
Ao todo, são quase 300 catadores que atuam no lixão de Cuiabá. Pela lei, é precisa que estejam trabalhando nesses locais por mais de 3 anos e que possuam domicílio fixo no município para que tenham o direito de pleitear por uma indenização.
No entanto, segundo Thiago, muitos catadores trabalham em Cuiabá, mas moram em municípios como Santo Antônio do Leverger e Várzea Grande.
"A gente já teve algum diálogo com os catadores, vai ter uma nova cooperativa, quem quiser participar pode participar, o MP está apoiando, a defensoria pública, a OAB... Estamos aí para poder estar amparando as famílias, eu também sou catador, eu também sobrevivo do lixão, estamos brigando para poder ter nossos direitos, há muito tempo que a gente sobrevive do lixão e agora que vai fechar o lixão e vai ter o lixão municipal privado, então a gente precisa ser também remunerado e ser assistido", afirmou Thiago.
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