ANGELA JORDÃO/THIAGO STOFEL
A defesa do coronel da reserva Etevaldo Caçadini de Vargas, apontado pela Polícia Federal como um dos envolvidos no assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, se manifestou por meio de nota neste sábado (07/06), negando qualquer participação no crime e questionando a legalidade das provas utilizadas na investigação.
O coronel, de quase 70 anos e que, atualmente, está em tratamento contra dois tipos de câncer, é citado em diálogos interceptados pela Polícia Federal como o “engenheiro” de uma “obra” que, segundo a investigação, seria o assassinato de Zampieri. A vítima atuava em processos envolvendo disputas de terra e era peça central em apurações sobre suposta venda de decisões judiciais no Poder Judiciário de Mato Grosso e até no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A nota é assinada pelos advogados Sarah Quientti e Ronaldo Lara.
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Em nota, a defesa afirma que o coronel “nunca teve uma passagem em toda sua vida” e repudia as acusações. O texto sustenta que os diálogos captados não possuem qualquer relação com o crime. “As conversas anexadas aos IPs e diálogos não têm vínculo com a morte do Dr. Roberto ou qualquer comando de extermínio”, diz a defesa.
A Polícia Federal, no entanto, aponta que os suspeitos do assassinato usaram codinomes para mascarar a execução de Zampieri. Nas conversas interceptadas, Antônio Gomes — que confessou ter sido o executor — era chamado de “empreiteiro”, enquanto Caçadini seria o “engenheiro”. A PF também identificou movimentações financeiras, como um Pix de R$ 2 mil da esposa do fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo (apontado como mandante) para Caçadini, e passagens aéreas e registros de chamadas entre os envolvidos no período do crime.
A defesa de Caçadini, contudo, contesta a veracidade desses materiais. “Não duvidamos de nenhum material anexado pela Polícia Federal, mas todos têm que passar pelo contraditório e ampla defesa. A contratação do perito foi feita há muito tempo para provar a quebra da cadeia de custódia que o próprio Corregedor Desembargador do TJMT, Dr. Juvenal, à época, afirmou que o aparelho [celular] foi aberto e manipulado pelo então juiz da causa”, afirma o texto.
Ainda segundo a nota, o coronel “se sente injustiçado” e está em estado de saúde debilitado, enfrentando depressão, sem condições de ser transferido de unidade prisional. A defesa também rechaça qualquer ligação do militar com ataques a autoridades do Supremo Tribunal Federal, como foi ventilado em outros trechos da investigação.
Em paralelo, a Polícia Federal prossegue com a análise dos materiais coletados, que incluem documentos encontrados na posse de Caçadini, como certidão de óbito de Zampieri, passagem de avião e prints de mensagens com o grupo investigado.
O executor confesso, Antônio Gomes, afirmou à polícia que foi contratado por R$ 40 mil para matar o advogado, tendo recebido metade antecipadamente. Ele promete revelar mais detalhes durante o julgamento pelo Tribunal do Júri.
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