DA REDAÇÃO
Com a proximidade das eleições à presidência da OAB em Mato Grosso, marcadas para a próxima sexta-feira (23), o candidato oposicionista Pio da Silva, afirmou em entrevista exclusiva ao MidiaJur, que está caminhando para a vitória devido a receptividade das suas propostas e, aos inúmeros apoios que tem recebido da classe em todo o Estado.
Para o advogado, ele é o único candidato que possui coerência e independência, afirmando que os outros dois candidatos, Maurício Aude, da Chapa 1, que representa o grupo que exerce o poder na entidade há mais de 15 anos, e José Moreno, Chapa 2, que hoje representa a oposição, não só são bancados por pequenos grupos, como também, irão administrar, caso eleitos, sob o comando dessa minoria, fazendo uma gestão que ele chama de "grupismo".
"A chapa da situação é entrosada com o TJMT e no grupo de Moreno há Felipe de Oliveira, filho do atual presidente do Tribunal de Justiça. E ele (Felipe) deixou claro quando lançou sua chapa que a sua administração seria de "pai para filho". Felipe desistiu para apoiar Moreno mas foi indicado para ser Conselheiro na chapa. Então, percebe-se que essas duas chapas não têm independência", ressalta
Pio afirma que ainda há em torno de 45% de advogados indecisos com relação ao candidato que vão escolher para a presidência da Ordem, um alto índice que ele vai procurar cooptar, destacando que as suas propostas, assim como a coerência de seu grupo, serão o fator-chave na hora do voto. Os três debates marcados para esta semana (terça-feira, quarta-feira e quinta-feira) vão ser, segundo ele, a vitrine para que a classe possa concluir que suas propostas "vêm ao encontro das reais necessidades dos advogados em todo o Estado".
O candidato também discorreu sobre os gastos de campanha das chapas, índice de inadimplência na Ordem e as próximas ações de seu grupo na reta final da campanha classista.
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaJur - Qual é a sua expectativa em relação a esta última semana de campanha?
Pio da Silva – Meu grupo está muito feliz diante da adesão das dezenas e dezenas de escritórios de advocacia de Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, que são os três principais pólos da advocacia no Estado que temos visitado. Vamos continuar realizando estas visitas, pois segundo informações que tenho recebido, ainda temos uma média de 45% de advogados indecisos sobre a escolha do candidato à presidência da entidade.
MidiaJur - Como o senhor espera ganhar os votos desse público, que ainda não definiu em quem votar?
Pio da Silva – As nossas propostas serão o nosso diferencial para angariar votos, pois, vêm ae encontro das necessidades dos advogados de Cuiabá e todo Mato Grosso. Sem contar que elas foram elaboradas pensando na qualidade de trabalho do advogado do interior, do advogado da capital, e de toda a classe; são propostas que trazem melhorias para o jovem advogado, que terá anuidade zero no primeiro e segundo anos, e, do terceiro ao quinto anos receberá 50% de desconto. E, ainda disponibilizaremos no centro de Cuiabá a OAB Jovem/Advogado do Interior, que contará com dez salas para o uso de duas horas por dia para os advogados que solicitarem como também para os advogados do interior, e terão toda a estrutura de computadores, internet, ar-condicionado, tudo a favor do jovem advogado e do advogado do interior.
MidiaJur –Em relação à anuidade zero, o senhor tem idéia do que isso representa em termos de recursos que podem deixar de ser aplicados em infraestrutura ou em outras áreas, existe um levantamento para saber se realmente há condições de aplicar esta proposta?
Pio da Silva – Foi feito um levantamento no último ano, onde se constatou que haverá uma queda de receita de aproximadamente 20%. Como nós administraremos isso? A nossa entidade tem doze mil advogados, multiplicando esse número por R$ 700 de anuidade, resulta em mais ou menor R$ 10 milhões arrecadados anualmente em nossa instituição. Com uma boa gestão cobriremos tudo isso e aplicaremos o dinheiro de forma transparente, cortando os grandes contratos do continuísmo. Prestaremos contas bimestralmente para todos os advogados e cortaremos gastos desnecessários em todos os setores. Tenho experiência em administração e tenho a certeza de que possuo condições de cumprir esta proposta.
MidiaJur – O senhor pretende, caso eleito, instaurar uma auditoria para analisar os gastos da Seccional na atual gestão?
Pio da Silva – Será uma das primeiras ações da nossa gestão. Vamos contratar uma auditoria para levantar e analisar todos os gastos e contratos. Caso haja arbitrariedade, moveremos processos ético-disciplinares, pedindo a punição dos culpados. Administraremos com o pé no chão, mas, com mão de ferro.
MidiaJur- Como o senhor pretende vencer os demais candidatos e se eleger presidente da OAB?
Pio da Silva – Nós chegamos à conclusão de que existe um grupo que está no poder há dezoito anos, e um outro grupo, liderado por José Moreno, que vão gastar mais de R$ 1 milhão nesta campanha para tentar concencer a classe com suas propostas mirabolantes. Nós somos uma equipe composta por dois procuradores de Estado, quatro defensores públicos e dezenas de advogados que está trabalhando com afinco em busca de apoio para resgatar a imagem da nossa instituição e os colegas estão acreditando na nossa determinação de promover mudanças. Vamos administrar a entidade para todos os advogados, não para grupos como é feito atualmente. Somos o único grupo coerente nessa disputa, e os advogados, na hora de votar, vão levar isso em conta, pois somos os únicos que realmente possuem independência. A chapa da situação é entrosada com o TJMT e no grupo de Moreno há Felipe de Oliveira, filho do atual presidente do Tribunal de Justiça. E ele (Felipe) deixou claro que ia fazer uma administração de "pai e filho". Essas duas chapas não têm independência.
MidiaJur – O desembargador Rubens de Oliveira entrega o comando do TJMT em março, logo, a convivência a nível de parentesco entre o Poder Judiciário e a OAB seria praticamente de transição. O senhor acha que isso poderia interferir de forma acentuada na gestão?
Pio da Silva – Isso não quer dizer nada, Rubens (de Oliveira), continuará sendo desembargador e com grande influência, então, não haveria indepência da entidade caso o Felipe de Oliveira ganhasse a eleição. Mas, ele nem candidato é, concorre a uma vaga de Conselheiro na Chapa de Moreno. Antes assim.
MidiaJur – Tanto Maurício Aude quanto José Moreno, negam que estejam gastando os valores que o senhor cita cita. De onde veio este levantamento em que o senhor afirma que eles estão gastando valores em torno de R$ 1 milhão?
Pio da Silva - Dos próprios dirigentes das duas chapas que, em reuniões, sempre enfatizam que os gastos são altíssimos. Obviamente que não existe nenhum documento oficial. Mas é só analisar os valores de viagens, comitê, entre tantos outros gastos feitos pelas duas chapas. Eu vou gastar no máximo R$ 50 mil e esse valor sai do meu bolso.
MidiaJur – Essa semana vai acontecer três debates onde os candidatos poderão se enfrentar e discutir as propostas. O senhor acha que esses debates serão decisivos para que o advogado escolha o seu candidato á presidência da Ordem?
Pio da Silva – Isso deve influenciar, e muito. Vamos para este debate com a propositura de expor nossas idéias para cada advogado e advogada de Mato Grosso, pois é para eles que pretendemos administrar, sem este sistema de “grupismo” da situação e que é adotado também pelo grupo de Moreno. Temos proposta para eleição de desembargadores, com votação para o quinto constitucional, propostas para o jovem advogado, para a mulher advogada, onde queremos 400 mulheres dentro das comissões temáticas da Ordem; propostas para valorizar e representar a classe, renovar a diretoria, lutar pelas prerrogativas e principalmente, fazer com que o advogado de Mato Grosso possa ser representado, valorizado e tenha seus direitos defendidos.
MidiaJur - Existe um índice de inadimplência, que faz com que dos doze mil advogados apenas seis mil estejam aptos a votar, é um problema muito grande que a Ordem enfrenta. Como o senhor pretende lidar com isso?
Pio da Silva – Existem muitas razões pelos quais a inadimplência é alta. E, para mudar esta realidade, temos que primeiramente valorizar o advogado, desde o enfrentamento das prerrogativas até a real representatividade que exerceremos na diretoria. Porque esse índice é fruto de uma grande omissão que a atual gestão tem. A OAB precisa conversar com os advogados, principalmente os públicos, dialogar com os poderes constituídos, o que falta é atitude para resolver este problema.
MidiaJur – Como o senhor vai conciliar os atos de campanha com os debates marcados?
Pio da Silva – Nos dias dos debates, estaremos em Cuiabá e Várzea grande visitando cada escritório de advocacia, fóruns, Justiça do Trabalho. E cada vez mais, com o apoio que temos recebido, não tenho dúvida, estamos caminhando para a vitória.
MidiaJur – Como o senhor vê o fato da OAB, que se considerar um modelo defesa da democracia, ter que se utilizar de urnas de lona e cédulas de papel no processo de eleição para a presidência da Ordem?
Pio da Silva – Eu acredito que o que deve ser feito é trabalhar no sentido de ter maior compromisso por parte da OAB. Quando as eleições municipais coincidirem com as eleições da Ordem, temos que planejar melhor e programar para realizar as eleições da entidade 120 dias após as eleições partidárias. Pois o TRE só não liberou as urnas por causa deste fator.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.