LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), Renato Gomes Nery, criticou a postura da seccional no que tange à defesa dos interesses da sociedade e da representação que a entidade deveria possuir no Estado.
Segundo ele, que comandou a Ordem entre 1989 e 1991, a situação tanto da atual gestão da entidade quanto dos candidatos que estão dispostos a presidí-la, a partir do ano que vem, “é de chorar”.
“A OAB/MT se voltou apenas para as suas funções corporativas, ou seja, virou apenas um cartório. Perdeu-se de há muito tempo a dimensão da Instituição, pois a OAB além de – “promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil”. - é a representante da sociedade civil. Função esta plasmada no inciso I do artigo 44 da Lei 8906/94 (EAOAB), nos seguintes termos: “defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas”, disse ele.
Renato Nery classificou como “lamentável” o fato de as propostas dos pré-candidatos à OAB-MT não abrangerem o reestabelecimento da representatividade social e institucional que a entidade, segundo
"Ela não é mais a representante da sociedade civil. Foi cooptada pelos mandantes de plantão - em nível federal e estadual - que lhe retiraram de combate. A Instituição ficou muda, surda e cega"
“Ela não é mais a representante da sociedade civil. Foi cooptada pelos mandantes de plantão - em nível federal e estadual - que lhe retiraram de combate. A Instituição ficou muda, surda e cega”, criticou.
Falta de atuação
Um dos exemplos utilizados pelo ex-presidente é a corrupção que assola o país e tem causado enormes conflitos de ordem política, social e econômica.
Nery lembrou que foi a OAB quem patrocinou o impeachment do ex-presidente da República e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL).
“Hoje ela assiste tudo sem dar um pio. O País está indo a bancarrota e a representante da sociedade civil está muda”, acusou.
Em Mato Grosso, na visão de Renato Nery, a situação não é diferente, com a corrupção diariamente na mídia, obras da Copa mal feitas e inacabadas e políticos presos.
“Os serviços públicos são sofríveis e os nossos irmãos morrem nas filas e nos corredores de hospitais. O Poder Judiciário devolve dinheiro para o Poder Executivo, como se a prestação jurisdicional fosse uma maravilha. A da Justiça Comum de Primeira Instância – com as Escrivanias nas mãos de estagiários - estão atravancada de processos que não andam. E a OAB/MT: calada. E aqui um destaque: o advogado precisa de trabalho. E ele somente virá com a melhoria da prestação jurisdicional. Não vejo ninguém disposto a encarar esta tarefa. Ela é ingrata, pois se tem que peitar de frente com os poderes constituídos”, destacou.
Para o ex-presidente da OAB-MT, os atuais pré-candidatos apresentados até agora são “filhotes ou dissidentes” do grupo que há várias gestões comanda a secciona.
“Não dá para esperar muito deles – até por que, conforme restou demonstrado, têm pouco a realizar - e se tivessem mais já teriam feito. Resta-nos apenas louvar os louros de uma Instituição que foi o esteio da Nação no passado e que ora não honra o seu passado de feitos e glórias”, concluiu.
Eleições
Até o momento, seis advogados já se lançaram como pré-candidatos à seccional: a ex-vice-presidente Cláudia Aquino, o presidente da Caixa de Assistência, Leonardo Campos, o ex-conselheiro estadual Fábio Capilé, o conselheiro estadual Eder Pires e os advogados José Moreno e Pio da Silva.
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