LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, preso desde quarta-feira (14) por conta da Operação Rêmora, afirmou, por meio de nota, que ofereceu à Justiça uma relação de bens imóveis para eventual ressarcimento dos danos causados no suposto esquema que ocorreu na Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
Ele prestou depoimento de mais de seis horas na última sexta-feira (16), na sede do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Na ocasião, ele já teria iniciado um processo de delação premiada, onde deve revelar se, de fato, doou R$ 10 milhões - por meio de caixa dois – para a campanha do governador Pedro Taques (PSDB).
Nos bastidores, Alan Malouf é considerado um dos coordenadores financeiros da campanha do tucano, em que teria apresentado dezenas de empresários ao então candidato Pedro Taques, visando a obtenção de recursos ao pleito.
Em nota à imprensa, a defesa do empresário afirmou que ele está à disposição das autoridades, mas que o teor do depoimento ainda está em segredo de Justiça.
A nota ainda afirma que ele se apresentou espontaneamente “para o cumprimento da decisão que determinou sua prisão, demonstrando que não irá atrapalhar qualquer investigação, bem como tem prestado as informações solicitadas para o esclarecimento dos fatos”.
Citado em delação
Alan Malouf foi citado na delação premiada do empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora Ltda, como financiador de um suposto “caixa dois” da campanha do governador Pedro Taques, em 2014.
Em sua delação, ele confessou ter integrado o esquema e afirmou que ele e Alan Malouf arquitetaram as fraudes na Seduc. Guizardi disse que Alan investou R$ 10 milhões na campanha do governador Pedro Taques (PSDB) e, por isso, queria receber o investimento de volta por meio do esquema.
Guizardi contou que era o responsável por cobrar a propina dos empresários que integravam o cartel, no valor de 5% dos contratos e das medições que os mesmos tinham a receber da Seduc. Até a deflagração da operação, o esquema teria rendido R$ 1,2 milhão, de acordo com ele.
Desta porcentagem, segundo Guizardi, 25% eram destinados ao presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf (PSDB); outros 25% para o então secretário de Educação, Permínio Pinto; 25% para o empresário Alan Malouf; 5% para o ex-servidor da Seduc, Fábio Frigeri; 5% para o também ex-servidor Wander Luis dos Reis e 10% restantes ficavam para ele.
Os 5% entregues a Wander seriam “a titulo de administração do esquema (combustível, telefone celulares, energia, aluguel da sala comercial no Edifício Avant Garden – onde as reuniões do grupo criminoso eram realizadas – entre outras despesas)”, disse Guizardi, em seu depoimento.
Na quinta-feira (15), o ex-secretário da Seduc, Permínio Pinto, também confessou que "permitiu" e se omitiu sobre o esquema de propinas e fraudes em licitações que teria sido operado na secretaria. Além disso, o ex-secretário disse que também se beneficiou com um percentual do dinheiro arrecadado.
Assim como Guizardi, Permínio disse que Alan Malouf foi o responsável por montar o esquema na secretaria.
O ex-servidor da Seduc, Fábio Frigeri, foi outro réu que afirmou ter sido convidado por Alan Malouf a integrar o esquema.
Leia a íntegra da nota da defesa de Alan Malouf:
"A defesa de Alan Malouf informa que o empresário prestou depoimento na tarde desta sexta-feira (16), na sede do Gaeco, e que foi importante para poder exercer seu direito constitucional de ampla defesa.
Como o processo corre em segredo de justiça, o teor do depoimento é sigiloso e as manifestações da defesa ocorrerão somente nos autos do processo.
O empresário já apresentou bens como forma de garantir o juízo para eventual ressarcimento, até que se encerre o processo.
Reiteramos que desde o inicio das investigações ele está à disposição das autoridades, tendo, inclusive, se apresentado espontaneamente para o cumprimento da decisão que determinou sua prisão, demonstrando que não irá atrapalhar qualquer investigação, bem como tem prestado as informações solicitadas para o esclarecimento dos fatos".
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