CAMILA RIBEIRO, THAIZA ASSUNÇÃO E CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO
O cabo da PM Gerson Correa afirmou que o Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) vazou para imprensa áudios sigilosos de interceptações realizadas no âmbito da Operação Ouro de Tolo, deflagrada em 2015.
A afirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (27), durante reinterrogatório na 11ª Vara Militar do Fórum de Cuiabá. Correa é réu da ação penal que apura um esquema de grampos ilegais operado em Mato Grosso.
Um dos áudios vazados de dentro do Gaeco, conforme o militar, foi de uma conversa mantida entre o ex-governador Silval Barbosa e o desembargador Marcos Machado.
Esses áudios que foram vazados, em especial o do Silval e do Marcos Machado, foi passado pelo promotor Marco Aurélio. Eu não tenho dúvida de onde saiu esse áudio
À época, a esposa de Silval, a ex-primeira-dama Roseli Barbosa – um dos alvos da Operação Ouro de Tolo – estava presa.
"Nós, da Polícia Militar, por várias vezes discutíamos sobre vazamentos de áudios sigilosos. Nessa operação 'Ouro de Tolo', todas as conversas que eram relevantes eram gravadas e as conversas levadas para o promotor Marco Aurélio (então chefe do Gaeco)", disse o cabo, em seu depoimento.
"Esses áudios que foram vazados, em especial o do Silval e do Marcos Machado, foi passado pelo promotor Marco Aurélio. Eu não tenho dúvida de onde saiu esse áudio", afirmou.
Acusações contra o MPE
Ainda em seu depoimento, o cabo fez outras acusações contra o Ministério Público Estadual, ao qual o Gaeco é ligado.
Ele disse, por exemplo, que a prática de “barriga de aluguel” – quando números de pessoas sem envolvimento em crime são listados como sendo de alvos de investigações policiais - foi utilizada na Ouro de Tolo.
Segundo Correa, seis números foram inseridos em nome de Roseli no relatório de interceptação, entre eles o de Silval Barbosa, além dos filhos do casal: Rodrigo Barbosa, Ricardo Barbosa e Carla Barbosa, que não eram investigados.
O cabo revelou ainda uma suposta irregularidade cometida em uma investigação do Gaeco para apurar possível trama de atentado contra a então juíza Selma Arruda, em 2015.
Segundo ele, foi criada uma “estória cobertura” com anuência do então coordenador do grupo, Marco Aurélio, e da própria magistrada para interceptar os supostos mentores do atentado.
Outro Lado
Em nota encaminhada à imprensa nesta tarde, o Gaeco afirmou que não se utiliza de qualquer prática ilícita na obtenção da prova.
“O Gaeco esclarece que, pelo teor das matérias divulgadas na imprensa, os fatos apontados pelo cabo Gérson Corrêa não configuram “barriga de aluguel”. A utilização de dados cadastrais obtidos em investigações não é vedada e não pode ser confundida com “barriga de aluguel”.
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