LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Pedro Nadaf, preso desde setembro de 2015, será submetido a um novo interrogatório na ação penal derivada da 1ª fase da Operação Sodoma.
O reinterrogatório, marcado para a tarde do dia 15 de agosto, foi pedido pela defesa de Nadaf e autorizado pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
A ação penal derivada da 1ª fase da Sodoma apura suposto esquema que teria lucrado R$ 2,6 milhões, em 2013 e 2014, por meio da exigência de propina para a concessão de incentivos fiscais ao empresário João Batista Rosa.
Se ele estivesse firmando esse tipo de acordo não estaríamos ingressando com todas essas medidas nos tribunais superiores
Apesar dos rumores de que o ex-secretário estaria firmando um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE), o advogado de Nadaf, Alexandre de Abreu, negou qualquer possibilidade de que o reinterrogatório serviria como confirmação judicial dos fatos narrados na suposta delação.
“Se ele estivesse firmando esse tipo de acordo não estaríamos ingressando com todas essas medidas nos tribunais superiores. Eu coloquei recursos no STJ, semana que vem colocarei no Supremo Tribunal Federal . Não teria sentido esse esforço imenso se houvesse acordo de delação. O acordo de delação pressupõe a renúncia de todos os recursos”, afirmou.
Alexandre Abreu adiantou que, no novo interrogatório, Nadaf irá esclarecer todas os fatos atribuídos a ele pelas testemunhas.
“Muita coisa surgiu. O processo se desenrola há quase 12 meses. E, com isso, entendemos que ele precisa esclarecer algumas coisas em relação a muitos dos fatos que foram postos. Ele foi uma das pessoas mais citadas nessa operação. Nós vamos pegar todos os depoimentos e, aquilo que ficou incongruente e conflituoso, ele vai esclarecer. Ele vai esclarecer tudo o que foi dito, todos os fatos ditos por testemunhas que permeiam a pessoa dele“, afirmou Abreu.
Sodoma 1
Na ação penal da Sodoma 1, além de Nadaf, também são réus: o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi; o ex-governador Silval Barbosa (PMDB); o procurador aposentado do Estado, Francisco Andrade de Lima Filho, o Chico Lima; o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio Cézar Corrêa Araújo; e a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cecília de Oliveira Cintra.
Na denúncia, Nadaf é acusado de ter exigido do empresário João Batista Rosa (delator do esquema) a renúncia de um crédito de R$ 2,5 milhões em favor do grupo criminoso, além de ter exigido propinas mensais para manter as três empresas do delator em programa que concedia benefícios fiscais.
Segundo a promotora de Justiça Ana Bardusco, o ex-secretário utilizava de sua condição de presidente da Fecomércio para manter relações estreitas e ganhar a confiança do empresariado mato-grossense, o que era de interesse da organização criminosa.
A promotora destacou que, de 2011 a 2014, boa parte dos 246 cheques pagos pelo delator João Batista a título de propina foram entregues pessoalmente a Nadaf na sede da Fecomércio.
De acordo com a denúncia, o término da gestão Silval Barbosa não impediu Nadaf de dar prosseguimento ao esquema, sendo que apenas mudou o local de onde operava os alegados crimes.
“Necessário reconhecer que ao deixar a administração pública a organização criminosa transferiu o seu “balcão de negócios” da sede do governo estadual para a sede da Fecomércio, fato que fica evidenciado nas reuniões realizada naquele ambiente pela organização criminosa, como ilustram os contatos com o empresário João Rosa, que constantemente era convidado a se reunir com Pedro Nadaf e Marcel Cursi naquela sede”, disse a promotora.
Outra prova do “uso criminoso do espaço físico da Fecomércio” é o fato de a diretora financeira da federação, Karla Cintra, ser considerada o “braço direito” de Nadaf e, em tese, ter colaborado para a lavagem do dinheiro recebido de propina.
“Veja, desse modo, que além de ser responsável por controlar os pagamentos da propina realizada por intermédio da NBC [empresa da qual era sócia], tinha tarefa similar em relação aos cheques diretamente recebidos por Pedro Nadaf. A integração de ações e vontades ente ela e Pedro Nadaf é inquestionável e, foi por intermédio dele, que aderiu a organização criminosa”, ressaltou.
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