LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, por meio de sua defesa, propôs a desistência de uma ação de indenização contra a Revista IstoÉ caso o veículo de comunicação se comprometer a não citar o seu nome em qualquer publicação do periódico.
A proposta foi feita durante audiência de conciliação ocorrida na tarde de segunda-feira (1º de agosto), presidida pelo juiz Yale Sabo Mendes.
Nadaf, que está preso no Serviço de Operações Especiais (SOE) por conta da Operação Sodoma, também exigiu como condição para desistir do processo a publicação de uma retratação por parte da revista, em razão de uma matéria publicada em 2014.
O advogado da revista, Fernando Henrique Luchetti Rodrigues, afirmou que irá levar a proposta para a diretoria da Revista IstoÉ. A nova audiência ocorrerá no dia seis de outubro, ocasião em que três testemunhas serão ouvidas.
O ex-titular da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia está detido desde setembro do ano passado.
Ele é acusado de ser um dos líderes de suposto esquema que exigiria propina de empresários para conceder incentivos fiscais e contratos com o Estado.
Ação de indenização
O processo contra a Revista Istoé foi ingressado em razão de uma reportagem publicada pelo periódico em julho de 2014, intitulada “Transações suspeitas” e subtitulada “Polícia Federal vê indícios de corrupção em compra de propriedade superfaturada pelo SESC, com participação de personagens envolvidos na Operação Ararath”.
Na reportagem, a revista relatou que a Polícia Federal teria encontrado indícios de que Nadaf, na época em que atuou como Presidente da Fecomércio-MT, teria usado a estrutura do Sesc-MT para o suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro investigado na Operação Ararath.
A matéria conta que o Sesc-MT comprou uma fazenda de cinco mil hectares, na região de Barra do Ribeiro Triste, pelo valor de R$ 20 milhões, e que o preço teria sido superfaturado.
A área em questão foi vendida ao Sesc-MT pelo empresário Rodolfo Aurélio Borges de Campos, ex-sócio da construtora Encomind e réu da Ararath nas Justiças Federal e Estadual.
Segundo a revista, o superfaturamento teria sido identificado pela PF por meio de uma avaliação da empresa Edificar Empreendimentos Imobiliários, que apontou que a propriedade valeria apenas R$ 2,5 milhões.
A reportagem relata que a compra foi autorizada pelo então presidente nacional do Sesc, Antônio José Domingues de Oliveira Santos, mas que o contrato teria sido assinado por Nadaf, na condição de à época presidente da Fecomércio-MT.
Ao processar a revista, Nadaf afirmou que a matéria foi escrita “de maneira tendenciosa e irresponsável”. De acordo com o ex-secretário, a revista usou “ilações errôneas para manipular a opinião dos leitores e assim denegrir a imagem do autor perante a sociedade”.
Nadaf disse que as informações descritas eram “inverídicas e infundadas”, uma vez que a empresa Edificar Empreendimentos Imobiliários não possuiria registro junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (CREA-MT).
“Tampouco possui técnico habilitado para realizar avaliação de propriedade rural, conforme resposta da Assessoria Técnica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Mato Grosso à consulta realizada pelo SESC-MT. Afirma que dois técnicos habilitados avaliaram a área adquirira em R$ 28.460.195,03 e R$ 31.841.414,05, respectivamente”, disse.
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