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JUSTIÇA Domingo, 29 de Maio de 2016, 15:37 - A | A

29 de Maio de 2016, 15h:37 - A | A

JUSTIÇA / CONTRATOS DE R$ 5 MILHÕES

Delator: empresas ligadas a Walace não fizeram 30% do previsto

César Zílio diz que gráficas que receberam do Estado apenas “maquiaram” entrega de materiais

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO



O ex-secretário de Estado de Administração, César Zílio, que é um dos delatores da Operação Sodoma, afirmou que duas gráficas ligadas ao ex-prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), que tinham contratos milionários com o Estado, cumpriram no máximo 30% dos serviços gráficos previstos ao Poder Público.

Em seu acordo de colaboração premiada, ele contou que as gráficas Editora de Liz, do empresário Antonio Roni de Liz, e EGP da Silva ME, do empresário Evandro Gustavo Pontes da Silva, apenas “maquiaram” o cumprimento dos contratos, cujos valores pagos pelo Estado (R$ 4,99 milhões) teriam sido usados para financiar a campanha do então candidato Walace Guimarães.

“Que assim fez tudo conforme combinado, determinou a realização parcial do serviço e autorizou o pagamento das gráficas, as quais realizaram, no máximo, de 20% a 30% do que constava nos contratos, tão somente para maquiar o pagamento vultuoso”, diz trecho de sua delação, firmada com o Ministério Público Estadual (MPE) e homologada pela Justiça.

César Zílio relatou que, em 2012, foi procurado por Walace e pelos dois empresários e, neste encontro, o então candidato lhe ofereceu R$ 1 milhão para que auxiliasse a levantar fundos de campanha.

Autorizou o pagamento das gráficas, as quais realizaram, no máximo, de 20% a 30% do que constava nos contratos, tão somente para maquiar o pagamento vultuoso

A arrecadação do dinheiro, segundo Elias, ocorreria por meio da contratação das empresas de Antonio Roni e Gustavo Pontes, que receberiam os pagamentos por serviços gráficos  não prestados ou parcialmente prestados.

Zílio revelou ter ponderado que operações envolvendo tanto dinheiro não poderiam ser realizadas sem a autorização do ex-governador Silval Barbosa, citado na denúncia como “líder da organização criminosa”.

“Pode deixar que isso é um assunto que eu resolvo”, teria respondido Walace, assegurando, segundo o ex-secretário, que iria conversar com o então governador, o que teria ocorrido no mesmo dia 

Por ter permitido o esquema, Silval receberia outro R$ 1 milhão, totalizando R$ 2 milhões em propina.

Em relação à Editora De Liz, o Estado formalizou um contrato administrativo com o objetivo de "confecção de materiais publicitários", no valor de R$ 2.146.564,30.

Com a EGP da Silva, o contrato com o mesmo objeto ficou em R$ 2.850.528,06.

Propina em uma parcela

Na delação, Zílio afirmou que, embora tenha tratado obre as propinas com Walace Guimarães, foi o empresário Antonio Roni de Liz quem pagou o montante de R$ 2 milhões.

“Que Antonio Roni de Liz foi pessoalmente na SAD e fez entrega do valor diretamente ao interrogando em seu gabinete, sendo todo o valor da propina, no montante de R$ 2 milhões entregues ao interrogando mediante cheques de várias empresas do segmento de gráficas, as quais eram parceiras de Walace”, disse.

O ex-secretário contou que, no mesmo dia, entregou R$ 1 milhão em cheques a Silval Barbosa.

Que Antonio Roni de Liz foi pessoalmente na SAD e fez entrega do valor diretamente ao interrogando em seu gabinete

“Que dentre esses cheques estavam os cheques usados pelo interrogando da Editora de Liz e da empresa EGP da Silva ME na aquisição do terreno”, afirmou Zílio, se referindo ao terreno de R$ 13 milhões que confessou ter comprado com dinheiro de propina.

De acordo com Zílio, Walace Guimarães “tinha o controle” sobre os dois empresários, que também foram denunciados na Sodoma.

“Tanto que após sua eleição, Evandro se tornou seu secretário, salvo engano do DAE [Departamento de Água e Esgoto]”.

A denúncia

Segundo a denúncia, assinada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, o grupo era dividido em várias ramificações, e cada uma das ramificações possuíam graus hierárquicos.

Silval Barbosa é apontado como o líder da organização, "responsável por articular e coordenar as ações dos demais integrantes". O grupo criminoso atuaria exigindo pagamento de propina para conceder incentivos fiscais e para manter contratos de empresas com o Governo do Estado.

Na divisão secundária figuram os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Cezar Zílio ePedro Elias; o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Correa Araújo; o ex-procurador do Estado Chico Lima; a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; e o filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa.

“Os indícios apontam que a organização criminosa atuou de forma perene durante toda a gestão de Silval Barbosa, provocando prejuízo a toda a população mato-grossense, que até hoje arca com as consequências das ações criminosas de seus membros, frente ao sucateamento da máquina administrativa, ausência de investimento em infraestrutura, na saúde, segurança e educação pública, etc”, diz trecho da denúncia.

Já José Geraldo Riva foi denunciado após o depoimento do empresário Paulo Mischur,d a empresa Consignum, alvo da 2ª fase da Sodoma.

Mischur relatou que pagou R$ 17,6 milhões ao grupo liderado por Silval e a José Riva para manter o contrato que tinha com o Estado.

O ajuste da propina, conforme a ação, teria sido feito com a ajuda do empresário Tiago Dorileo, que também é alvo da Operação Ararath.

O grupo também teria exigido R$ 1 milhão da Zetra Soft, do empresário Fábio Drumond, para que a empresa passasse a gerenciar os empréstimos consignados dos servidores – tarefa então feita pela Consignum.

A tratativa, no entanto, acabou não sendo efetivada e o contrato – assim como as supostas propinas pagas para mantê-lo – continuou com a empresa de Mischur.

Também foi denunciado o servidor Bruno Sampaio Saldanha, que atualmente está no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT).

Ele teria exigido propina para fazer “vistas grossas” ao contrato do empresário Julio Tisuji, da empresa Webtech, que também confessou ter pago valores ao grupo criminoso.

Quanto ao prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães, consta na denúncia que ele ofereceu R$ 1 milhão, em 2012, ao então secretário de Administração, César Zílio, para que o Poder Público pagasse valores a gráficas – por serviços inexistentes ou incompletos - no intuito de levantar dinheiro para pagar custos de campanha.

Entre as gráficas estavam as de propriedade dos empresários Antonio Roni de Luz e Evandro Gustavo Pontes da Silva, igualmente denunciados.

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