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JUSTIÇA Quarta-feira, 28 de Setembro de 2016, 12:02 - A | A

28 de Setembro de 2016, 12h:02 - A | A

JUSTIÇA / CONVERSA NA CADEIA

Delator: Marcel de Cursi o orientou a “morrer negando” os crimes

Encontro ocorreu quando os dois estavam detidos no Centro de Custódia da Capital (CCC)

LUCAS RODRIGUES E ANA FLÁVIA CORRÊA
DA REDAÇÃO



O ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto, afirmou que o ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, o orientou a “aguentar a pressão” e “morrer negando” os crimes cometidos pela suposta organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

A revelação de Dalberto, que é delator das operações Sodoma e Seven, foi dada em depoimento à Polícia Civil.

A “orientação” de Cursi teria ocorrido quando ambos estavam detidos no Centro de Custódia da Capital (CCC), em fevereiro deste ano.

O fato foi citado na decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, que determinou a prisão de vários integrantes da suposta organização criminosa na 4ª fase da Operação Sodoma, deflagrada nesta semana.

Foi orientado por Marcel no sentido de “aguentar pressão” e “morrer negando”, o que indica sua resistência e seu firme propósito de impedir que a verdade venha à tona e que os fatos sejam elucidados

“Não menos importante é a afirmação do colaborador Afonso Dalberto no sentido de que, quando estava detido no CCC – Centro de Custódia da Capital, foi orientado por Marcel no sentido de “aguentar pressão” e “morrer negando”, o que indica sua resistência e seu firme propósito de impedir que a verdade venha à tona e que os fatos sejam elucidados”, diz trecho da decisão.

Segundo a investigação, o esquema investigado nesta fase ocorreu com a desapropriação de um imóvel no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no valor de R$ 31,7 milhões, pagos à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários.

De todo o valor pago pela desapropriação, 50% - R$ 15.857 milhões – teriam retornado para a organização criminosa liderada, em tese, por Silval Barbosa.

Além de Dalberto, o dono da Santorini, Antônio Rodrigues, e o empresário Filinto Muller também foram responsáveis pelas delações que ajudaram a descobrir o esquema. Pedro Nadaf, ex-secretário de Estado e um dos integrantes do grupo, também colaborou como réu confesso.

Intimidação de Silval

Em seu depoimento, Dalberto também relatou que tem medo da família de Silval Barbosa.

“Tanto de Silval como de seu irmão Toninho Barbosa, eis que era corriqueiro nos corredores do governo os dizeres de ‘boca mole formiga come a língua’, ‘quem tem cu tem medo’. Que embora o interrogando nunca recebesse nenhum tipo de ameaça direta possui muito medo por conta de sua situação”.

O ex-presidente do Intermat revelou que se sentiu intimidado por uma conversa iniciada por Silval durante as audiências da Operação Seven, ocorridas no Fórum de Cuiabá, assim como por um “recado” recebido quando estava na prisão.

“Que afirma, ainda, que durante audiência realizada no Fórum de Cuiabá referente a operação Seven se encontrava aguardando para ser chamado para audiência, estava na companhia de Pedro Nadaf e Silval Barbosa, ocasião em que Silval Barbosa o indagou porque o interrogando não conversa com eles, que na verdade eram eles seus verdadeiros amigos e que os inimigos estavam do outro lado, se referindo à justiça”.

“Que posteriormente, quando já se encontrava no Centro de Custódia, Silval lhe mandou um recado por Pedro Nadaf dizendo que se precisasse de advogado poderia contar com sua ajuda. Que o interrogando ficou intimidado com tal abordagem e teme represálias contra sua pessoa bem como sua família".

A operação da Delegacia Fazendária (Defaz) prendeu o ex-secretário de Estado de Planejamento Arnaldo Alves, o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, e o empresário Valdir Piran.

Também tiveram mandados de prisão cumpridos o ex-governador e o ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi que já se encontravam detidos no Centro de Custódia da Capital.

Cinco empresários também foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento. Também foram cumpridos de buscas e apreensão em residências e empresas dos investigados.

Os investigados Valdir Piran e Arnaldo Alves tiveram os mandados de prisão cumpridos em Brasília, com apoio da Polinter do Distrito Federal. Já Chico Lima foi preso no Rio de Janeiro.

A Sodoma 4

Segundo as investigações, o empresário e delator Filinto Muller foi procurado pelo então procurador do Estado Francisco Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”.

 

Chico Lima teria pedido que Filinto criasse uma empresa, em nome de um laranja, para possibilitar a lavagem de dinheiro da organização.

Esta empresa, segundo a Polícia, recebeu várias transferências bancárias da Santorini Empreendimentos, por meio do advogado Levi Machado de Oliveira, no intuito de “lavar” a propina.

A Polícia ressaltou que a Santorini tinha autorização para expropriar a área desde 1997, mas só em 2011, por meio do sócio Antônio Rodrigues de Carvalho, pediu que o Estado adquirisse a área pelo valor de R$ 37,1 milhões.

Porém, apenas no final de 2013, o então chefe de gabinete de Silval, Sílvio Araújo, encaminhou o pedido a Chico Lima, para que este elaborasse um parecer.

Segundo a Polícia, apenas 55 hectares (no valor de R$ 17,8 milhões) estavam aptos a serem desapropriados, mas a organização aumentou a área de terra a ser apropriada para 97,5 hectares, “a fim de obter lucro”.

O delator e sócio da Santorini, Antônio Rodrigues de Carvalho, contou que, em janeiro de 2014, foi a uma reunião agendada com Chico Lima e o então secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, na sede da Sefaz. Nesta reunião, segundo ele, Cursi exigiu que 50% do valor que seria pago pela desapropriação retornasse para o grupo criminoso.

Dias depois, de acordo com a representação, o à época chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, editou o decreto que autorizou a desapropriação da área, subscrito por Silval Barbosa.

Para legalizar o futuro pagamento da indenização, o então presidente do Intermat, Afonso Dalberto, solicitou que a Sefaz agilizasse recursos para garantir o repasse.

 

Entretanto, como na época o Intermat não possuía dotação orçamentária para fazer o pagamento, o então secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves

 

Neto, teria ajustado dotação orçamentária suficiente para atender a demanda da indenização.

O próximo passo da organização, conforme a Polícia, foi a abertura de decretos orçamentários que viabilizaram créditos suplementares para a regularização fundiária.

Assim, entre maio e outubro de 2014, foram publicados sete decretos que possibilitaram que os R$ 31,7 milhões fossem pagos pela área. O ex-secretário Pedro Nadaf detalhou como foi feita a lavagem de dinheiro do esquema, durante depoimento em que confessou os crimes, trazendo cheques da empresa SF Assessoria emitidos a pessoas próximas.

No esquema, Afonso Dalberto disse que se beneficiou de R$ 606,4 mil. Já o delator Filinto Muller relatou que Chico Lima ajustou com ele que os R$ 15,8 milhões do “retorno” seriam lavados por meio da empresa dele, a SF Assessoria.

As investigações também apontaram que o advogado Levi Machado de Oliveira recebeu uma “comissão” de 3% do montante (R$ 474 mil) para colaborar nas tratativas.

Ainda segundo a Polícia, era Chico Lima o responsável por definir quais membros receberiam as propinas oriundas dos desvios. Além dele próprio, também seriam beneficiários: Silval Barbosa, Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Arnaldo Alves e Afonso Dalberto.

 

A propina recebida por Nadaf e Arnaldo, por outro lado, teria sido lavada com a ajuda do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf. Já a parcela de Silval Barbosa, no valor de R$ 10 milhões, teria sido integralmente repassada ao empresário de factoring Valdir Piran, a título de pagamento de dívidas de campanha.

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