CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
Uma inspeção aos locais onde estão presos os militares investigados por suposta participação no esquema de grampos clandestinos operados em Mato Grosso foi determinada pelo desembargador Orlando Perri, após denúncia dando conta de que um dos militares teria deixado a prisão para ir até a Boate Crystal, frequentada por garotas de programa de Cuiabá.
A informação consta em um relatório de inspeção em unidades policiais militares, produzido pelos juízes Bruno D’Oliveira Marques, da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar da Capital, e Geraldo Fidélis, da 2ª Vara Criminal da Capital.
“A inspeção judicial foi determinada em razão de denúncias (sob apuração) de que o CB PM Gerson Correa teria saído indevidamente do local da custódia, no período noturno, para ir até a Boate Crystal, além de lhe ter sido permitido sair para ‘tomar cerveja’”, diz trecho do relatório, ao qual o MidiaNews teve acesso.
As vistorias foram realizadas no dia 5 deste mês, nas seguintes unidades: Esfap (Escola Superior de Formação e Aperfeiçoamento de Praças), Academia da Polícia Militar Costa Verde, Bope (Batalhão de Operações Especiais), 3º Batalhão da Polícia Militar, 4º Batalhão da PM de Várzea Grande e Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam).
Nestas unidades, estavam presos – no dia da vistoria - os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, o tenente Januário Antônio Edwiges Batista (já em liberdade) e os cabos Euclides Torezan (também em liberdade) e Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior.
Também no relatório, os juízes apontaram que o cabo Gerson Correa teria enviado um e-mail a um colega cobrando um suposto débito.
Segundo documento, o e-mail foi encaminhado no dia 19 de junho, às 15 horas, o que demonstraria que o custodiado tem acesso a internet mesmo estando preso.
Veja fac-símile de trecho do relatório:
Transferência
As irregularidades verificadas pelos magistrados resultaram, inclusive, em um pedido de transferência do cabo para o presídio militar de Santo Antônio do Leverger.
O desembargador Orlando Perri, que determinou as vistorias
“Pois bem. Averiguou-se que o comando da Ronda Ostensiva Tática Móvel (Rotam) tem se mostrado diligente às normas, atendendo com correição às recomendações gerais internas que dispõem sobre a custodia de militar, inclusive mantendo guarda constante e vigilante no acompanhamento do preso, o qual é mantido em alojamento com grade”, diz o documento.
“Inobstante a isso, verificamos que a vigilância foi reforçada após as denúncias que motivaram as inspeções, sendo que, indubitavelmente, o local em que o militar se encontra é inadequado para as prisões em espécie, sendo, pois, imprescindível a sua transferência para o presidio militar de Santo Antônio”.
O mesmo foi pedido em relação ao cabo Euclides Luiz Torezan, que estava detido no 4º Batalhão da PM.
No relatório, os juízes destacaram que foi observada completa ausência de estrutura física no local, o que inviabilizaria a segurança e fiscalização do custodiado.
“Nesse caso, além dos muros serem muito baixos e o acesso a via pública ser fácil, outros cinco detentos estão no mesmo alojamento do custodiado, de modo que, segundo informado, não é possível mantê-los dento do pequeno quarto durante longo período; por isso, os presos ficam recolhidos somente a noite e durante boa parte do tempo ao longo do dia ficam soltos no pátio da unidade, sem vigilância direta”, citou o documento.
Ele, no entanto, já está em liberdade desde o dia 11 de julho.
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