ALLAN PEREIRA
Da Redação
Os desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso criticaram a ação do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) de ter atacado a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e também membro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comparando-a com uma prostitua, "Bruxa de Blair" e ter proferido outras ofensas.
A presidente eleita para o biênio 2023-2024, desembargadora Clarice Claudino, afirma que o episódio é lamentável e merece repúdio.
"Não é possível tolear, seja com que ser humano for, image com alguém que representa a Corte máxima do nosso país. Então, realmente, foi uma infelicidade total aquela postura de alguém que tem informação, mas que, no momento de desvario muito grande, acaba se transformando em um exemplo a não ser seguido. Isso é extremimismo, rebeldia; isso não é democracia", disse para a imprensa.
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O corregedor-geral eleito para a mesma magistratura, desembargador Juvenal Pereira, aponta que não se pode admitir ataques sem motivo justo e por se sentir inconformado com decisões judiciais.
"Decisões têm que ser cumpridas. Aquelas transitadas em julgado têm que ser cumpridas. O que competir ainda recurso, se deve recorrer", disse.
Não vou nem comentar isso por que dá voz a um negócio tão absurdo. Uma critica a uma decisão é uma coisa; uma ofensa, o que ele fez com a ministra, é absurdo
Já o atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, disse que não dá nem para comentar a atitude tomada pelo ex-deputado.
"Isso é reprovável, independente se fosse a ministra Carmen Lucia ou outro ministro, em que situação for. Aquilo não dá nem para comentar um atitude daquelas tomada por uma pessoa que já exerceu o cargo de legislativo. É uma pessoa pública, um comunicador, tem larga experiência. Então, isso é totalmente reprovável. Não vou nem comentar isso por que dá voz a um negócio tão absurdo. Uma critica a uma decisão é uma coisa; uma ofensa, o que ele fez com a ministra, é absurdo", diz.
A atual presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Maria Helena Póvoas, também divulgou uma nota de repúdio e afirma que os ataques do ex-deputado atingem todas as mulheres.
"A jurista, professora e magistrada Carmem Lúcia tem uma ilibada história profissional, cuja reputação a credencia para pairar acima de ataques chulos como o engendrado pelo ex-deputado. Ainda assim, sua defesa se faz necessária, visto que as ofensas à ministra atingem todas as mulheres brasileiras, na medida em que refletem a cultura machista deste país, onde a crítica ao exercício profissional de uma mulher ultrapassa as barreiras da civilidade e chega à barbárie de ofendê-la em razão de seu gênero", destaca.
Entenda o caso - Roberto Jefferson fez um vídeo atacando e comparando a ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Cármen Lúcia a uma prostituta e a ofendendo com xingamentos do tipo "arrombada" e "vagabunda", além de chamá-la "Bruxa de Blair" e "Carmen Lúcifer".
Os ataques vieram depois de que o TSE decidiu, por 4 votos a 3, a conceder direito de resposta ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) em canais da Jovem Pan - Carmen Lúcia formou maioria favorável ao petista.
A ofensa gravada e divulgada pelas redes sociais da filha, a ex-deputada federal Cristiane Brasil, na sexta-feira (21), foi apenas uma das violações do ex-deputado à prisão domiciliar.
Monitorado por tornozeleira eletrônica e cumprindo prisão domiciliar, ele descumpriu outras medidas como passar orientações a dirigentes do PTB, receber visitas, conceder entrevista e compartilhar fake news.
Diante das violações, o ministro Alexandre de Moraes revogou a prisão domiciliar e determinou sua volta ao regime fechado.
Após o ataque a Cármen Lúcia, Eliziane e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegaram a protocolar no STF um pedido de prisão de Roberto Jefferson.
Além da prisão determinada por Alexandre de Moraes ainda na manhã do domingo (23), o ex-deputado também teve uma nova prisão em flagrante determinada pelo ministro por suspeita de tentativa de homicídio dos dois policiais federais como reação à ordem de prisão.
Ele lançou uma granada e disparou contra os agentes da Polícia Federal, ferindo dois agentes, no último domingo (23). Após oito horas, ele se entregou para a polícia.
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