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JUSTIÇA Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016, 16:09 - A | A

15 de Fevereiro de 2016, 16h:09 - A | A

JUSTIÇA / OPERAÇÃO CÉLULA-MÃE

Empresários apontam falsificação em notas usadas por Riva

Documentos usados para prestar contas de verba teriam sido falsificados, segundo testemunhas

LUCAS RODRIGUES E AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO



Cinco empresários mato-grossenses afirmaram à Justiça que tiveram o nome de seus estabelecimentos usados de forma fraudulenta na prestação de contas do ex-deputado estadual José Riva, entre 2011 e 2014, no que tange aos gastos com a verba de suprimento da Assembleia Legislativa – hoje extinta.

As declarações foram dadas à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, durante audiência da Operação “Célula-Mãe”, realizada na tarde desta segunda-feira (15), no Fórum da Capital.

Em depoimento, os empreendedores confirmaram a versão que já haviam apresentado ao Ministério Público Estadual (MPE): a de que nunca emitiram as notas fiscais, não

Estamos horrorizados, espero ouvir aqui a resposta de quem fez isso e como foi feito. Quero saber o porquê o nome da minha empresa veio parar aqui

forneceram bens ou serviços à Assembleia Legislativa e nem receberam qualquer valor que o Legislativo, em tese, teria pago a eles.

O empresário Márcio Greike da Silva, dono da empresa América Papelaria Informatica Ltda, foi um dos que apontou a alegada fraude. Na prestação de contas de Riva, consta que a papelaria teria recebido oito pagamentos de R$ 4 mil, em um total de R$ 32 mil.

“Estas notas fiscais não foram emitidas pela minha empresa. Apresentei as notas fiscais dessas numerações autenticadas ao Dr. Roberto Turin [promotor de Justiça], com valores muito abaixo desta quantia. Estas notas são falsas. Não faço ideia de quem possa ter falsificado”, depôs.

Do mesmo ramo de negócios, a empresa Alaide Lourdes Pereira Xavier, ex-proprietária da Papelaria Criativa, apresentou versão idêntica e disse estar “horrorizada” com a possível falsificação.

As notas apreendidas apontaram um gasto de R$ 64 mil supostamente feito pelo gabinete de Riva à papelaria.

”Nunca fiz venda para a Assembleia Legislativa, nem para qualquer servidor do órgão. Comercializava para estudantes da região, pequenos empresários", disse ela.

"Espero que descubram como estas notas foram usadas. Estamos horrorizados, espero ouvir aqui a resposta de quem fez isso e como foi feito. Quero saber o porquê o nome da minha empresa veio parar aqui", reclamou a empresária.

Nenhuma dessas notas fiscais foi emitida pela empresa. Já usava a impressora matricial, não eram assinadas manualmente. Certeza que alguém as falsificou

Dono da Papelaria do Sul (DS Papelaria Ltda”, o empresário Eder Matos de Moura alegou que a única negociação que fez com a Assembleia foram vendas de baixo valor ao deputado Dilmar Dal Bosco (DEM).

“Nenhuma dessas notas fiscais foi emitida pela empresa. Já usava a impressora matricial não eram, assinadas manualmente. Certeza que alguém as falsificou", alegou

Ele também reforçou que nunca participou de licitação ou comercializou produtos com a Assembleia.

Ainda prestaram depoimento no mesmo sentido a empresária Maria Taques da Silva, dona do Restaurante Doce Sabor, e o empresário João Pereira Santos, proprietário da Decorações Cuiabá.

A operação

A Operação Célula-Mãe foi deflagrada em outubro de 2015 e culminou na prisão do ex-deputado José Riva e dos os servidores Monoel Marques, Geraldo Lauro e Maria Helena Caramelo(os dois últimos ex-chefes de gabinete do ex-parlamentar)

O suposto esquema teria desviado cerca de R$ 1,7 milhão dos cofres públicos e contado com a participação de servidores e advogados. O estratagema consistia na simulação de compras para justificar os gastos com as “verbas de suprimentos”, que eram recebidas no gabinete do então parlamentar, entre 2011 e 2014.

Além deles, outros 21 réus respondem a uma ação em separado pelos mesmos fatos.

Segundo as investigações, José Riva  comandaria o suposto esquema e os servidores seriam os responsáveis por receber o dinheiro das verbas de suprimentos, montar as fraudes, coagir servidores e “blindar” o ex-deputado.

Conforme o Gaeco, Riva se utilizava de parte do dinheiro para a manutenção de “mensalinho” para políticos e lideranças do interior do Estado.

Além disso, as investigações concluíram que os recursos bancariam uma série de “mimos”, que seriam distribuídos a "inúmeras pessoas físicas e jurídicas, tanto da Capital, como do interior de Mato Grosso".

Entre os itens citados pelo Gaeco, estão a distribuição de uísques, o pagamento de festas de formaturas (inclusive, de faculdades particulares), jantares, serviços de massagistas, entre outros.

O promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro também constattou que o ex-deputado se utilizava dos recursos desviados para abastecer suas aeronaves particulares e custear despesas com honorários advocatícios.

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