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JUSTIÇA Quinta-feira, 29 de Setembro de 2016, 15:07 - A | A

29 de Setembro de 2016, 15h:07 - A | A

JUSTIÇA / "BRAÇO ARMADO"

Ex-adjunto nega esquema: "Nunca recebi um centavo"

José Cordeiro teria dado parecer favorável à negóciação ilícita de compra de área de R$ 7 milhões

LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO



O ex-secretário adjunto da Secretaria de Estado de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro, negou ter participado do suposto esquema investigado na Operação Seven, deflagrado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).

José Cordeiro, que está preso no Batalhão de Operação Policiais Especiais (Bope) por conta da Operação Sodoma, foi interrogado na tarde desta quinta-feira (29) pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum de Cuiabá.

Em sua oitiva, ele negou ter integrado o esquema, que teria desviado R$ 7 milhões do Estado por meio da compra de uma área de terra na região do Manso, que pertencia ao médico Filinto Corrêa da Costa. A área, segundo as investigações, já pertencia ao Estado e foi adquirida novamente em 2014, de forma ilegal e superfaturada.

A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo

"A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo", disse.

O ex-secretário adjunto é apontado como o "braço armado"da organização criminosa liderada, em tese, pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), ele teria a função de agilizar os esquemas dentro da secretaria e também de ameaçar os integrantes que não colaborassem ou resolvessem delatar os crimes.

Nesse processo, ele é acusado de ter dado parecer favorável para a compra da área, mesmo sabendo das ilegalidades.

Confira como foi a audiência:

Opinião sobre o terreno (atualizado ás 14h45)

No interrogatório, o réu disse que não teve participação no esquema.

"A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo".

José Cordeiro alegou que não fez uma avaliação sobre o terreno, mas um simples parecer pela viabilidade de o Estado adquirí-lo.                  

"Quem me procurou na Sad foi o secretario adjunto da Sema [Secretaria de Estado de Meio Ambiente], Wilson Taques, dizendo que esse processo só iria tramitar com manifestaçãoo da Sad. Eu disse que não teria necessidade, mas ele insistiu que precisava. Com isso eu fiz o parecer".

Segundo Cordeiro, a única avaliação que ele teve acesso, na época, foi do proprietário da área, Filinto Corrêa da Costa.

"Se teve sobpreço não posso afirmar, porque não foi feita a avaliação. A unica avaliação era do seo Filinto. O Wilson pediu minha manifestação porque o processo era importante para a Sema. Se ele teve envolvimento eu não sei".

Parecer indispensável (atualizada às 14h47)

Se teve sobpreço não posso afirmar, porque não foi feita a avaliação

O promotor de Justiça Marcos Bulhões questionou José Cordeiro qual era a diferença entre avaliação e parecer.

"A avaliação é feita por um profissional de engenharia, o parecer é uma opinião pessoal".

Bulhões então indagou porque o ex-secretário deu uma opinião sobre a área.

"Porque o secretário Wilson Taques disse que, se não tivesse uma manifestação da Sad, não teria o andamento do processo. E, segundo ele, o processo era importante para a Sema. O parecer era indispensável".

Bulhões questiona novamente do porque então o coronel não fez a manifestação no sentido de que o parecer era indispensável.

"Quem ia executar a desapropriação não era a Sad. Eu não sei porque não fiz o parecer nesse sentido,  eu não sabia que tinha outros interesses". 

"Pelo o que eu sei a área está no nome do Filinto até hoje, se ele quiser ele pode vender de novo. O Estado não fez a transferência.

Menor preço (atualizado às 14h58)

O coronel garantiu que optou pelo menor preço ao dar o parecer.

"Tinha dois valores: de R$ 15 milhões e R$ 10 milhões. Eu optei pelo menor de R$ 10 milhões. Eu acredito que a área vale R$ 10 milhões".

Bulhões perguntou o porquê de Jesus Cordeiro achar que o terreno tinha tal valor, já que o coronel nunca esteve na área.

"Mas eu tinha informações da avaliação do proprietário, que era uma área pastosa, pronta".

O promotor de Justiça refuta a declaração e diz que os técnicos afirmaram que área não era preparada.

"Mas as informações que eu tenho são essas".                 

O promotor também perguntou quanto tempo o coronel levou para fazer o parecer. "Eu levei uns três dias para fazer, porque o Wilson Taques pediu agilidade"      
 

 

 

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