LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O ex-secretário adjunto da Secretaria de Estado de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro, negou ter participado do suposto esquema investigado na Operação Seven, deflagrado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
José Cordeiro, que está preso no Batalhão de Operação Policiais Especiais (Bope) por conta da Operação Sodoma, foi interrogado na tarde desta quinta-feira (29) pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum de Cuiabá.
Em sua oitiva, ele negou ter integrado o esquema, que teria desviado R$ 7 milhões do Estado por meio da compra de uma área de terra na região do Manso, que pertencia ao médico Filinto Corrêa da Costa. A área, segundo as investigações, já pertencia ao Estado e foi adquirida novamente em 2014, de forma ilegal e superfaturada.
A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo
"A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo", disse.
O ex-secretário adjunto é apontado como o "braço armado"da organização criminosa liderada, em tese, pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), ele teria a função de agilizar os esquemas dentro da secretaria e também de ameaçar os integrantes que não colaborassem ou resolvessem delatar os crimes.
Nesse processo, ele é acusado de ter dado parecer favorável para a compra da área, mesmo sabendo das ilegalidades.
Confira como foi a audiência:
Opinião sobre o terreno (atualizado ás 14h45)
No interrogatório, o réu disse que não teve participação no esquema.
"A denúncia é falsa. Eu nunca participei de organização criminosa, tanto é que que eu nunca recebi nenhum centavo".
José Cordeiro alegou que não fez uma avaliação sobre o terreno, mas um simples parecer pela viabilidade de o Estado adquirí-lo.
"Quem me procurou na Sad foi o secretario adjunto da Sema [Secretaria de Estado de Meio Ambiente], Wilson Taques, dizendo que esse processo só iria tramitar com manifestaçãoo da Sad. Eu disse que não teria necessidade, mas ele insistiu que precisava. Com isso eu fiz o parecer".
Segundo Cordeiro, a única avaliação que ele teve acesso, na época, foi do proprietário da área, Filinto Corrêa da Costa.
"Se teve sobpreço não posso afirmar, porque não foi feita a avaliação. A unica avaliação era do seo Filinto. O Wilson pediu minha manifestação porque o processo era importante para a Sema. Se ele teve envolvimento eu não sei".
Parecer indispensável (atualizada às 14h47)
Se teve sobpreço não posso afirmar, porque não foi feita a avaliação
O promotor de Justiça Marcos Bulhões questionou José Cordeiro qual era a diferença entre avaliação e parecer.
"A avaliação é feita por um profissional de engenharia, o parecer é uma opinião pessoal".
Bulhões então indagou porque o ex-secretário deu uma opinião sobre a área.
"Porque o secretário Wilson Taques disse que, se não tivesse uma manifestação da Sad, não teria o andamento do processo. E, segundo ele, o processo era importante para a Sema. O parecer era indispensável".
Bulhões questiona novamente do porque então o coronel não fez a manifestação no sentido de que o parecer era indispensável.
"Quem ia executar a desapropriação não era a Sad. Eu não sei porque não fiz o parecer nesse sentido, eu não sabia que tinha outros interesses".
"Pelo o que eu sei a área está no nome do Filinto até hoje, se ele quiser ele pode vender de novo. O Estado não fez a transferência.
Menor preço (atualizado às 14h58)
O coronel garantiu que optou pelo menor preço ao dar o parecer.
"Tinha dois valores: de R$ 15 milhões e R$ 10 milhões. Eu optei pelo menor de R$ 10 milhões. Eu acredito que a área vale R$ 10 milhões".
Bulhões perguntou o porquê de Jesus Cordeiro achar que o terreno tinha tal valor, já que o coronel nunca esteve na área.
"Mas eu tinha informações da avaliação do proprietário, que era uma área pastosa, pronta".
O promotor de Justiça refuta a declaração e diz que os técnicos afirmaram que área não era preparada.
"Mas as informações que eu tenho são essas".
O promotor também perguntou quanto tempo o coronel levou para fazer o parecer. "Eu levei uns três dias para fazer, porque o Wilson Taques pediu agilidade"
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.