LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O ex-corretor Ricardo Oliveira França afirmou, em depoimento à Justiça, que não desconfiava da existência de ilegalidades no contrato de compra e venda de um terreno de R$ 13 milhões, na Avenida Beira Rio, em Cuiabá.
O referido terreno foi adquirido pelo ex-secretário de Estado de Administração, César Zílio, com dinheiro oriundo de propina. O contrato foi assinado pela empresa Matrix Sat, do arquiteto José da Costa Marques, que, em delação premiada, afirmou ter sido usado como “laranja” pelo ex-secretário.
"Eu não desconfiava de nenhuma ilegalidade no negócio. Com minha experiência, tinha certeza de que era lícito", disse ele nesta quinta-feira (25), em audiência realizada na Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum da Capital.
Ricardo França, que relatou não atuar mais como corretor desde 2013, afirmou que tinha certeza que era o arquiteto quem estava comprando o imóvel, que pertencia aos empresários André Maggi, Samuel Maggi, Gustavo Bongiolo, Paulo Gasparotto e Mário Pirondi.
“Para mim o comprador era o José da Costa Marques. Não sabia de outras pessoas no negócio. Até porque ele já fez vários negócios dessa maneira, é um arquiteto bem conhecido”.
Eu não desconfiava de nenhuma ilegalidade no negócio. Com minha experiência, tinha certeza de que era lícito
Em depoimento à juíza Selma Arruda, Ricardo França disse que, durante a negociação, só teve contrato com o arquiteto e o sobrinho do mesmo. “Foi o sobrinho dele que me procurou mostrando um projeto. Ele [sobrinho] sabia que eu conhecia os donos da área”.
“O José da Costa Marques disse que tinha um parceiro para a construção de um shopping na área e que ele [o parceiro] estaria à frente dos negócios. Eu enquanto corretor não ficava questionando quem era ou não, pouco importava. Até porque o contrato era bem amarrado”, contou.
Ricardo França disse que recebeu um cheque dos donos do terreno, em 2013, como pagamento da comissão por ter intermediado a venda do imóvel.
“Não vi de quem era o cheque. Pouco importava de quem era o cheque”. Ele também afirmou que recebeu cheques do arquiteto para efetuar o pagamento do imóvel. “Nunca nem olhei a origem. Teve cheque que voltou, e depois ele [José da Costa marques] depositou outro. Teve atrasos, ele dizia que seu parceiro no negócio estava vendendo gado”, finalizou.
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