TARLEY CARVALHO
FOLHAMAX
O ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, que deixou o Centro de Custódia de Cuiabá no início da tarde desta sexta-feira (24), foi o único dos réus na “Operação Bereré” a conversar com a imprensa. Além dele, já saíram da prisão o irmão dele, o advogado Pedro Jorge Zamar Taques, e o deputado estadual Mauro Savi (DEM).
Em sua fala, Paulo Taques afirmou que irá recorrer da decisão do pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que acatou o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual. Ele é acusado de receber cerca de R$ 2,6 milhões de propina referente ao contrato entre a EIG Mercados e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT).
“Eu aprendi nos meus 22 anos de advocacia que decisão judicial não se discute. Ou se aceita e cumpre ou não concorda e recorre. Eu não concordo com o recebimento da denúncia e vamos recorrer para que essa denúncia não seja recebida, essa ação penal seja trancada e eu fique livre de responde-la”, disse.
O ex-chefe da Casa Civil explicou que a denúncia está baseada na declaração de um delator e “não existe uma linha de provas” de que ele tenha praticado ilícitos neste contrato. Ele também isentou seu irmão de participação no esquema.
“O Ministério Público ofereceu denúncia de 400 páginas, acompanhada de um processo de 5 mil páginas. E se procurarmos dentro destas quase 6 mil páginas, não há uma linha de prova contra mim ou meu irmão. Eu li o processo, até porque o que temos aqui dentro é tempo. Há somente a fala de um falso delator, imputando a mim o recebimento de um valor. Nós já temos na própria lei da delação, que a fala do delator não serve para condenar ninguém se não tiver provas”, contou.
Paulo Taques, que é acusado de ter recebido a propina por intermédio do empresário José Kobori, também réu no esquema, afirmou que extratos bancários comprovam que o dinheiro não chegou até sua pessoa. “Seu José Kobori apresentou extratos mostrando o destino deste dinheiro. Em consequência disso, fui acusado de lavagem de dinheiro. Mas se não recebi nenhum dinheiro, que dinheiro eu lavei”, questionou.
Ele também nega ter participado de organização criminosa, já que não tem relação com nenhum dos envolvidos no esquema. “Dos 58 denunciados, tenho contato só com um, que é meu irmão. Por isso, não concordo com recebimento da denúncia e vou buscar recursos nas cortes superiores para não responder a ação penal”, frisou.
Solto, Paulo Taques e outros réus passam a cumprir as medidas cautelares impostas pelo desembargador José Zuquim Nogueira. Os réus deverão comparecer mensalmente, pelo período de seis meses, ao juízo para informar suas atividades, atualizar endereço e telefone.
Eles também estão proibidos de deixarem o país. Eles também estão obrigados a comparecer a todos os atos processuais quando forem intimados. Por último, no período noturno e nos dias de folga, os réus deverão se recolher domiciliarmente.
Soltura
A soltura dos presos na “Operação Bereré” foi determinada na noite de ontem, em sessão do pleno do Tribunal de Justiça. Após acolherem, por unanimidade, a denúncia contra os réus, os desembargadores decidiram, por 9 votos a 8, soltar os réus.
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