LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves, negou ter integrado o suposto esquema que teria desviado R$ 7 milhões dos cofres do Estado, em 2014, por meio da compra de um terreno na região do Manso.
Durante interrogatório que ocorreu no Fórum de Cuiabá, na tarde desta segunda-feira (03), ele disse - chorando - que a denúncia do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) contra ele era "falsa". O caso é investigado na Operação Seven.
"A denúncia é falsa em relação a minha pessoa. Não existe no sistema da Seplan qualquer tipo de fraude", disse ele, que está preso por conta da 4ª fase da Operação Sodoma.

Eu me sinto bastante chateado com isso, porque eu passei esses 20 anos no Estado e eu nunca cometi nada ilegal
Na ação da Seven, Arnaldo Alves é acusado de ter colaborado para que o Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) adquirisse a área de terra que, segundo a denúncia, já pertencia ao Estado e foi adquirida novamente de forma irregular e superfaturada do médico Filinto Corrêa da Costa.
Parte dos R$ 7 milhões pagos pelo terreno teriam retornado ao grupo liderado, em tese, pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), para pagamento de despesas pessoais, favores políticos e dívidas de campanha.
Confira como foi a audiência.
Arnaldo Alves chora e nega acusação (atualizado às 14h34)
O ex-secretário Arnaldo Alves iniciou seu depoimento chorando e negando as acusações.
"A denúncia é falsa em relação a minha pessoa. Não existe no sistema da Seplan qualquer tipo de fraude. Esse sistema foi feito no governo Blairo Maggi para facilitar isso. Todos esses processos podem ser acompanhado pela população, online. É tudo documentado".
"Nunca fiz nenhuma coisa que pudesse me envergonhar" (atualizado às 14h42)
Segundo Arnaldo Alves, a suplementação autorizada por ele - que possibilitou a compra do terreno - foi "legal".
"É um processo normal, os processos são todos automáticos. Mas eu não ordenei nenhuma despesa, senão seria um dolo da minha parte".

Eu não tinha conhecimento que seria para compra desse terreno. Eu fiquei sabendo após a deflagração da operação, não tinha necessidade nenhuma de eu saber
"Eu me sinto bastante chateado com isso, porque eu passei esses 20 anos no Estado e eu nunca cometi nada ilegal. Eu nunca fiz nenhuma coisa que eu pudesse me envergonhar", disse ele, que voltou a chorar.
"Disseram na denúncia que eu fiz essa autorização no último dia da gestão para que o esquema não fosse descoberto. Mas eu volto a afirmar que o sistema é todo automático e isso só ocorreu porque a Lei Orçamentária Anual ainda não havia sido publicada".
Recurso sobrando (atualizado às 14h55)
No interrogatório, o ex-secretário explicou como fazia o remanejamento de recursos.
"Eu recebo uma ordem do governador que é para transferir R$ 3 milhões para o MPE, por exemplo. Ele diz que está sobrando recurso em tal secretaria. Eu vou lá e faço o remanejamento com o secretário da pasta. Depois o sistema vai lá e entrega onde foi determinado entregar", contou.
Segundo ele ,o recurso que foi empenhado para o Intermat estava sobrando de uma secretaria e foi remanejado por ele para a compra, com determinação do governador.
"Eu não tinha conhecimento que seria para compra desse terreno. Eu fiquei sabendo após a deflagração da operação, não tinha necessidade nenhuma de eu saber".
Arnaldo Alves disse que não tinha preocupação sobre a destinação que o Intermat daria para tal recurso, pois "não tinha tempo para isso".
"Se hoje tem o Mato Grosso Integrado e parte do VLT foi porque eu trabalhei para isso. Essa questão de suplementação ou remanejamento era rotina, comum no governo. Nessa parte aí não tem uma tomada de tempo especial para isso, é mecânico. Eu me preocupava com outras coisas para o Estado".
Reunião (atualizado às 15h05)
O promotor de Justiça Marcos Bulhões afirmou que a denúncia do MPE relata que houve uma reunião entre os acusados do esquema para falar a respeito da compra ilegal da área. Ele questionou se Arnaldo Alves sobre essa reunião.
"Eu não me recordo dessa reunião com eles. Nós tínhamos várias reuniões, todas essas pessoas faziam parte do Condes (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Sobre essa reunião específica, o senhor me desculpa, mas não estou lembrado disso”.
A defesa do próprio Arnaldo Alves questiona se ele foi o ordenador de despesa do terreno.
"Não, foi o presidente do Intermat", responde, fazendo referência a Afonso Dalberto, réu e delator do esquema.
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