LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO
A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, afirmou que seu filho, o advogado Felipe Arruda, recebeu uma proposta de um corrupto – cujo nome não foi citado – para tentar impedi-la de atuar em processos envolvendo o mesmo.
A revelação foi feita durante entrevista ao programa “O Livre”, apresentado pelo jornalista Augusto Nunes e exibido pela Band MT na última terça-feira (04) - confira o vídeo ao final da matéria.

Essa semana meu filho veio me contar que foi assediado por um corrupto - meu filho é advogado - para ser empregado em um grande escritório de advocacia. Para que quando os processos caírem na minha mão, eu não poder atuar
“Essa semana meu filho veio me contar que foi assediado por um corrupto - meu filho é advogado - para ser empregado em um grande escritório de advocacia. Para que quando os processos caírem na minha mão, eu não poder atuar”.
“E quando eu perguntei 'meu filho, e o que você disse?’. ‘É claro que eu não aceitei, né mãe? Óbvio que não aceitei’”, contou.
O impedimento citado por Selma ocorre pelo fato de o Código de Processo Civil (CPC) não permitir que os magistrados julguem processos envolvendo parentes até o terceiro grau, seja como partes ou advogados.
“Ele poderia ter aceitado, era um salário enorme. A diferença de um corrupto para um íntegro é este: é dizer não”, disse Selma, ao elogiar a atitude do filho.
Corrupção
Na entrevista, a juíza também falou sobre o que ela chama de “cultura de corrupção” e traçou o perfil de quem é corrupto.
“O corrupto é um jogador. É como um traficante, que nada mais é do que um comerciante. Só que ele comercia uma coisa que não pode comerciar”.
De acordo com ela, é preciso mudar essa cultura e trazer o tema de combate à corrupção para a discussão da sociedade.
“Eu sou de uma geração que enfrentou a ditadura na adolescência. E quando houve a abertura, veio o pessoal do humor que tratava as coisas sérias como risada. Aqueles programas de humor que faziam graça com um médico usando 10 km de esparadrapo em uma pessoa que tinha um machucadinho. Todo mundo ria. E você começa a achar graça do que é sério. Começa a achar leve o que é muito pesado. Banaliza, você muda os seus valores. Então a criança vai colar porque é mais fácil. É cultural. “.
“Você chega no hospital e seu marido não é atendido, e ele morre, é porque tem corrupção por trás. E você também é responsável por isso. As pessoas são boas para cobrar, mas não percebem que elas mesmas são responsáveis por tudo o que está acontecendo”, opinou.
Confira parte da entrevista em que a juíza cita a proposta:
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.