DA REDAÇÃO
A disputa pela Fazenda Atlântida - uma área de 780 hectares no município de São Joaquim, em Mato Grosso -, está no centro da investigação do assassinato do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), Renato Gomes Nery. Segundo a Polícia Civil, o crime está ligado a um antigo conflito fundiário envolvendo a família de Cesar Jorge Sechi - ele e a esposa Julinere Goulart Bentos foram presos na manhã dessa sexta-feira (09/04). Ambos são suspeitos de serem os mandantes do homicídio.
A área em litígio é avaliada em R$ 30 milhões e foi repassada a Nery como pagamento de honorários advocatícios, junto ao seu sócio, o também advogado Luiz Carlos Salesse. A origem da disputa remonta a 1988, quando a família Sechi adquiriu o imóvel que já estava em litígio. Após a resolução do litígio, a posse foi transferida à parte vencedora da ação, que pagou aos advogados com a propriedade.
Apesar de decisões judiciais favoráveis a Nery e Salesse, a disputa pela terra se prolongou por décadas e foi notícia ainda em 2020, quando foi considerada encerrada judicialmente. Na época, o juiz Alexandre Meinberg Ceroy, da Vara Única de São Joaquim, rejeitou os "embargos de terceiros" movidos com o objetivo de anular a reintegração de posse. O magistrado reconheceu que os imóveis haviam sido invadidos de forma irregular e que a família Sechi recorria a manobras judiciais para postergar sua permanência indevida na área.
Julinere Goulart Bentos, agora presa, foi multada em R$ 300 mil por litigância de má-fé ao alegar, em embargos de terceiro, que detinha posse legítima dos imóveis e solicitava liminar para suspender a reintegração. Contudo, o juiz apontou que ela não conseguiu comprovar qualquer direito sobre as terras e, ainda, distorceu decisões judiciais para tentar sustentar sua permanência ilegal.
Além disso, Julinere foi acusada de plantar soja nos terrenos mesmo ciente da decisão judicial que reconhecia a propriedade em nome de Nery e Salesse. A sentença também revelou que a empresária produziu documentos falsos na tentativa de induzir o Judiciário ao erro, incluindo uma ata notarial forjada para simular uma suposta invasão — quando, na verdade, tratava-se do cumprimento da ordem de sequestro da produção agrícola.
“A má-fé da embargante é tamanha que, mesmo diante de inúmeras decisões judiciais retirando sua posse ilegal, ainda chega ao ponto de lavrar uma ata notarial para parecer vítima de invasão, quando o que ocorre é apenas o cumprimento da decisão judicial”, registrou o magistrado.
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