THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O delegado Lindomar Tofolli, que conduz a terceira fase da operação Sodoma, afirmou que a Polícia Civil não tem mais dúvida que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) era o líder da organização criminosa que cobrava propinas em troca de incentivos fiscais no Estado.
“Já está mais que claro que Silval Barbosa era o líder dessa organização criminosa que esfacelou o Estado”, afirmou Tofolli.
O delegado classificou como inadmissível o fato do ex-governador ter orquestrado uma série de atos de corrupção dentro do Palácio Paiaguás.
"Nós, enquanto cidadãos, esperamos que o governo seja voltado para atender a população, principalmente a população mais pobre, que é a que mais precisa do Estado”, disse.
Não é admissível esse tipo de comportamento, mas infelizmente parece que isso é cultural, até em nível de Brasil. Estamos vivenciado isso diariamente, mas cabe a nós, como autoridade policial, exercer o nosso papel. Se cada um fizer sua parte, nosso futuro pode ser melhor
“Não é admissível esse tipo de comportamento. Mas, infelizmente, parece que isso é cultural, até em nível de Brasil. Estamos vivenciando isso diariamente. Contudo cabe a nós, como autoridade policial, exercer o nosso papel. Se cada um fizer sua parte, nosso futuro pode ser melhor”, complementou.
Silval foi preso durante a operação Sodoma 1, em setembro de 2015. Além dele, foram presos os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf (Indústria e Comércio e Casa Civil) e Marcel de Cursi (Fazenda).
À época as investigações apontaram um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, que teria lucrado R$ 2,6 milhões, entre 2013 e 2014, por meio de cobrança de propina para a concessão de incentivos fiscais pelo Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso).
Em continuidade às investigações, a Delegacia Fazendária de Mato Grosso (Defaz) descobriu um novo braço da organização criminosa, desta vez dentro da Secretaria de Estado de Administração.
A segunda fase da Sodoma levou a prisão do ex-secretário da pasta César Zílio, no dia 11 deste mês.
Nesta segunda fase o alvo é a compra de um terreno na Avenida Beiro Rio, em Cuiabá, por R$ 13 milhões. De acordo com a Polícia Civil, o negócio imobiliário foi articulado para lavar dinheiro proveniente de propina paga por empresários que firmaram contratos com o Governo do Estado na gestão passada.
Já a terceira, deflagrada ontem (22), também teve como alvo, outro ex-secretário de Administração, Pedro Elias Domingos de Mello. Também tiveram mandados de prisões contra o ex-secretário de Gabinete, Sílvio César Correa Araújo, e o próprio ex-governador Silval Barbosa.
Conforme o delegado Lindomar Tofolli, nesta terceira fase, as investigações apontaram o pagamento de R$ 500 mil a R$ 700 mil mensais em propina para membros da Secretaria de Estado de Administração durante os anos 2011 a 2014. No período, as propinas totalizariam cerca de R$ 24 milhões.
O delegado explicou que a propina era paga pela empresa Consignum, do empresário Willians Paulo Mischur, alvo da segunda fase operação Sodoma, para manter contratos com o Governo.
O ex-governador, de acordo com o delegado, tinha conhecimento dos fatos, tendo inclusive presenciado uma das negociações.
"Teve situações de negociação de pagamento de propina, que segundo alguns esclarecimentos, o Silval estava presente no contexto do fato", disse Tofolli.
Novas fases
Tofolli não descartou a possibilidade de novas fases da operação Sodoma nos próximos meses.
Ele afirmou que as investigações não param, e que a todo o momento chegam novas informações, pessoas e empresas dispostas a colaborar.
“Todo o material apreendido será analisado e logo teremos novos resultados", pontuou.
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