LUCAS RODRIGUES E ANA FLÁVIA CORRÊA
DA REDAÇÃO
O ex-vereador João Emanuel negou ter participado do suposto esquema investigado na Operação Aprendiz, que apura desvio de dinheiro e fraude em licitações na Câmara de Cuiabá, na época em que o político presidia a Casa.
João Emanuel foi interrogado na tarde desta sexta-feira (17), pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital. Em sua oitiva, ele ainda acusou o ex-deputado Maksuês Leite - que deu detalhes do esquema à Justiça - de tê-lo incriminado por "inveja".
A ação penal em questão apura o desvio de mais de R$ 1,6 milhão dos cofres da Câmara Municipal de Cuiabá em conluio com a gráfica Propel Comércio de Materiais para Escritório Ltda, que pertencia ao ex-deputado.
Em 2014 o Maksuês foi candidato a deputado estadual e teve 6 mil votos. E eu tive esses mesmos votos sendo vereador. E eu falei isso para ele, de brincadeira, mas acho que ele ficou incomodado
Além de João Emanuel e Maksuês, são réus: o ex-secretário-geral do Legislativo municipal, Aparecido Alves; o ex-chefe do almoxarifado, Renan Moreno Lins Figueiredo; e Gleisy Ferreira de Souza, ligado à gráfica.
"Inveja política"
No depoimento anterior dado pro Maksuês, o ex-deputado disse que não era o real dono da Propel e que a empresa simulava a entrega de materias gráficos para a Câmara, para justificar os pagamentos. Dos valores pagos, 75% ficava para João Emanuel e 25% para ele.
Porém, João Emanuel negou ter feito as negociatas e que, ao contrário do que afirmou o deputado, nunca conversou com ele sobre propina na frente de uma clínica da Capital.
Segundo o ex-vereador, as declarações de Maksuês foram motivadas por "inveja política".
“Em 2014 o Maksuês foi candidato a deputado estadual e teve 6 mil votos. E eu tive esses mesmos votos sendo vereador. E eu falei isso para ele, de brincadeira, mas acho que ele ficou incomodado".
“Eu nem vou falar em inveja porque eu não gosto dessa palavra, é uma palavra muito esquisita e feia, mas eu acho que ele ficou com um 'senão' de mim”.
Movimentação financeira
Quanto às movimentações financeiras em suas contas, consideradas suspeitas pelo Ministério Público, o ex-vereador alegou que possuem origem lícita.
Segundo ele, os valores possuem origem em um empréstimo de R$ 140 mil que ele pegou de Julio César Americano, soldado da Polícia Militar já falecido.
Com o dinheiro, João Emanuel disse que comprou um Porsche, financiando em um banco o valor restante.
"O valor também serviu para pagar uma viagem de R$ 25 mil. Os outros R$ 10 mil serviram para reformar a minha casa. Em nenhum momento eu tive interesse em lavar e ocultar o dinheiro, tanto é que tudo isso foi feito em meu nome”.
À juíza, ele disse que ainda não pagou o total do empréstimo, mas apenas R$ 50 mil.
João Emanuel também negou ter conhecimento de que os cheques passados por Julio César a ele eram da Propel.
“Eu fiquei sabendo depois, mas eu fiz tudo com lastro do meu imposto de renda, às claras, sem esconder. Depois de tanto tempo na cadeia a gente tem que aprender a falar só a verdade”.
Ainda na oitiva, o político disse que conhece uma testemunha que também pegou valores emprestados do mesmo agiota e que o montante "veio através de um cheque da Propel também".
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