ALEXANDRE APRÁ
DA REDAÇÃO

O MidiaJur publica, com exclusividade, o inteiro teor do voto proferido pelo desembargador Orlando Perri, relator do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que acabou resultando na aposentadoria compulsória do juiz José Geraldo Barros da Rocha Palmeira, em 2004. Em uma revelação surpreendente, o relator do processo destaca casos onde o juiz José Geraldo Palmeira é acusado de ser mandante de vários crimes, em Cuiabá e em Maceió.

No voto confidencial de 347 páginas, Orlando Perri cita episódios onde o juiz foi envolvido em assassinato de presos, enquanto exercia o cargo de titular da Vara de Execuções Penais em Cuiabá.

Palmeira foi uma das testemunhas ouvidas hoje (30) pelo Tribunal do Júri, onde o empresário Josino Guimarães responde por participação na morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, morto em 1999, no Paraguai.

Morte de jornalista

Palmeira também foi acusado de participar do plano de assassinato do jornalista Tobias Granja, em Maceió, no ano de 1982, quando ainda era advogado. Perri apontou uma reportagem jornalística veiculada pelo jornal "Gazeta de Maceió", que explica a suposta participação de Palmeira no crime.

"Horas antes de ser assassinado o jornalista e advogado Tobias Granja foi abraçado pelo advogado Geraldo Palmeira no Bar do Duda, localizado na esquina das ruas Cincinato Pinto e Ladislau Neto, fato presenciado por diversas pessoas. Surgiram comentários que o cumprimento serviu para apontar a vítima ao autor material do homicídio, consumado no cair da noite do dia de 15 de junho de 1982, em pleno centro comercial de Maceió”, diz trecho da publicação, que está na página 334 do voto. (Confira nos links abaixo)

Outra reportagem mostra a versão do pistoleiro José Edivaldo da Silva, que confessou à Polícia a autoria dos disparos que mataram Tobias Granja. O réu confesso também afirmou categoricamente que o então advogado Geraldo Palmeira participou da reunião que planejou o assassinato do jornalsita.

“Fui eu quem matou o Dr. Tobias Granja e o mandante do crime foi o seu Dagoberto Calheiros, que me pagou inicialmente 200 mil cruzeiros e ficou me dando 30 mil por semana, durante um ano". “A denúncia é do pistoleiro José Edivaldo da Silva – o Fanta -, fazendo outra declaração importante: “o advogado Geraldo Palmeira, o tenente Cavalcanti e o pistoleiro Everaldo também participaram da reunião em que os acusados
planejaram o assassínio”, diz trecho da publicação.

Aposentadoria

Palmeira foi aposentado compulsoriamente a bem do serviço público não pela susposta participação nos crimes de homicídio, mas pelo envolvimento com uma quadrilha de tráfico internacional de drogas.

Ele foi acusado de participar de uma negociata para transferir a traficante internacional de drogas "Branca" de Cuiabá para uma pequena cidade do interior do Alagoas, Estado onde nasceu. O plano contava com ajuda de outro juiz daquele Estado. O objetivo, conforme apontou a investigação, era o de facilitar a fuga da traficante. O plano fracassou porque Branca acabou sendo transferida para o Presídio de Segurança Máxima da Papuda, em Brasília.

Por maioria, o pleno do TJ, em 2004, decidiu aplicar a pena de aposentadoria compulsória ao magistrado. O único a votar favorável ao juiz foi o desembargador Manoel Ornellas de Almeida.

Confira nos links abaixo a íntegra do voto do processo que aposentou Geraldo Palmeira

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