THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O juiz Jamilson Haddad Campos, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar, revogou a prisão preventiva do empresário e filho de um dos sócios do Shopping Três Américas, Hélio Pereira Cardoso Neto, de 35 anos.
Ele é acusado de agredir e manter a esposa, M.C.M.S., de 23 anos, em cárcere privado por quase dois anos, em Cuiabá.O empresário não chegou a ser preso e era considerado foragido da Justiça.
Na terça-feira (10), o magistrado acatou habeas corpus da defesa do suspeito. Agora, Hélio responderá o processo criminal em liberdade. A ação corre em segredo de Justiça. O caso ainda está em investigação na Delegacia Especializa de Defesa da Mulher. Após ser encerrado, o inquérito será encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE), que irá decidir se acata ou não denúncia contra o suspeito.

O Hélio, inclusive, já deu entrada no pedido de divórcio e a mulher já foi embora do Estado
Ao MidiaNews, o advogado de Hélio, Anderson Figueiredo, disse que não existe mais fundamentos que motivassem a prisão preventiva do acusado. Ele afirmou que o suspeito participou de uma audiência de conciliação e concordou em cumprir as medidas protetivas para não se aproximar da vítima e também comparecer aos atos do processo.
“O Hélio, inclusive, já deu entrada no pedido de divórcio e a mulher já foi embora do Estado”, afirmou Figueiredo.
A promotora do Núcleo de Combate à Violência Doméstica, Lindinalva Rodrigues, informou à reportagem que vai recorrer da decisão nesta segunda-feira (16).
“Eu não concordo com a posição do magistrado, porque entendo que ainda estão presentes os requisitos da prisão preventiva, tendo em vista a gravidade do caso e ao fato dele permanecer o tempo todo foragido”, afirmou a promotora.
O caso
Segundo a Polícia Civil, a vítima ficou em cárcere privado durante quase dois anos em uma residência, localizada no Centro Sul de Cuiabá. O imóvel era cercado por muros altos e cercas elétricas. Os dois começaram um relacionamento em 2010 e se casaram em 2012.
A jovem relatou em depoimento que era agredida com socos na cabeça, só podia fazer necessidades fisiológicas na presença do marido e, quando saía, tinha de manter a cabeça baixa.
A vítima foi liberada pela Polícia Civil no dia 16 de abril, após o empresário ser denunciado pela família da jovem e ter a prisão preventiva decretada. Ele, porém, não foi encontrado.
A família da vítima só ficou sabendo das agressões e do cárcere, no mês passado, depois que a jovem conseguiu entregar cartas para a mãe denunciando a situação.
Em um dos bilhetes, ela dizia: "Não tenho liberdade para nada, fazer uma compra, nada. Isso é uma prisão".
Após o depoimento, a vítima decidiu representar criminalmente contra o suspeito por crime de injúria, lesão corporal e cárcere privado.
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