LISLAINE DOS ANJOS
MIDIANEWS
Conhecido como “braço armado” do comendador João Arcanjo Ribeiro, o ex-cabo da Polícia Militar, Hércules de Araújo Agostinho, vai enfrentar mais um júri popular nesta terça-feira (13), a partir das 8h.
Desta vez, o ex-policial, que já acumula mais de 100 anos de reclusão em regime fechado por uma dezena de homicídios – entre eles o do empresário Sávio Brandão de Lima –, será julgado pelo assassinato de Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy, bem como pela tentativa de homicídio contra o pintor Gisleno Fernandes.
O crime ocorreu na tarde de 06 de junho de 2002, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA). O júri será presidido pela juíza da Primeira Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Mônica Perri Siqueira. O promotor de Justiça Antônio Sérgio será o representante do Ministério Público Estadual (MPE).
Em entrevista ao MidiaNews, o advogado de defesa, Jorge Henrique Franco Godoy, afirmou que Hércules nega a autoria dos crimes e que não há provas suficientes nos autos que comprometam o ex-cabo no homicídio.
“As provas que existem nos autos não levariam a condenação dele e, até agora, ele nega a autoria desses dois assassinatos, assim como negava dos outros pelos quais já foi julgado”, disse Godoy.
Apesar de todas as condenações já recebidas pelo seu cliente, o advogado acredita que o histórico não deverá influenciar as pessoas selecionadas para compor o Conselho de Sentença.
“Confio no bom senso dos jurados”, declarou.
De acordo com a defesa, Hércules será julgado por duplo homicídio qualificado, contrabando e formação de quadrilha, o que, caso recebesse uma condenação máxima, somaria uma pena de, aproximadamente, 50 anos.
No entanto, a defesa acredita que, caso seja condenado, o ex-cabo não deverá pegar uma pena maior do que os 38 anos pelos quais foi condenado ainda na Justiça Federal, antes da defesa do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro ingressar com um recurso alegando a incompetência do Tribunal Federal para julgar os crimes, o que anulou o júri e resultou na volta do processo para o âmbito estadual.
“Se ele for condenado, espero uma penalidade baixa”, afirmou o advogado.
Denúncia do MPE
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, Rivelino Jacques Brunini era sócio da empresa Mundial Games, concessionária de máquinas caça-níqueis da organização criminosa chefiada por João Arcanjo Ribeiro, que explorava com exclusividade o ramo de jogos eletrônicos em Mato Grosso.
No entanto, Brunini teria se associado a um grupo do Rio de Janeiro, que planejava acabar com o monopólio de Arcanjo no Estado. Ele começava a descumprir ordens expressas do chefe da organização implantando novas máquinas sem permissão.
Por essa razão, o comendador teria pago o ex-cabo Hércules e o comparsa dele, Célio Alves de Souza, para executarem o empresário.
Segundo o MP, no dia do crime, Rivelino Jacques Brunini, Fauze Rachid Jaudy e Gisleno Fernandes estavam em uma oficina mecânica localizada na avenida do CPA quando foram surpreendidos pelo ex-cabo, que se aproximou em uma moto pilotada por Célio e, utilizando uma arma de fogo de 9 milímetros, efetuou disparos contra todos.
Fauze Rachid e Gisleno Fernandes foram atingidos apenas por estarem na companhia de Brunini.
O empresário foi atingido por sete disparos e morreu na hora. Fauze Rachid e Gisleno Fernandes foram atingidos por um disparo cada um, porém Rachid não resistiu e morreu.
Apesar de denunciado pelos crimes, o processo de Célio Alves foi desmembrado, em virtude de um recurso protocolado no Tribunal de Justiça.
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