ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) contra o policial penal Luiz Otávio Natalino, alvo de duas operações policiais (Caixa de Pandora e Ragnatela) em 2024 por seu envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho. Luiz Otávio foi denunciado por corrupção passiva e tráfico de influência. Segundo a denúncia, o servidor teria utilizado sua posição funcional para negociar a entrada de objetos ilícitos e simular influência sobre superiores, com o objetivo de obter vantagens indevidas dentro do sistema penitenciário.
A decisão, publicada no Diário da Justiça Eletrônico desta terça-feira (1º/07), determina ainda a manutenção do afastamento de Luiz Otávio das funções operacionais, com proibição de contato com a população carcerária. A medida já havia sido decretada anteriormente em ação cautelar, e foi agora confirmada pelo magistrado, que destacou os riscos à ordem pública e à credibilidade da administração prisional.
De acordo com os autos, as práticas ilícitas atribuídas ao réu teriam envolvido o uso indevido de sua função para intermediar pedidos de transferência de presos e negociar favores internos mediante pagamento. O juiz considerou que os indícios apresentados na denúncia são suficientes para justificar o início da ação penal.
Ainda na mesma decisão, o magistrado arquivou a investigação em relação a três outros nomes inicialmente citados no inquérito, o também policial penal Winkler de Freitas Teles, Paulo Winter Farias Paelo - o W.T., um dos líderes do Comando Vermelho em Mato Grosso, e Jonas Souza Gonçalves Junior — chamado de "Batman" e tesoureiro da facção criminosa - por ausência de indícios mínimos de participação nos fatos apurados.
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra também indeferiu o pedido do Ministério Público para desmembrar o inquérito no que se refere ao empresário Willian Aparecido da Costa Pereira, supostamente envolvido no esquema como autor de corrupção ativa. O juiz entendeu que há conexão direta entre os fatos atribuídos aos dois investigados e determinou a continuidade da apuração de forma conjunta. O juiz também determinou a retirada do sigilo dos autos.
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Alvo de Operações
O policial penal Luiz Otávio Natalino foi alvo de duas operações policiais em um período de 24 horas em 20244. Em 05 de junho ele foi alvo da Operação Caixa de Pandora, que investigou um grupo suspeito de facilitar a entrada de celulares em unidades prisionais de Mato Grosso. No dia seguinte, 06 de junho, ele foi um dos alvos da Operação Ragnatela, que apurou o envolvimento de servidores públicos, com o Comando Vermelho, para usar casas noturnas cuiabanas para realizar lavagem de dinheiro.
A Ragnatela apontou o envolvimento do ex-vereador de Cuiabá, Paulo Henrique Figueiredo e de servidores da Secretaria Municipal de Ordem Pública de Cuiabá. O vereador e os servidores agiam para facilitar a liberação de alvarás e licenciamentos para as casas noturnas usadas pelo Comando. O empresário Willian Aparecido da Costa Pereira é apontado como sócio da boate Dallas Bar, usada para lavar dinheiro da facção.
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