LUCAS RODRIGUES E THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO
O médico aposentado Filinto Corrêa da Costa admitiu, em seu interrogatório, que "devolveu" ao seu cunhado, o procurador aposentado Chico Lima, R$ 2,5 milhões dos R$ 7 milhões recebidos do Estado pela venda de um terreno.
Tal valor, segundo ele, foi dado a título de propina para abastecer o grupo criminoso liderado, em tese, pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
O interrogatório ocorre na Vara Contra o Crime Organizado, no Fórum de Cuiabá, e é conduzido pela juíza Selma Arruda, nesta quinta-feira (29).
Filinto Corrêa é réu da ação penal derivada da Operação Seven, que apura suposto esquema que teria desviado R$ 7 milhões dos cofres do Estado, por meio da compra de um terreno na região do Manso. A área de terra, segundo as investigações, já pertencia ao Estado e foi novamente adquirida do médico, de forma ilegal e com valor superfaturado.
"Eu devolvi R$ 2,5 milhões, através do Francisco Lima, que é meu cunhado, que me disse que o pessoal do governo exigia", disse ele, cuja revelação já havia sido adiantada em julho pelo MidiaNews (leia AQUI).
Apesar de confessar a propina, Filinto Corrêa negou que a área já pertencia ao Estado e que teria sido comprada duas vezes.
Confira a audiência em tempo real:
Filinto confessa propina (atualizada às 15h43)
O médico negou à juíza que a área teria sido vendida duas vezes ao Estado.
"A duplicidade da venda da área não é verdade, jamais fiz venda dupla. Houve um erro na matrícula".
"Eu comprei essa área com 34 anos. Levei dois anos para estruturar, comprei em sociedade. Foi desfeita essa sociedade depois, foi feito um contrato de compra e venda, pagamento de duas parcelas. Quando houve o pagamento da segunda parcela, foi feita a escritura, e na escritura houve erro. Eu não sabia desse erro, só soube depois da operação".
Todavia, ele admitiu que parte dos R$ 7 milhões recebidos "retornou" ao grupo investigado.
"O erro que cometi eu falei no Gaeco, mas essa parte não está falando na denúncia. Eu devolvi R$ 2,5 milhões através do Francisco Lima, que é meu cunhado, que me disse que o pessoal do governo exigia".
"Eu entreguei o dinheiro para o Chico. Eu não sei para quem ele entregou. A impressão que eu tenho é que o Chico não ficou com nada, mas aí o promotor disse que ficou sim".
"Quem saiu perdendo fui eu" (atualizado às 15h48)
Filinto Corrêa relatou que não forçou a venda da área, porque tinha mais terras para vender.
"Eu só mandei a carta para a Sema porque fiquei com medo de perder a área, eu cuidava dela".
O promotor de Justiça Marcos Bulhões questiona qual o tamanho da área. "680 hectares", respondeu Filinto.Segundo o médico, o que ocorreu foi a venda de metade do terreno em 2002 e a outra metade em 2014, e não uma venda dupla.
"Sobre o preço da área, dizem que foi superfaturado. Para mim não houve superfaturamento. Sobre a importância ecologica da area, isso não tem o que discutir, ela fica na cabeceira do rio Cuiabá".
"Quem saiu perdendo fui eu, essa fazenda hoje vale R$ 50 milhões. E eu fiquei com R$ 4,5 milhões".
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