LAICE SOUZA
DA REDAÇÃO
O prefeito de Cuiabá Mauro Mendes propôs ação de indenização por danos morais contra os jornalistas Alexandre Aprá, do site Isso É Notícia, e Rodrigo Rodrigues.
A alegação do prefeito é que os jornalistas estariam denegrindo a sua imagem, perante a opinião pública, ao noticiar processo que tramita no Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT), em que envolve a compra de uma mineradora por Jéssica Cristina de Souza, filha do sócio de Mendes, Valdinei Mauro de Souza.
"Como se nota, as matérias jornalísticas possuem conteúdo abusivo, de cunho calunioso, difamatório e injurioso, caracterizando a transmissão de notícia leviana"
O juiz Paulo Roberto Brescovici, do Núcleo de Conciliação do TRT, suspendeu o processo de compra da mineradora, alegando “existência de fraude na compra, por meio de leilão".
O juiz disse ainda que todo o processo de compra “não passou de uma fraude processual, urdida em defesa de interesses empresariais, colocada em prática por Valdinei e Mendes”.
Ação
Na ação, Mendes classifica as matérias noticiadas pelos jornalistas como “grave perseguição (...) fazendo apontamentos desabonadores e mentirosos, bem como vinculando seu nome à prática de atividades criminosas, como forma atacar e macular sua imagem de pessoa pública”.
“O autor se insurge contra tais comentários, vez que as acusações se fundam apenas na opinião vazia e tendenciosa dos requeridos, incansáveis no intuito de fazer valer suas interpretações ao arrepio da verdade e honra dos atingidos por seus maltrates”, diz trecho da petição inicial.
Na ação, Mendes também contesta o fato das notícias publicadas pelos jornalistas.
“Como se nota, as matérias jornalísticas possuem conteúdo abusivo, de cunho calunioso, difamatório e injurioso – que também serão devidamente apurados na esfera penal – caracterizando a transmissão de notícia leviana, inverídica e totalmente dissonante do contexto real que, de fato, envolve o assunto”, destacou na ação.
O prefeito ainda afirmou que Aprá e Rodrigues “não vem desempenhando o importante papel de jornalismo investigativo, cabível aos meios de comunicação, mas sim o de condenação pública sumária ao envolver o nome do autor em crimes como de lavagem de dinheiro, fraude em licitação e tráfico de influência, sem sequer possuir carga probatória para tanto, atitudes estas que devem ser repelidas pelo Judiciário”.
"Tentativa de censura"
Em seu site, Aprá afirmou que a ação de Mauro Mendes se revela apenas como um "instrumento de intimidação" e "tentativa de censura".
“Todas as reportagens, exceto às de opinião, foram embasadas em documento oficiais e na decisão do juiz Paulo Brescovici, que escancarou para quem mais quis ver a fraude no leilão da Minérios Salomão, que foi adjudicada à filha do sócio do prefeito de forma irregular e imoral, conforme a própria decisão do magistrado mostrou”, disse.
“Isso não vai nos intimidar de forma alguma. Vamos continuar investigando e mostrando não só essas mas quaisquer outras denúncias que nós apurarmos sobre Mauro Mendes, sobre seu sócio ou quem quer seja. Nos pautamos pela apuração de fatos e denúncias e assim vamos continuar”, completou o jornalista.
Para Rodrigo Rodrigues, há uma "inversão de valores" na ação proposta pelo prefeito. "Quem deveria ser processado é ele, que não cumpriu nem 5% do que prometeu ao povo de Cuiabá no seu horário eleitoral. E também os proprietários de carros que estão gastando horrores com oficina pela quantidade de buracos que ele não consegue tampar, o que seria o mínimo que ele poderia fazer, mas não consegue", afirmou.
Quanto à investigação sobre a fraude no leilão judicial, Rodrigo esclareceu que todas as denúncias apresentados estão sendo confirmadas. "Tanto é que o senhor prefeito tem perdendo todos os recursos que entrou".
Segundo o juiz Paulo Roberto Brescovici, do TRT, a fraude foi descoberta, conforme consta na decisão, após processo de investigação, realizado pela Corregedoria do TRT, que analisava a atuação do juiz Luis Antônio Torres na venda da empresa, para pagamento de dívidas trabalhistas.
Torres foi afastado do cargo e responde a processo administrativo disciplinar. Ele é suspeito de ter atuado no processo para favorecer os dois empresários - e de ter recebido propina de R$ 185 mil, conforme consta na decisão.
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