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JUSTIÇA Quinta-feira, 29 de Setembro de 2016, 13:44 - A | A

29 de Setembro de 2016, 13h:44 - A | A

JUSTIÇA / SODOMA 4

Nadaf diz ter ocultado R$ 1,5 milhão de propina com empresário

Pedro Nadaf revela que entregou sua parte da propina a Alan Malouf, que investiu seu dinheiro

AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO



O ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas, Energia e Casa Civil, Pedro Nadaf, afirmou que, em 2014, ocultou R$ 1,5 milhão, recebidos a título de propina, com o empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, na Capital.

A revelação foi feita em depoimento à Delegacia Fazendária, no dia 25 de julho, ocasião em que ele confessou ter participado do esquema investigado na 4ª fase da Operação Sodoma.

De acordo com Nadaf, o valor entregue a Alan era referente à sua parte no suposto esquema que teria desviado cerca de R$ 15,8 milhões do Estado, por meio do pagamento da desapropriação de uma área, no valor de R$ 31,7 milhões, à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários.

No depoimento, Nadaf disse que, além dele, o ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves – preso nesta segunda-feira (26) -, também entregou a Alan Malouf parte do dinheiro que recebeu como participação na cobrança de propinas.

Acabou descobrindo que ele, Arnaldo, iria guardar sua parte do dinheiro desviado nesse esquema com Alan Malouf, seu amigo pessoal

Os valores entregues ao empresário, segundo Nadaf, foram investidos e geraram lucro. “Como o interrogando tinha muita proximidade com o secretário Arnaldo, acabou descobrindo que ele, Arnaldo, iria guardar sua parte do dinheiro desviado nesse esquema com Alan Malouf, seu amigo pessoal. Por ele ter sido proprietário de factoring no passado, sabia investir e fazer o dinheiro render”, diz Nadaf.

Conforme o depoimento, Nadaf e Arnaldo se reuniram com Alan, que concordou em “aplicar” tais valores. “Restando combinado que ele (Alan) pagaria ao interrogando e Arnaldo o valor de 1% ao mês. Tendo Alan Malouf conhecimento da origem ilícita dos valores”, diz trecho do depoimento.

Nadaf ainda revelou à Defaz que os valores repassados a Alan foram feitos através de cheques e em espécie, todos eles recebidos pelo procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, e pelo empresário e delator Filinto Muller.

Além disso, o ex-secretário disse que, atualmente, por conta da valorização, o montante entregue ao empresário já deve ter passado de R$ 1,7 milhão.

O ex-secretário declarou que, além de investir sua parte da propina, a negociação com Alan teve como objetivo ocultar o dinheiro que não tinha origem legal.

“O interrogando e Arnaldo deixaram os valores de propina com Alan Malouf com o intuito de esconder os valores recebidos de propina. Sendo que, no caso do interrogando, por não ter lastro patrimonial para guardar em sua conta e também por ter bloqueio judicial em suas contas”, diz outro trecho do depoimento.

À Defaz, Nadaf declarou que, nesta época, Alan ainda prometeu lhe pagar R$ 100 mil, "por tê-lo ajudado a receber propina de empresários para influir em atos praticados no Governo atual, que irá melhor relatar em momento oportuno”.

Propinas de Arnaldo

Pedro Nadaf também disse que se lembra dos valores entregues pelo também ex-secretário Arnaldo Alves.

“Arnaldo entregou dinheiro do desvio desse esquema no Jardim Liberdade, em torno de R$ 700 mil, bem como da propina recebida da construtora Ampla para Alan Malouf, em torno de R$ 200 mil”, afirmou à Defaz.

Arnaldo entregou dinheiro do desvio desse esquema no Jardim Liberdade, em torno de R$ 700 mil, bom como da propina recebida da construtora Ampla para Alan Malouf, em torno de R$ 200 mil

Ainda em seu depoimento, Nadaf relatou ter entregado mais R$ 950 mil para Alan, com o intuito de quitar uma dívida que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) tinha com o empresário, pela realização da festa de sua posse do Governo do Estado, em 2011.

O montante teria sido levantado com dinheiro obtido de vários esquemas que operaram na gestão Silval (leia AQUI).

A Sodoma 4

Segundo as investigações, o empresário e delator Filinto Muller foi procurado pelo então procurador do Estado Francisco Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”.

Chico Lima teria pedido que Filinto criasse uma empresa, em nome de um laranja, para possibilitar a lavagem de dinheiro da organização.

Esta empresa, segundo a Polícia, recebeu várias transferências bancárias da Santorini Empreendimentos, por meio do advogado Levi Machado de Oliveira, no intuito de “lavar” a propina.

A Polícia ressaltou que a Santorini tinha autorização para expropriar a área desde 1997, mas só em 2011, por meio do sócio Antônio Rodrigues de Carvalho, pediu que o Estado adquirisse a área pelo valor de R$ 37,1 milhões.

Porém, apenas no final de 2013, o então chefe de gabinete de Silval, Sílvio Araújo, encaminhou o pedido a Chico Lima, para que este elaborasse um parecer.

Segundo a Polícia, apenas 55 hectares (no valor de R$ 17,8 milhões) estavam aptos a serem desapropriados, mas a organização aumentou a área de terra a ser apropriada para 97,5 hectares, “a fim de obter lucro”.

O delator e sócio da Santorini, Antônio Rodrigues de Carvalho, contou que, em janeiro de 2014, foi a uma reunião agendada com Chico Lima e o então secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, na sede da Sefaz. Nesta reunião, segundo ele, Cursi exigiu que 50% do valor que seria pago pela desapropriação retornasse para o grupo criminoso.

Dias depois, de acordo com a representação, o à época chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, editou o decreto que autorizou a desapropriação da área, subscrito por Silval Barbosa.

Para legalizar o futuro pagamento da indenização, o então presidente do Intermat, Afonso Dalberto, solicitou que a Sefaz agilizasse recursos para garantir o repasse.

Entretanto, como na época o Intermat não possuía dotação orçamentária para fazer o pagamento, o então secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves Neto, teria ajustado dotação orçamentária suficiente para atender a demanda da indenização.

O próximo passo da organização, conforme a Polícia, foi a abertura de decretos orçamentários que viabilizaram créditos suplementares para a regularização fundiária.

Assim, entre maio e outubro de 2014, foram publicados sete decretos que possibilitaram que os R$ 31,7 milhões fossem pagos pela área. O ex-secretário Pedro Nadaf detalhou como foi feita a lavagem de dinheiro do esquema, durante depoimento em que confessou os crimes, trazendo cheques da empresa SF Assessoria emitidos a pessoas próximas.

No esquema, Afonso Dalberto disse que se beneficiou de R$ 606,4 mil. Já o delator Filinto Muller relatou que Chico Lima ajustou com ele que os R$ 15,8 milhões do “retorno” seriam lavados por meio da empresa dele, a SF Assessoria.

As investigações também apontaram que o advogado Levi Machado de Oliveira recebeu uma “comissão” de 3% do montante (R$ 474 mil) para colaborar nas tratativas.

Ainda segundo a Polícia, era Chico Lima o responsável por definir quais membros receberiam as propinas oriundas dos desvios. Além dele próprio, também seriam beneficiários: Silval Barbosa, Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Arnaldo Alves e Afonso Dalberto.

A propina recebida por Nadaf e Arnaldo, por outro lado, teria sido lavada com a ajuda do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf. Já a parcela de Silval Barbosa, no valor de R$ 10 milhões, teria sido integralmente repassada ao empresário de factoring Valdir Piran, a título de pagamento de dívidas de campanha.

Veja fac-símile de trecho do depoimento:

Leia mais:

Delator: Marcel de Cursi o orientou a “morrer negando” os crimes

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