DA REDAÇÃO
O papel do advogado na mediação e a postura diferente que é exigida deste profissional na autocomposição foi o mote dado pela desembargadora Clarice Claudino da Silva na palestra ‘Como Advogar na Mediação - Clientes e Honorários Advocatícios - Teoria e Prática’, direcionada a operadores de direito.
A magistrada é vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) e abriu o evento nesta terça-feira (16 de agosto), no Auditório da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Mato Grosso.
O evento foi promovido pela ESA/OAB-MT em parceria com a empresa Solucione Conflitos.
“A forma tradicional de atuação do advogado tem sido de postura combativa e ela precisa ser revista e complementada com uma ação eminentemente colaborativa e orientativa. É preciso que eles compreendam isso e deixem as partes agirem com naturalidade, que cooperem com este sistema novo durante as sessões de mediação. Não é um processo fácil, é uma nova cultura, uma quebra de paradigmas e que precisa ser, por muitas vezes, reiterada. Por isso nós temos feito essa mesma palestra para advogados”, explicou a magistrada.
Clarice Claudino lembrou ainda aos presentes que dependendo da natureza do conflito a sentença é a pior das resoluções, desencadeando dores em uma das partes e podendo, muitas vezes, resultar em tragédias.
“Muitas vezes o conflito pode ser melhor tratado com a mediação. Vai haver situações em que a combatividade é bem-vinda. Mas será que esta é a única forma de atuação do advogado? No Brasil há cerca de 107 milhões de processos e estudos demonstram que pelo menos 80% poderiam ter sido resolvidos por autocomposição, construindo uma solução boa, aceitável e exequível a todas as partes”, ressaltou aos presentes.
Além da desembargadora, também palestrou o advogado Marcelo Rodante, especialista em solucionar conflitos empresariais, familiares e trabalhista em São Paulo. Ele abordou o papel do advogado frente à mediação, tema muito discutido depois da validação do novo Código de Processo Civil. Segundo ele, a mediação hoje é bem conhecida pelas pessoas, mas ainda é novidade, por isso a necessidade de o advogado se desenvolver nesse sistema.
“A mediação é extremamente importante hoje para o mundo jurídico, pois o Judiciário brasileiro atualmente tem um contingente enorme de demandas. Essa forma de abordar o litígio de forma competitiva foi importante até aqui, mas está surgindo um novo horizonte. O advogado precisa largar um pouco a armadura e a espada e se vestir de um novo aparato, formado por uma mochila mais leve e um tênis, e andar em planícies que são diferentes. Diante de tantas possibilidades de resolver um conflito é necessário encontrar novas habilidades”, destacou.
O presidente da OAB/MT, Leonardo Campos, complementou a fala do palestrante, lembrando que o advogado não tem interesse em que os conflitos sejam infinitos. “Havendo resultados em tempo exíguo, o retorno financeiro é mais rápido e a solução de conflitos por meio da mediação é um nicho de mercado que se abre e vem conquistando lugar no mundo jurídico ao quebrar o paradigma do litígio. Esta é uma prática que vem ganhando forma e corpo, e a OAB apoia”, pontuou.
Também presente no evento, o vice-presidente do Nupemec e presidente do Fórum Nacional de Mediação e Conciliação, juiz Hildebrando da Costa Marques, lembrou que o advogado é grande parceiro do Judiciário na divulgação da mediação e tem significativa importância na resolução de conflitos, pois é onde as partes depositam confiança.
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