DIEGO FREDERICI
DO FOLHAMAX
O tenente-coronel e ex-comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar em Várzea Grande, Januário Antônio Edwiges Batista, não tinha acesso aos sistemas de interceptações telefônicas investigadas no esquema de grampos ilegais no Estado.
As afirmações constam na ordem de soltura do oficial da PM, preso no dia 23 de junho de 2017, e solto há oito dias por determinação do desembargador Orlando Perri.
Além de Januário, foram presos por participação nos grampos os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco, Ronelson Barros, e os cabos Euclides Torezan e Gerson Luiz Correia Junior. Até o momento, apenas Januário e Torezan foram soltos.
Entendo que, pelo menos por ora, não há motivos a autorizar a manutenção de sua segregação cautelar
Na decisão, Perri destaca que, de todos os envolvidos no esquema de grampos denunciados numa reportagem do Fantástico no dia 14 de maio de 2017, Januário é o único que “não se encontra lotado em nenhum setor que atua na área de inteligência da Polícia Militar”. O desembargador destacou que o esquema teria ocorrido num grupo clandestino dentro da PM.
Para Orlando Perri, não há indícios de que o tenente-coronel tenha contribuído para a “empreitada criminosa”.
“Inversamente ao que foi apurado quanto aos demais envolvidos, não há indícios de que o tenente coronel Januário tenha acesso ao Sistema Sentinela, ou de que ele tenha contribuído de qualquer maneira, material ou pessoal, para o êxito da empreitada criminosa. Portanto, melhor revendo sua participação na prática delituosa apurada, entendo que, pelo menos por ora, não há motivos a autorizar a manutenção de sua segregação cautelar”, diz trecho da decisão.
“Sentinela” foi o nome dado ao sistema de interceptações clandestinas da Polícia Militar que teria sido adquirida por R$ 24 mil pelo cabo PM Gerson Luiz Ferreira Costa Junior.
O secretário afastado da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, teria “emprestado” o dinheiro ao subalterno para adquirir o equipamento. Ambos também foram presos no dia 23 de junho de 2017, porém, ao contrário de Januário, ainda encontram-se na prisão.
Os policiais militares foram presos após denúncia do Fantástico indicar a existência de um sistema de interceptações clandestinas, operadas pelas forças de segurança, e que teriam realizado grampos em advogados, deputados estaduais, jornalistas, médicos e até amantes de Secretários de Estado. O esquema é conhecido como “barriga de aluguel”, e consiste na autorização judicial da quebra de sigilo telefônico de pessoas que não são investigadas na operação.
Denúncia
Apesar das afirmações de Orlando Perri na soltura de Januário, o Ministério Público Estadual o denunciou por suposta participação nos crimes. Ele pode pegar entre três e cinco anos de prisão caso seja condenado.
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