ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
A Corregedoria-Geral da Polícia Judiciária Civil (PJC) de Mato Grosso citou por edital o investigador Luismar Castrillon Ramos, que responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). O policial é acusado de envolvimento em organização criminosa, tráfico de drogas, peculato, lavagem de dinheiro e atos de improbidade administrativa.
A citação por edital foi necessária após Luismar não ser localizado para citação pessoal. O edital foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 11 de julho.
Luismar Castrillon Ramos foi alvo de duas operações policiais em 2022. Em agosto daquele ano, ele foi preso em Cáceres (218 km de Cuiabá), durante a Operação Loan Shark, sob acusação de agiotagem e ameaça contra pessoas a quem emprestava dinheiro. Quatro meses depois, em dezembro de 2022, ele foi alvo da Operação Efialtes, deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil, acusado de integrar um grupo de policiais acusados de desviar e traficar cocaína apreendida pela polícia.
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No caso da citação por edital, o PAD foi instaurado para apurar as denúncias da Operação Efialtes. O Processo Administrativo Disciplinar de número 225.7.2025.2 foi instaurado com base na Portaria nº 2025.10.2307/CORREGEPOL, publicada em 4 de abril de 2025. O investigador responderá por supostas faltas funcionais consideradas equivalentes a crimes graves, conforme aponta o edital de citação assinado pelo corregedor auxiliar, delegado Marcelo Martins Torhacs.
As denúncias da Operação Efialtes tramitam na 3ª e 4ª Varas Criminais de Cáceres. Segundo o edital, as imputações incluem crimes previstos nas seguintes legislações: Lei nº 12.850/13 (organização criminosa), Lei nº 11.343/06 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), Código Penal – Art. 312 (peculato), Lei nº 9.613/98 (lavagem de dinheiro), Lei nº 8.429/92 (improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário), Lei Complementar Estadual nº 407/2010 (Estatuto da Polícia Civil do MT – violações funcionais)
Conforme determina o artigo 261, §2º, da mesma Lei Complementar, o servidor deve comparecer à sede da Corregedoria, em Cuiabá, para tomar ciência das acusações e constituir procurador para acompanhar o processo. Caso não se apresente no prazo de 15 dias após a terceira publicação do edital, o investigador poderá ser declarado revel (revelia), sendo nomeado um defensor dativo para garantir sua defesa, conforme prevê a legislação disciplinar da corporação.
Operação Loan Shark
Luismar Castrillon Ramos foi preso durante a Operação Loan Shark (que significa agiota, em inglês), deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil, em 18 de agosto de 2022, pela prática de agiotagem. As investigações apontaram que ele fez ameaças de morte a proprietária de um restaurante e marmitaria em Cáceres. A mulher contraiu empréstimo de R$ 150 mil com ele, que estaria cobrando, com juros, R$ 2,1 milhões da empresária. Em um áudio enviada para a filha da vítima, o policial civil disse que ela iria ver a mãe “morta e estendida” no chão, caso não pagasse a dívida. As acusações foram de prática de usura, lesão corporal, exercício arbitrário da profissão e ameaça, inclusive de morte.
Operação Efialtes
Em 07 de dezembro de 2022, a Corregedoria da PJC deflagou a Operação Efialtes. As investigações apuraram a violação de lacres e troca de material entorpecente apreendido, fato constatado durante uma incineração de drogas realizada em abril deste ano, em Cáceres. Cinco policiais civis foram presos por envolvimento no esquema e outros investigados, entre eles Luismar Castrillon Ramos. Durante a operação fora cumpridos 39 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensões, quatro ordens de suspensão de atividades econômicas de empresas utilizadas para realizar a lavagem de dinheiro, além do bloqueio de R$ 25 milhões, sequestro de 14 veículos e quatro imóveis e o bloqueio de contas bancárias dos investigados.
As ordens judiciais foram cumpridas nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Piauí, Maranhão, Tocantins e Goiás.
As investigações começaram após a Corregedoria receber uma notificação de que durante a incineração de drogas, realizada pela Delegacia Especializada da Fronteira (Defron), no dia 19 de abril de 2022, em Cáceres, foi constatada a violação de lacres das embalagens de perícia dos entorpecentes apreendidos. Em alguns envelopes foi feita a substituição de parte do material apreendido por outro diferente como, por exemplo, areia e gesso.
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