DO G1
O quinto suspeito de envolvimento no esquema de cartas de créditos irregulares em Mato Grosso se apresentou nesta quinta-feira (15) à Polícia Civil. A Delegacia Fazendária em Cuiabá pediu à Justiça a prisão de seis homens e um continua foragido. O responsável pela Operação Cartas Marcadas, delegado Lindomar Tofolli, disse que começou a ouvir os suspeitos e que a investigação entrou na segunda fase, que é a de análise dos documentos recolhidos durante o cumprimento dos 14 mandados de busca e apreensão.
“Agora vamos proceder a abertura de toda a documentação apreendida e analisar os documentos que devem embasar a nossa linha de investigação”, disse ao G1. Ele afirmou que a investigação fazendária apura eventuais crimes contra a administração pública, estelionato, fraude processual, peculato, corrupção e formação de quadrilha. Tofolli adiantou, porém, que a investigação poderá apurar, em outro momento, um eventual crime de lavagem de dinheiro e o envolvimento de outros possíveis suspeitos.
Até o momento, cinco homens estão presos preventivamente. Estão na cadeia um contador, um funcionário do governo estadual, dois advogados e um funcionário do Sindicato dos Agentes de Administração Fazendária que se entregou nesta quinta. Eles todos devem ficar inicialmente detidos por cinco dias. A defesa do sexto envolvido, que está em liberdade, disse ao delegado que irá se apresentar na próxima sexta-feira (16).
O caso
A investigação da Delegacia Fazendária apontou que foram emitidos pelo governo do estado ao menos R$ 488 milhões em cartas de créditos supostamente irregulares. A Operação Cartas Marcadas foi desencadeada na quarta-feira (14) em quatro cidades de Mato Grosso e em São Paulo. Quatro mandados foram cumpridos em Cuiabá e um em Ribeirão Preto. Além disso, um dos 14 mandados de busca foi cumprido na residência do deputados estadual Gilmar Fabris (PSD), na capital. A defesa dele disse que a medida não foi legal porque no inquérito não consta as ações supostamente cometidas pelo parlamentar.
A pedido do governador Silval Barbosa (PMDB), a Auditoria Geral do Estado fez um levantamento que revelou a existência de acordos extrajudiciais supostamente irregulares. Desde então, as cartas de créditos envolvidas foram momentaneamente suspensas.
O delegado Lindomar Toffoli explicou ainda que o governo deveria pagar R$ 380 milhões em documentos oficiais a 290 funcionários da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz), em um processo que corria há 16 anos. Mas a partir de um acordo extrajudicial, os funcionários aceitaram receber R$ 142 milhões em cartas de créditos. No entanto, foram emitidos pelo governo do estado R$ 630 milhões entre 2008 e 2010, o que gerou, segundo o delegado, uma diferença de R$ 488 milhões em relação ao valor que deveria ser inicialmente destinado.
Depoimentos
A delegada Lusia de Fátima Machado adiantou que serão intimados para depor na Delegacia Fazendária, o ex-secretário de Fazenda e atual secretário extraordinário da Copa, Eder Moraes, bem como o atual secretário da Sefaz, Edimilson dos Santos, e o ex-procurador-geral João Virgílio do Nascimento Sobrinho. “Eles deverão prestar informações sobre os atos tomados na época dos fatos”, comentou. Outro que deve prestar depoimento será o deputado Gilmar Fabris.
Quer receber notícias no seu celular? Participe do nosso grupo do WhatsApp clicando aqui .
Tem alguma denúncia para ser feita? Salve o número e entre em contato com o canal de denúncias do Midiajur pelo WhatsApp: (65) 993414107. A reportagem garante o sigilo da fonte.