JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
Um boletim de ocorrência registrado por um familiar do juiz Marcos Faleiros, da Vara Contra o Crime Organizado, revela como um homem que seria membro do Comando Vermelho fez ameaças após a mulher dele ser presa na Operação Red Money.
Conforme o BO, registrado sob o número 2018.249201, a ameaça ao parente do magistrado ocorreu na quarta-feira (8), ainda durante a ação dos policiais.
Segundo o documento, o criminoso ligou para o parente do juiz por meio de aplicativo de voz do WhatsApp, e falou: “Cara, resolva essa situação com o juiz, senão o trem vai ficar feio para o lado de vocês”.
O suspeito foi identificado e preso pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) durante a audiência de custódia da mulher dele no Fórum de Cuiabá, nessa quinta-feira (9).
Conforme o BO, o criminoso teria dito à vítima que estava ligando de dentro de um presídio e reclamou sobre a prisão da esposa dele durante a operação, bem como do mandado de busca cumprido na casa dele, que resultou na apreensão de uma "grande quantia de dinheiro e uma arma".
A vítima relatou, ainda, que no momento em que recebeu a ligação não sabia da deflagração da ação.
À polícia, ele afirmou que o preso ainda justificou a ameaça feita, contando que tem dois filhos pequenos com a mulher e que dependiam dos cuidados dela.
Quando questionou o criminoso sobre quem teria passado o número de seu celular, a vítima recebeu como resposta que havia sido uma advogada, mas o preso não teria informado o nome da mulher.
A reportagem tentou contato com juiz Marcos Faleiros, por telefone, mas não conseguiu resposta até a publicação desta matéria.
Red Money
A Operação Red Money foi deflagrada na quarta-feira e resultou no cumprimento de 94 mandados de prisão preventiva contra membros do Comando Vermelho em Mato Grosso. As ordens judiciais foram deferidas pelo juiz de direito, Marcos Faleiros.
A ação desmontou um esquema de arrecadação de dinheiro desenvolvido pela facção Comando Vermelho, cujos capitais são oriundos de pagamento de mensalidade de membros da organização e traficantes e taxas de falsa segurança em comércios.
Foram apreendidos mais de 60 veículos - que juntos somam aproximadamente R$ 1,7 milhão – além de joias e dinheiro.
Uma fazenda apreendida fica localizada em Salto do Céu. Além disso, duas empresas de informática, localizadas em Várzea Grande, foram interditadas. Elas seriam usadas, segundo a polícia, para lavagem de dinheiro.
Durante as investigações, a polícia identificou que os criminosos movimentaram cerca de R$ 50 milhões por meio de 44 contas bancárias, entre entradas e saídas.
A facção arrecadava, por mês, cerca de R$ 170 mil - mais de R$ 1,2 milhão por ano - com as mensalidades pagas pelos membros, além de outras fontes de sustentabilidade da organização criminosa.
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