ANGELA JORDÃO
DA REDAÇÃO
O produtor rural Raijan Cezar Mascarello alegou prejuízos com investimentos no cultivo de soja, no estado de Rondônia, como justificativa para o pedido de recuperação judicial, em que aponta dívidas de R$ 180 milhões. Raijan, que tem base no município de Sapezal (510 km de Cuiabá), é conhecido por suas polêmicas e por ostentar seu estilo de vida nas redes sociais.
Dono da Mascarello Armazéns Gerais Ltda. e da Agropecuária Alto do Sapezal, Raijan Mascarello é um apoiador ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sua postura se tornou amplamente conhecida há cerca de cinco anos, devido a uma série de polêmicas, como exortar empresários a demitir petistas e “esquerdistas”, além do episódio em que uma cachoeira, na região de Tangará da Serra, foi tingida de azul durante um chá revelação.
Nas redes sociais, onde tem mais de 51 mil seguidores, além de ataques ao PT e à esquerda, ele manifesta apoio ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem acredita ser capaz de “banir o comunismo do mundo”. Piloto de corrida de carros, em abril deste ano, ele publicou uma mensagem explicando aos seguidores que não poderá participar das competições em 2024 “por algumas questões pessoais e profissionais”.
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Prejuízos na safra de soja
Na ação em que pede a recuperação judicial, é narrado que o grupo devedor integra um núcleo familiar com forte tradição na atividade agrícola, cuja origem e base operacional estão em Sapezal. A história da família está diretamente ligada à Fazenda Comil, onde a atividade agrícola se consolidou ao longo de mais de duas décadas.
Em 2023, com o objetivo de expandir a atuação para novas regiões produtivas, a família optou por investir em áreas arrendadas em São Francisco do Guaporé (RO), região considerada uma das últimas fronteiras agrícolas do país, mas caracterizada por baixa infraestrutura, logística limitada e alto custo de implantação.
Relatam que, para viabilizar a operação, foi necessário construir uma unidade própria de secagem e armazenagem de grãos, o que exigiu a obtenção de empréstimos junto a instituições financeiras. No entanto, a atuação em Rondônia foi severamente impactada por eventos climáticos extremos.
Na safra 2023/2024, uma estiagem prolongada causou a perda de 2.100 hectares de soja, exigindo replantio. Essas perdas provocaram desequilíbrio imediato no fluxo de caixa, comprometendo a aquisição de insumos e o cumprimento de contratos com fornecedores.
A ação aponta que o patrimônio líquido da família caiu de R$ 45.045.039,00 em 2022 para o valor negativo de -R$ 78.512.436,00 em 2025. A família possui quatro áreas de plantio listadas na ação: Fazenda Comil, Fazenda Comil II, Fazenda Salto do Rio Maracanã e Fazenda São Bento.
O valor total das dívidas é de R$ 180.194.633,00. Entre os principais credores estão grandes instituições financeiras, como Banco do Brasil, Santander, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e Banco ABC Brasil, além de diversos bancos de financiamento de veículos e maquinários agrícolas — como o Banco Volkswagen — e administradoras de consórcios.
A recuperação também inclui credores do setor de venda e revenda de insumos e produtos agrícolas, além de inúmeras dívidas trabalhistas.
A recuperação judicial foi homologada pelo juiz Márcio Aparecido Guedes, da 1ª Vara Cível de Cuiabá – Núcleo de Falência e Recuperação Judicial.
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Helga 19/05/2025
Já não basta o Governo (nós) bancarmos o agro, eles se valem da recuperação judicial pra não pagar seus credores. Mas os veículos novos, mansões e demais ostentações, para esses não falta dinheiro.
1 comentários