KATIANA PEREIRA
DO MIDIANEWS
O agente de aeroporto Gérson Conceição Pires Junior, 27, está com a vida complicada judicialmente, após ter perdido os seus documentos, em setembro de 2008, em Cuiabá.
Ele é acusado de furto, em um processo que tramita na 8ª Vara Criminal da Capital e foi considerado culpado em um processo por receptação de uma moto furtada, na Comarca de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá).
Após a perda do RG e do CPF, outro homem, ainda não identificado, se apoderou dos documentos de Gérson e passou a cometer vários crimes, usando a identidade do agente.
Gerson trabalha na empresa TAM Linhas Aéreas, no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, desde 2008.
Ele ficou sabendo de sua “ficha criminal” quando foi até a Polícia Federal, em abril deste ano, retirar uma certidão negativa para recadastrar o seu crachá funcional.
“Para trabalhar no aeroporto, tenho que possuir ficha limpa. A empresa exige o recadastramento e eu não posso fazê-lo, estou com meu crachá vencido, mudei de turno e de função, por conta da ficha criminal. A empresa não duvida de minha idoneidade, até porque, na época dos crimes, eu estava trabalhando. A situação toda é muito constrangedora”, disse Gérson ao MidiaNews.
Para cumprir a sua função, o trabalhador precisa entrar em áreas restritas do aeroporto e ter acesso direto às aeronaves. Com o vencimento da validade do crachá, ele está desempenhando funções administrativas e trabalhando no turno da noite, que tem menos movimento.
Acusação em Cáceres
Logo após ter tomado conhecimento da ficha criminal, Gérson procurou o advogado Marcos Gattass, para limpar o seu nome e provar a inocência.
Gatass foi até a Comarca de Cáceres e conseguiu um vídeo da audiência de pronúncia e instrução, onde o falso Gérson nega participação no furto de uma moto.
Com a foto do verdadeiro Gérson, cópia do boletim de ocorrência, atestando o extravio dos documentos, extrato do ponto eletrônico da empresa TAM, que mostra a entrada e saída de seu cliente na época do furto, o juiz local entendeu que se tratava de um erro do Judiciário e inocentou o agente. Veja documentos abaixo.
Acusação em Cuiabá
A situação que envolve o falsário utilizando o nome de Gérson Júnior em Cuiabá é um pouco mais complicada do que em Cáceres.
Ele é acusado de ter participado de um furto em uma construção da Ginco Empreendimentos Imobiliários, de onde foram levados fios de cobre e outros materiais.
Segundo o advogado Marcos Gattass, no momento da prisão do falso Gérson, em janeiro de 2012, por descuido, erro ou negligência, a Polícia Civil não fez a identificação do acusado.
O procedimento correto é tirar foto do preso, colher as suas digitais e anexar cópias de seu documento de identidade no auto de flagrante.
“Fui até a Polícia Civil, requeri a documentação, que mostra a identificação do preso e descobri que ela não existe. Queremos acreditar que, pelo menos, na Cadeia do Carumbé, para onde o falso Gérson foi levado ao ser preso, tenham feito foto dele. Aí, fica mais fácil demonstrar a inocência do meu cliente”, explicou o advogado.
Dados na Rede Infoseg
Após ter sido preso em Cáceres, pelo crime de furto, ter comparecido a audiência de pronúncia e instrução, o falso Gérson foi liberado para esperar pelo julgamento em liberdade.
Ocorre que, nesse período, ele fugiu de seu domicílio e, quando condenado, não foi encontrado para ser encaminhado à unidade prisional.
Dessa forma, o nome Gérson Júnor também foi incluído na Rede Infoseg, como condenado e foragido da Justiça.
Infoseg é uma rede que reúne informações de Segurança Pública dos órgãos de fiscalização do Brasil.
A rede tem por objetivo a integração das informações de Segurança Pública, Justiça e fiscalização, como dados de inquéritos, processos, de armas de fogo, de veículos, de condutores e de mandados de prisão.
Ação judicial
O advogado Marcos Gatass informou que, inicialmente, vai trabalhar para provar a inocência de seu cliente e limpar o nome de Gérson Junior, para que ele consiga voltar à sua vida normal e manter-se no emprego.
“Não descartamos a possibilidade de acionar o Estado judicialmente, pelo erro da Polícia Judiciária Civil, que não realizou a correta identificação do falso Gérson, causando transtornos pessoais e a possibilidade de meu cliente perder o emprego”, disse.
Veja documentos que, segundo o advogado Gatass, comprovam a inocência de Gérson Júnior, referente à condenação em Cáceres:
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