AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, marcou as datas para as audiências da ação penal derivada da Operação Sodoma 2 e 3, que tem como réus o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, e outras 14 pessoas. Entre as testemunhas arroladas no processo, há deputados estaduais, federais e um senador.
De acordo com decisão da magistrada, as audiências ocorrerão nos dias 9, 11, 16, 18, 19, 22, 23, 24, 25, 29, 30 e 31 de agosto. Os últimos quatro dias serão reservados para os interrogatórios dos delatores e réus.
A ação investiga suposto esquema de fraudes em licitações e exigência de propina para conceder incentivos fiscais e contratos com o Estado.
Entre as testemunhas arroladas pelos réus, estão os deputados Romoaldo Júnior (PMDB) e Mauro Savi, e o secretário-controlador Geral do Estado Ciro Rodolfo Gonçalves.
Todos eles foram arrolados pelo ex-governador Silval. Por terem prerrogativa de foro de função - por conta dos cargos que ocupam -, poderão escolher entre os dias 18, 19, 22, 23, 24 e 25 de agosto, para prestarem depoimento.
Marcus Mesquita/MidiaJur

A juíza Selma Arruda, que definiu as datas das audiências de ação penal derivada da Operação Sodoma 2 e 3
Selma Arruda também determinou a expedição de carta precatória para que os deputados federais Fábio Garcia (PSB) e Ságuas Moraes (PT), e o senador Wellington Fagundes (PR) sejam ouvidos em Brasília (DF). Os dois últimos foram arrolados pela defesa de Silval. E Garcia, pela de Nadaf.
Por conta da operação, Silval, Nadaf, Cursi e o então chefe de gabinete do ex-governador, Silvio Cezar Araújo, estão presos.
Também são réus na ação: o filho de Silval Barbosa, empresário e médico Rodrigo da Cunha Barbosa; o ex-deputado José Riva; o ex-deputado e prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães; os ex-secretários de Estado José de Jesus Nunes Cordeiro, César Zílio e Pedro Elias; o ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”; a ex-funcionária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; os empresários Tiago Dorileo, Fabio Drumond Formiga, Antônio Roni de Liz e Evandro Gustavo Pontes da Silva; e o ex-servidor público Bruno Sampaio Saldanha.
Sodoma 2 e 3
Segundo a denúncia, assinada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, o grupo era dividido em várias ramificações, e cada uma das ramificações possuía graus hierárquicos.
Silval Barbosa é apontado como o líder da organização, "responsável por articular e coordenar as ações dos demais integrantes". O grupo atuaria exigindo pagamento de propina para conceder incentivos fiscais e para manter contratos de empresas com o Governo do Estado.
Na divisão secundária figuram os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf, Marcel de Cursi, Cezar Zílio e Pedro Elias; o ex-secretário adjunto de Administração, coronel José Jesus Nunes Cordeiro; o ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Correa Araújo; o ex-procurador do Estado Chico Lima; a ex-secretária de Nadaf na Fecomércio, Karla Cintra; e o filho de Silval, o médico e empresário Rodrigo Barbosa.
Destes, Pedro Elias e Cézar Zílio firmaram acordo de colaboração premiada, mas respondem pelos crimes de lavagem de dinheiro, recebimento de propina, constrangimento ou ameaça e fraudes em licitações.
“Os indícios apontam que a organização criminosa atuou de forma perene durante toda a gestão de Silval Barbosa, provocando prejuízo a toda a população mato-grossense, que até hoje arca com as consequências das ações criminosas de seus membros, frente ao sucateamento da máquina administrativa, ausência de investimento em infraestrutura, na saúde, segurança e educação pública, etc”, diz trecho da denúncia.
Já José Geraldo Riva foi denunciado após o depoimento do empresário Paulo Mischur,d a empresa Consignum, alvo da 2ª fase da Sodoma.
Mischur relatou que pagou R$ 17,6 milhões ao grupo liderado por Silval e a José Riva para manter o contrato que tinha com o Estado.
O ajuste da propina, conforme a ação, teria sido feito com a ajuda do empresário Tiago Dorileo, que também é alvo da Operação Ararath.
O grupo também teria exigido R$ 1 milhão da Zetra Soft, do empresário Fábio Drumond, para que a empresa passasse a gerenciar os empréstimos consignados dos servidores – tarefa então feita pela Consignum.
A tratativa, no entanto, acabou não sendo efetivada e o contrato – assim como as supostas propinas pagas para mantê-lo – continuou com a empresa de Mischur.
Também foi denunciado o servidor Bruno Sampaio Saldanha, que atuava no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT).
Ele teria exigido propina para fazer “vistas grossas” ao contrato do empresário Julio Tisuji, da empresa Webtech, que também confessou ter pago valores ao grupo criminoso.
Quanto ao prefeito cassado de Várzea Grande, Walace Guimarães, consta na denúncia que ele ofereceu R$ 1 milhão, em 2012, ao então secretário de Administração, César Zílio, para que o Poder Público pagasse valores a gráficas – por serviços inexistentes ou incompletos - no intuito de levantar dinheiro para pagar custos de campanha.
Entre as gráficas estavam as de propriedade dos empresários Antonio Roni de Luz e Evandro Gustavo Pontes da Silva, igualmente denunciados.
Destes, Pedro Elias e Cézar Zílio firmaram acordo de colaboração premiada e só serão processados pela prática de organização criminosa.
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