AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
O ex-deputado José Riva negou que tenha envolvido o nome da também ex-parlamentar Luciane Bezerra (PSB), no suposto esquema que teria desviado R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa, por motivos políticos.
Em interrogatório à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, no dia 15 de abril, Riva, além de confessar sua participação no suposto esquema, também afirmou que a deputada e outros parlamentares se beneficiaram com dinheiro desviado. O caso é investigado na ação penal derivada da Operação Ventríloquo.
Após ser citada, Luciane Bezerra afirmou que o depoimento “só pode ter a intenção política” de prejudicá-la, uma vez que é pré-candidata à eleição para a Prefeitura de Juara (709 km a Médio-Norte de Cuiabá) e, provavelmente, deve enfrentar na campanha o ex-prefeito do Município, o pré-candidato Priminho Antônio Riva (PP), que é irmão de José Riva.

Meu irmão talvez nem seja candidato. Não tenho mais nada a ver com isso. Não quero saber mais de política
Nesta quarta-feira (27), após audiência do Fórum da Capital, Riva rebateu a alegação.
“Meu irmão talvez nem seja candidato. Não tenho mais nada a ver com isso. Não quero saber mais de política”, declarou.
Ainda sobre sua confissão, o ex-parlamentar destacou que decidiu falar a verdade e não cometer injustiças.
“Quando tomei a decisão, decidi não fazer as coisas pela metade. E por isso tomei a decisão de fazer a confissão. Quem quiser falar uma versão diferente, pode falar. Mas lá na frente vai ver que é verdade”, afirmou.
“Quando você é injusto com alguém, pesa. Mas quando se fala a verdade, não vai pesar”, completou.
Confissão
À juíza Selma Arruda, José Riva confessou que indicou parte das contas usadas para o “retorno” dos R$ 9,4 milhões supostamente desviados da Assembleia Legislativa e prometeu devolver R$ 700 mil.
O ex-deputado também declarou que que só ficou sabendo do “acordo” para a concessão indevida de créditos ao então advogado do HSBC e delator do esquema, Joaquim Fábio Mielli Camargo, após o pagamento já ter sido liberado, em 2014, pelo então presidente da Casa, deputado Romoaldo Júnior.
“Não pedi nenhuma porcentagem. Fui comunicado que já havia sido feito o acordo. Depois, Romoaldo me comunicou que, no acordo, seriam devolvidos 45%. Falou que, se eu tivesse alguma conta a pagar, eu poderia falar para ele”, afirmou.
Em lágrimas, Riva justificou que resolveu falar o que sabia, em razão de “não suportar mais” carregar a carga da denúncia em suas costas.
“Não é justo que eu passe como líder de uma coisa que eu não fui", disse.
O ex-deputado afirmou que irá colaborar para o esclarecimento dos fatos, e pediu mais tempo para buscar documentos que provem o que ele contou no interrogatório.
"Quando decidi pela confissão, minha intenção era contribuir. Não teria motivo para vir aqui fazer uma confissão meia boca", disse.
"Não vou poupar ninguém pela verdade. O que for meu, eu vou assumir. Não vou jogar a culpa em ninguém", afirmou.
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