DOUGLAS TRIELLI E CAMILA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos, classificou como “risíveis” as especulações sobre uma suposta negociação entre o Judiciário e a Assembleia Legislativa para soltura do deputado estadual Mauro Savi (DEM), preso desde maio sob suspeita de ser um dos maiores beneficiados do esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro descoberto no Detran, na ordem de R$ 30 milhões.
As hipóteses surgiram logo após Ramos se encontrar com o presidente do Legislativo, deputado Eduardo Botelho (DEM), no final da tarde de segunda-feira (04).
“Eu vejo isso como risível. Eu não sei quem cria uma coisa dessas. Não tenho o que dizer, porque é absurda [a alegação]”, resumiu o desembargador, ao conversar com a reportagem na manhã desta terça-feira (05).
Segundo as especulações, Ramos teria defendido no encontro a apreciação de mensagens de interesse do Judiciário, entre elas a que cria cargos no quadro funcional da Primeira Instância do TJMT; a que altera o valor do auxílio-saúde dos servidores; a que prevê o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA; e a que altera o valor do auxílio-alimentação dos magistrados, entre outros.
Vejo isso como risível. Eu vi isso. É risível uma coisa dessas. Eu não sei quem cria uma coisa dessas. Não tenho o que dizer, porque é absurda
Os projetos estão travados na Assembleia no mesmo momento em que os parlamentares se articulam para realizar a votação em plenário a respeito da manutenção ou não da prisão preventiva de Savi. Com a aprovação, ficaria a cargo de Rui Ramos expedir o alvará de soltura.
Entretanto, segundo o presidente do Tribunal de Justiça, o encontro com Botelho serviu para discutir o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019, enviada ao Legislativo pelo governador Pedro Taques (PSDB) na semana passada.
“Só falamos sobre a questão da LDO, que foi encaminhada pelo governador. Naturalmente temos que fazer uma análise pormenorizada. E tratamos somente desse assunto. Ainda não tinha conhecimento da LDO, que foi encaminhada recentemente. E trabalhamos inicialmente nos estudos preliminares dela”, afirmou.
“Bônus”
A segunda fase da Operação Bereré, batizada de Bônus, é coordenada pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco/Criminal) e pelo Gaeco.
A ação apura um esquema que pode ter desviado R$ 27 milhões por meio de um contrato do Detran com a empresa EIG Mercados.
Foram alvos: o deputado estadual Mauro Savi, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, os empresários Roque Anildo Reinheimer e Claudemir Pereira dos Santos, proprietários da Santos Treinamento, empresa que, segundo as investigações, era usada para lavagem do dinheiro desviado do órgão.
Em Brasília (DF), os policiais prenderam o empresário José Kobori, ex-diretor-presidente da EIG Mercados, apontada pelo Gaeco como pivô do suposto esquema. Já o advogado Pedro Jorge Zamar Taques, irmão de Paulo Taques, se apresentou ao Gaeco.
A operação é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas.
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