AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
O secretário Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), Odenil Rodrigues de Almeida, voltou a confessar que teve sua conta bancária usada, em 2014, para o depósito de R$ 50 mil. O dinheiro, segundo ele, foi repassado ao então procurador jurídico do Poder, Anderson Godoi.
Ele foi ouvido como testemunha na ação penal derivada da Operação Ventríloquo, na tarde desta quinta-feira (23). O depoimento foi dado à juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O depósito teria relação com o suposto esquema investigado na Operação Ventríloquo, que teria desviado R$ 9,4 milhões da Assembleia, por meio de pagamentos indevidos ao então advogado do HSBC e delator dos crimes, Joaquim Fabio Mielli Camargo.
Odenil Almeida foi convocado pela magistrada, após ter prestado depoimento espontâneo ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), no último dia 19 de maio.
Ele reafirmou que, no dia 25 de fevereiro de 2014, seu então chefe e secretário geral da Assembleia, Luiz Pommot, pediu seus dados bancários para depositar um dinheiro, “tendo especificado que seria R$ 50 mil”.
O servidor revelou que resolveu procurar a instituição, após a imprensa noticiar que o ex-deputado José Riva, réu na ação penal, afirmar que ele havia recebido em sua conta bancária o valor de R$ 50 mil.
“Fiquei sabendo pela imprensa que o ex-deputado José Riva citou que tinham depositado R$ 50 mil em minha conta. Fui ao banco, que me informou que o deposito tinha sido feito pelo advogado Joaquim Mielli”, afirmou.
“No dia 25 de fevereiro de 2014, Marcio Pommot, que era secretário geral da Casa, pediu o número da minha conta e no outro dia saquei e entreguei para Anderson Godoi”, completou.
De acordo com o servidor, ele teve medo de perder o emprego, caso se negasse a “emprestar” sua conta para que o valor fosse depositado.
“Só cedi a conta, pois sou pai de família. Tenho dois filhos e tinha medo de perder o meu emprego”, disse.
“Anderson [Godoi] me procurou nos corredores da Assembleia e me disse que os R$ 50 mil eram dele. Eu perguntei ao Marcio [Pommot] e ele confirmou que o dinheiro era do Anderson”, declarou.
Odenil Almeida esclareceu que sacou o dinheiro no dia 26 de fevereiro e entregou o valor, em cédulas, diretamente a Anderson Godoi.
Ao promotor de Justiça do Gaeco, Marcos Bulhões, ele afirmou que não tinha “noção” do que se tratava o dinheiro, depositado em sua conta.
Indicação de Maluf
Odenil Almeida ainda declarou que entrou na Assembleia Legislativa por indicação do deputado estadual Guilherme Maluf, atual presidente da Mesa Legislativa da Casa de Leis.
“Entrei, pelo gabinete do deputado Guilherme Maluf. Depois fui para a 1ª Secretaria, de 2008 a 2015. Ele me indicou por acreditar que sou uma pessoa correta”, disse.
Odenil Almeida também revelou que atualmente trabalha no Hospital Santa Rosa, que tem o deputado como um dos diretores.
“Trabalho como auxiliar administrativo, no período noturno”, declarou.
O servidor esclareceu ainda que não foi ameaçado por Luiz Pommot, mas que “temeu” ser prejudicado, caso não atendesse a solicitação.
Atualmente, ele declarou que atua em setor ligado direto a Mesa Diretora, presidida por Maluf.
Em seu depoimento, ele disse que ainda tem medo de perder o seu emprego.
“Devido à mídia, estou com medo de perder meu emprego. Pois, foi citado meu nome nessa operação. Ainda temo atualmente”, disse.
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